terça-feira, 21 de abril de 2009

Biscaia na CPI do Grampo

::

Por jeronimo:

Nassif,

este vídeo onde DD é questionado pelo ilustre deputado Biscaia - na cpi dos amigos de dantas - mostra qual a influência que este fora- da- lei exerce no Brasil. Seus leitores merecem assisti-lo. Estarrecedor!!!!

Por Guilherme Hanesh:

Tem alguma coisa estranha com essa história do conflito entre os seguranças da Fazenda Espírito Santo, controlada pela Agropecuária Santa Bárbara (de Daniel Dantas e Carlos Rodenburg) e os integrantes do MST.

A primeira coisa é a falta de informações precisas sobre quem fez o que. As primeiras notícias falavam na existência de reféns, mas não falavam de que lado. Hoje apareceram as reportagens da TV Liberal, afiliada da TV Globo no Pará, também com uma narrativa meio confusa, na minha opinião.

Clique aqui para ler

Os fatos que chamam a atenção:

1) O repórter e o cinegrafista da TV Liberal estavam dentro da fazenda quando houve o conflito. Tanto é que filmam tudo a partir da ótica dos seguranças, protegidos pela caminhonete da fazenda.

2) De fato, aparecem integrantes do MST caminhando em direção a uma porteira, e em seguida depredando um Fiat Uno. O Fiat estava atravessado, bloqueando a passagem.

3) As primeiras imagens mostram os integrantes do MST marchando. A câmera parece estar junto com eles. Em seguida, novas imagens, dessa vez a câmera está do outro lado da cerca, observando a chegada dos manifestantes.

4) As cenas do tiroteio são fortes. É possível ver apenas seguranças atirando. É clara a intenção de atingir. A mira é direta e os disparos são em direção aos manifestantes, não para cima, como advertência. Algumas das armas são de grosso calibre.

5) O saldo são sete sem-terras e um segurança feridos. Um dos sem-terra leva quatro tiros e está em estado grave.

6) Nas imagens seguintes, é possível ver seguranças mantendo sem-terra feridos, no chão, sob mira.

7) A reportagem diz que os repórteres da TV Liberal foram usados como escudos humanos pelos sem-terra e impedidos de deixar a fazenda pelo movimento. Em entrevista, contudo, o cinegrafista fala apenas de sua coragem ao continuar filmando durante o tiroteio.

8) Os sem-terra dizem que tentaram invadir a sede da fazenda porque havia um integrante mantido refém. Os seguranças negam.

9) A contextualização que existe é no sentido de imputar ao governo do Pará a responsabilidade pelo conflito, ao não fazer cumprir as ordens de desocupação.

10) Fica a impressão que quem editou a matéria tinha imagens fortes e importantes, mas não tinha a menor idpeia de que história contar.

Por Marco Antonio:

Repasso e-mail recebido de meu pai, sobre o episódio dos Seguranças de Dantas e os Sem-Terra, cuja fonte ele absteve de comentar:

” Em relação ao episódio na região de Xinguara e Eldorado de Carajás, no sul do Pará, há que se esclarecer que os trabalhadores rurais acampados foram vítimas da violência da segurança da Agropecuária Santa Bárbara. Os sem-terra não pretendiam fazer a ocupação da sede da fazenda nem fizeram reféns. Nenhum jornalista nem a advogada do grupo foram feitos reféns pelos acampados, que apenas fecharam a PA-150 em protestos pela liberação de três trabalhadores rurais detidos pelos seguranças. Os jornalistas permaneceram dentro da sede fazenda por vontade própria, como sustenta a Polícia Militar. Esclarecemos também que:

1- No sábado (18/4) pela manhã, 20 trabalhadores sem-terra entraram na mata para pegar lenha e palha para reforçar os barracos do acampamento em parte da Fazenda Espírito Santo, que estão danificados por conta das chuvas que assolam a região. A fazenda, que pertence à Agropecuária Santa Bárbara, do Banco Opportunity (de Daniel Dantas) está ocupada desde fevereiro, em protesto que denuncia que a área é devoluta. Depois de recolherem os materiais, passou um funcionário da fazenda com um caminhão. Os sem-terra o pararam na entrada da fazenda e falaram que precisavam buscar as palhas. O motorista disse que poderia dar uma carona e mandou a turma subir, se disponibilizando a levar a palha e a lenha até o acampamento.

2- O motorista avisou os seguranças da fazenda, que chegaram quando os trabalhadores rurais estavam carregando o caminhão. Os seguranças chegaram armados e passaram a ameaçar os sem-terra. O trabalhador rural Djalme Ferreira Silva foi obrigado a deitar no chão, enquanto os outros conseguiram fugir. O sem-terra foi preso, humilhado e espancado pelos seguranças da fazenda de Daniel Dantas.

3- Os trabalhadores sem-terra que conseguiram fugir voltaram para o acampamento, que tem 120 famílias, sem o companheiro Djalme. Avisaram os companheiros do acampamento, que resolveram ir até o local da guarita dos seguranças para resgatar o trabalhador rural detido. Logo depois, receberam a informação de que o companheiro tinha sido liberado. No período em que ficou detido, os seguranças mostraram uma lista de militantes do MST e mandaram-no indicar onde estavam. Depois, os seguranças mandaram uma ameaça por Djalme: vão matar todas as lideranças do acampamento.

4- Sem a palha e a lenha, os trabalhadores sem-terra precisavam voltar à outra parte da fazenda para pegar os materiais que já estavam separados. Por isso, organizaram uma marcha e voltaram para retirar a palha e lenha, para demonstrar que não iam aceitar as ameaças. Os jornalistas, que estavam na sede da Agropecuária Santa Bárbara, acompanharam o final da caminhada dos marchantes, que pediram para eles ficarem à frente para não atrapalhar a marcha. Não havia a intenção de fazer os jornalistas de “escudo humano”, até porque os trabalhadores não sabiam como seriam recebidos pelos seguranças. Aliás, os jornalistas que estavam no local foram levados de avião pela Agropecuária Santa Bárbara, o que demonstra que tinham tramado uma emboscada.

5- Os trabalhadores do MST não estavam armados e levavam apenas instrumentos de trabalho e bandeiras do movimento. Apenas um posseiro, que vive em outro acampamento na região, estava com uma espingarda. Quando a marcha chegou à guarita dos seguranças, os trabalhadores sem-terra foram recebidos a bala e saíram correndo – como mostram as imagens veiculadas pela TV Globo. Não houve um tiroteio, mas uma tentativa de massacre dos sem-terra pelos seguranças da Agropecuária Santa Bárbara.

6- Nove trabalhadores rurais ficaram feridos pelos seguranças da Agropecuária Santa Bárbara. O sem-terra Valdecir Nunes Castro, conhecido como Índio, está em estado grave. Ele levou quatro tiros, no estômago, pulmão, intestino e tem uma bala alojada no coração. Depois de atirar contra os sem-terra, os seguranças fizeram três reféns. Foram presos José Leal da Luz, Jerônimo Ribeiro e Índio.

7- Sem ter informações dos três companheiros que estavam sob o poder dos seguranças, os trabalhadores acampados informaram a Polícia Militar. Em torno das 19h30, os acampados fecharam a rodovia PA 150, na frente do acampamento, em protesto pela liberação dos três companheiros que foram feitos reféns. Repetimos: nenhum jornalista nem a advogada do grupo foram feitos reféns pelos acampados, mas permaneceram dentro da sede fazenda por vontade própria. Os sem-terra apenas fecharam a rodovia em protesto pela liberação dos três trabalhadores rurais feridos, como sustenta a Polícia Militar.”

Há que se investigar não apenas o tal embate, mas o fato de seguranças de Dantas terem ” guarita” na região. Se a terra que ele utilizava ( que é do governo do Pará) foi ocupada, ele não tem posse nenhuma na região. Assim, com base em que ele construiu guaritas por ali? Outra coisa: há que se inquirir sobre o porte de armas dos seguranças, além da pergunta óbvia: para que eles foram contratados? Não foi para vigiar a fazenda? Se esta foi tomada ( e agora só a Justiça pode decidir sobre seu destino), sua função não existe mais. Logo, não podem utilizar armamentos livremente, constituindo tal utilização porte ilegal de armas. E a existência de um grupo de seguranças armados sem qualquer serventia ( Dantas não mora por ali, a propriedade não está sob a posse dele, protegem quem?) caracteriza formação de milícia, totalmente proibida pela Constituição Federal. Comprovado o sequestro do sem-terra, ameaças e/ou torturas, bem como a iniciativa do tiroteio, caracteriza-se também o crime de formação de quadrilha, além dos cometidos por ela. Não é a lei estrita que deve ser obedecida. Pois é, ative-me aos aspectos materiais e formais da conduta dos ” seguranças” ( a ditabranda chamava civis armados de "terroristas").

Fonte: Luis Nassif Online

::


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: