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por Leonardo Sakamoto
“Eu tenho conversado com o presidente Lula no sentido de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas. Seria algo temporário, para ajudar a ganhar tempo enquanto essa fase difícil não passa.” A frase é do presidente da Vale, Roger Agnelli, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo de hoje. “Estamos conversando com os sindicatos também. O governo e os sindicatos precisam se convencer da necessidade de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas: suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim, em caráter temporário.”
Na prática, a Vale deu provas de que já coloca esse discurso em prática. Um exemplo são os processos de dezenas de milhões de reais contra a empresa na Justiça do Trabalho do Pará.
Se ela lutasse para sobreviver, poderíamos até entender a fala de Agnelli. Mas para uma gigante que teve lucro líquido de R$ 20,006 bilhões em 2007 e de R$ 13,431 bilhões em 2006, essa declaração é um tapa na nossa cara. Reduzir direitos…para garantir os lucros dos acionistas?
Em momentos de crise como esse é que direitos trabalhistas e sociais têm que ser reafirmados, garantidos, universalizados e não o contrário. Pois é nesta hora que a população que sobrevive apenas de seu salário está mais fragilizada. E é em momentos como esse que sabemos quem é socialmente responsável. As empresas sérias se sobressaem, diante daquelas que desejam se aproveitar do momento.Alguém acredita, sinceramente, que uma vez retirados, esses direitos voltarão a ser garantidos?
Uma sugestão para Roger Agnelli: há uma discussão entre setores do governo federal e do Congresso no sentido de reduzir a jornada de trabalho, mantendo o salário igual - movimento que acontece hoje em várias partes do mundo. Que tal irmos nessa direção e não ladeira abaixo?
Fonte: Blog do Sakamoto
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