terça-feira, 16 de dezembro de 2008

No Iraque, chovem sapatos contra militares dos EUA

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por Wálter Fanganiello Maierovitch
Especial para Terra Magazine

Novas Sapatadas.

O radical religioso anti-EUA, Moqtada al Sadr, que não quer esperar até 2011 para ver as invasoras tropas norte-americanas fora do Iraque, acabou de reunir uma multidão na chamada Sadr City.

A meta é emprestar solidariedade a Montasser al Zaidi, jornalista xiita de 28 anos que arremessou os seus sapatos contra Bush durante a coletiva de ontem no Iraque. Além dos sapatos atirados, Montasser Zaidi chamou W. Bush de "cachorro" - o que, entre os islâmicos, é considerado animal impuro.

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Montasser al Zaidi trabalha como correspondente para o canal de televisão Al-Baghdadiva, do Cairo.

Na manifestação em Sadr City, os participantes arremessaram sapatos contra veículos militares norte-americanos. E, para observadores, jogar sapatos contra alvos norte-americanos vai virar esporte nacional no Iraque.

Zaidi, depois do episódio, foi detido e submetido a exame psiquiátrico. Ele será acusado de crime de ultraje a um chefe de estado estrangeiro em visita ao país. A pena mínima prevista para tal crime chega a dois anos de prisão.

Cerca de 200 advogados iraquianos protestam defronte ao Parlamento. Khalil al-Dulaymi, antigo advogado de Saddan Hussein, já ofereceu os seus préstimos profissionais para defender o jornalista Montasser al Zaidi.

O ex-advogado de Saddam já cunhou a tese defensiva. Para ele, não há crime, mas legítima defesa, pois os EUA invadiram e ocupam o Iraque. Em face disso, toda a resistência torna-se legítima. Até o arremesso de sapatos contra o chefe do estado agressor.

Até o momento, nenhuma acusação formal foi feita contra o jornalista.

O exemplo de Sadr City, está sendo seguido na cidade de Najaf, com uma multidão em praça pública.

PANO RÁPIDO. A jogada de mídia de Bush não deu certo. Conseguiu fazer um novo herói, Montasser al Zaidi, e criar novas revoltas. Talvez o novo presidente Obama tenha, como prometeu em campanha, de antecipar a saída do Iraque, isto sem ousar pensar em deixar bases-militares.

Wálter Fanganiello Maierovitch é colunista da revista CartaCapital e presidente do Instituto Giovanni Falcone (www.ibgf.org.br).

Fonte: Terra Magazine

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