O Brasil a um passo da ditadura | |
Michael Deaver, mago do marketing político que serviu ao "Grande Comunicador", o ex-ator Ronald Reagan, dizia que pouco importavam as palavras ditas em uma reportagem de televisão. Para ele, as imagens eram tudo. Por isso, todas as aparições públicas de Reagan eram minuciosamente organizadas, colocando o presidente na luz "boa" para os fotógrafos, em cenários que combinavam com o gosto "frugal" dos eleitores. Com blocos de feno ao fundo, por exemplo, quando Reagan aparecia em seu rancho do Texas vestido de cowboy. Lesley Stahl, repórter da rede americana CBS que fez uma reportagem a respeito, nos anos 80, relatou que Deaver considerava o conteúdo dos discursos de Reagan menos importante que a imagem que ele projetava. Por isso, o presidente pouco falava de improviso. Quando não usava um teleprompter, aquele aparelho que reflete o texto e dá a impressão de que o discurso é de memória, Reagan levava nas mãos uns cartões brancos com o resumo dos pontos sobre os quais deveria falar. O jornal O Globo parece avançar na mesma direção, ao oferecer, na primeira página, uma foto-montagem de como ficaria a paisagem do Rio de Janeiro se não fosse combatida, com a ajuda da polícia, a expansão das favelas cariocas. Trata-se de jornalismo de suposição, o testando hipóteses transportado do telejornalismo para o jornal impresso. Eu sou contra a destruição das florestas do Rio e contra a especulação imobiliária. Mas não me lembro de ter visto o jornal carioca fazer campanha quando o triângulo da construtora Gomes de Almeida Fernandes aparecia em três de cada três obras em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ou seja, o Globo é seletivamente contra a especulação imobiliária. Se for dos ricos, tudo bem. Se for dos pobres, polícia neles. As Organizações Globo são especialistas no ramo de misturar realidade e ficção. De acordo com o diretor de arte da revista Época, ele recebeu da chefia a orientação para fazer uma capa em que Hugo Chávez aparecesse com rosto "ameaçador", embora o empregado - quero dizer, colaborador - da revista tenha considerado isso um desafio, dado que, nas palavras dele, Chávez tem cara de bonachão. O colaborador se vangloriou de ter produzido, com efeitos especiais, a capa acima, para combinar com a frase mentirosa: "Por que o crescente poderio bélico de Hugo Chávez é uma ameaça à liderança brasileira". A Época simplesmente desconheceu o ranking de poderio militar da América do Sul, que coloca a Venezuela atrás do Brasil, do Chile e da Colômbia. Fez de conta que não sabe que o Chile é armado pelos Estados Unidos e que os militares chilenos dispõem de um orçamento independente do governo, garantido pela Lei Secreta do Cobre, que destina um percentual do que o país ganha com as exportações do mineral para os gastos militares. Desconheceu que a Colômbia fabrica seus próprios blindados, que é o país que tem o maior número de helicópteros Apache do continente e assessoria contínua de militares americanos em várias bases do país. Fez de conta que não soube da tentativa da Colômbia de importar tanques pesados da Europa, que não seriam úteis a não ser num combate de fronteira com a Venezuela. Merval Pereira produziu a seguinte pérola, ao comemorar a derrota da renovação da CPMF: "Teria sido superada (em caso de vitória do governo) a última barreira política que separa a nossa hiperpresidência da ditadura." Hiperpresidência? Por causa da popularidade do Lula? Não foi o Fernando Henrique Cardoso que, com apoio do Partido da Mídia, investiu pesado e conseguiu aprovar a reeleição? Ditadura? Ele está dizendo que os brasileiros não têm liberdade de imprensa, de manifestação, de reunião, de comércio, de movimento, de botar mulher pelada na televisão às oito da noite? Em que planeta vive esse personagem? No primo paulista do Globo, o Estadão, é o mesmo rema-rema. Diante das afirmações do presidente Lula, corretas, de que a Venezuela vive uma democracia plena - com 12 processos eleitorais cujos resultados foram respeitados, desde 1998 - José Álvaro Moisés afirma: "A situação justifica as preocupações com o futuro da democracia." Lógico que preocupa. Vai preocupar enquanto faltarem votos aos tucanos. Quando eles enfim reconquistarem o Palácio do Planalto, estará restabelecida a democracia. Em outras palavras, mais de um ano depois da eleição de 2006 eles ainda não se conformam com o resultado, com a decisão da MAIORIA. Ao lado de Moisés, Ipojuca Pontes se dedica a praticar o macarthismo tropical, ao lembrar que a diretora-presidente do que ele chama de "TV do Lula" é "ex-integrante da facção Convergência Socialista (de orientação trotskista) que trabalhou, nos anos 70, pela fundação do PT. E para ficar à frente da diretoria-geral da empresa foi nomeado o cineasta Orlando Sena, que, por sua vez, dirigiu a Escuela Internacional de Cine y Televisión de Cuba, na localidade de San Antonio de los Baños, a 30 km de Havana." Será que ele foi consultar alguma ficha do velho Departamento de Ordem Política e Social? Ou os arquivos da CIA? Poderia ter dito que o ex-ministro Antonio Palloci foi da tendência trotskista Liberdade e Luta, assim como o jornalista Paulo Moreira Leite, que saiu da revista Época para o governo de José Serra. Mas não fala. É que esses ex-trotskistas 'estão em casa'. O mais engraçado - ou trágico - de tudo isso é o trecho do artigo que o Estadão decidiu destacar: "O risco (da TV pública) é virar mais um instrumento ideológico a serviço do pensamento único." É o máximo do cinismo acusar os outros da prática que é cotidiana na mídia brasileira: o discurso consistente de que todos os problemas são federais e de que não há problemas estaduais ou municipais. A prática do compadrio, através da qual o comentarista da CBN diz as mesmas coisas no Estadão e no Jornal da Globo; a comentarista da Globonews se repete na CBN e no UOL; e o psicanalista da Folha dá dica para o diretor da TV Globo sobre um livro didático subversivo que merece ir para a fogueira. Só rindo... Por Luiz Carlos Azenha - fonte: http://viomundo.globo.com |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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