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Quando coloquei os pés nos Estados Unidos como correspondente da TV Manchete, em 1985, o país já estava em guerra. Guerra contra as drogas, lançada pelo governo Reagan para justificar os investimentos militares e, mais tarde, o Plano Colômbia, através do qual a Colômbia foi militarizada e tornou-se consumidora de equipamento militar americano financiado com dinheiro público americano. Mais de vinte anos se passaram. O tráfico está aí, tão ou mais forte que antes. O governo do Panamá foi derrubado, sob a alegação de que o ex-agente da CIA, Manuel Noriega, era aliado dos traficantes. Desde 1985 os americanos se envolveram em quatro grandes guerras: uma para ajudar Saddam Hussein a derrubar o regime teocrático do Irã, outra para expulsar o ex-aliado do Kuwait, uma terceira para livrar o mundo do terrorismo no Afeganistão e a mais recente para ocupar o Iraque e livrar o país de armas de destruição em massa que não estavam lá. O cálculo aproximado é de que os Estados Unidos já tenham gasto mais de U$ 2 trilhões de dólares no Afeganistão e no Iraque. E a situação política e militar em ambos é bastante precária. No Afeganistão o cultivo da papoula para produzir heroína está em alta. Osama bin Laden não foi capturado. O necrológio do governo Bush será longo e doloroso, tanto para o mundo quanto para a democracia americana. Quem é que não perdeu dinheiro nessa brincadeira? O complexo industrial-militar. Dizem que essa frase é coisa de esquerdista. Mentira. Ao deixar o poder Dwight Eisenhower fez um famoso discurso em que deu um alerta aos americanos: se o poder dos fabricantes de armas não fosse colocado em xeque pelos cidadãos, o complexo industrial-militar - a frase foi dita literalmente por ele - destruiria a democracia americana. Ninguém parece ter forças para enfrentar a máquina da guerra permanente. As empresas fabricantes de armas distribuíram suas filiais por todos os estados americanos e têm presença na maioria dos distritos eleitorais. O congressista pode até ser contra a ocupação do Iraque, mas se falarem em cortar o orçamento do Pentágono e isso tiver impacto na taxa de emprego local o deputado ou senador chia. Temos agora a guerra contra a imigração ilegal. Guerra, mesmo. Diante de um quadro social bastante complicado no México, como tive a oportunidade de testemunhar numa recente visita ao país - naquela, em que me bateram a carteira no metrô da Cidade do México - o governo mexicano parece ter adotado a postura de "militarizar" o enfrentamento dos problemas sociais. Não é feito diretamente, claro. É feito em nome de combater a escalada do crime e a imigração ilegal. O Plano México, bancado com dinheiro público americano, prevê que os mexicanos comecem a combater os imigrantes já na fronteira com a Guatemala. Além da Venezuela, onde o "partido do exército" tem muito poder, há um governo fortemente militarizado na Colômbia e outro a caminho, no México. O mais espantoso é que um dos candidatos à Casa Branca, o republicano Mike Huckabee, disparou nas pesquisas e adotou um discurso em que dá pistas de que reduziria o controle dos civis sobre as ações militares americanas. Ou seja, está disposto a abdicar de vez da fiscalização que se exerce sobre o Pentágono por agências de caráter civil, que é cada vez mais mambembe. O próximo passo será botar um quepe na mesa do ocupante do salão Oval. Por Luiz Carlos Azenha - fonte: http://viomundo.globo.com |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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