sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Cristina Kirchner: Política de Bush para o continente "é lixo" - por Luiz Carlos Azenha - fonte: http://viomundo.globo.com


Cristina Kirchner: Política de Bush para o continente "é lixo"






"Sou mulher, mas não vou deixar que me pressionem. Teremos relações de amizade com todos os países latinoamericanos, inclusive com a República Bolivariana da Venezuela. Alguns querem mais que países amigos, querem empregados e subordinados. Permitam-me, nesta manhã de lixo concreto, falar de outros lixos, que não indicam crescimento nem desenvolvimento. É o lixo da política internacional, que tragicomicamente mostra a involução do desenvolvimento e da seriedade nas relações internacionais. É preciso aprofundar e ampliar o Mercosul. Vamos trabalhar fortemente pela construção e instrumentação do Banco do Sul".

São declarações da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, durante a inauguração de um projeto ligado à coleta de lixo. Pouco antes, o chefe-de-gabinete dela, Alberto Fernández, acusou abertamente os Estados Unidos de montarem "uma operação de inteligência".

Ele se referia à captura, na Argentina, do empresário venezuelano-americano Guido Antonini Wilson, que foi preso com 800 mil dólares em uma maleta durante a campanha eleitoral. Guido está nos Estados Unidos, aparentemente sob proteção do governo. O FBI prendeu cinco pessoas em Miami e as acusou de atuarem como agentes da Venezuela em conexão com Antonini. A acusação que se faz é de que Antonini teria agido como intermediário de uma contribuição de 800 mil dólares do governo Chávez à campanha eleitoral de Cristina Kirchner.

Tenho escrito aqui, faz tempo, que os Estados Unidos já disseram, através da secretária de Estado Condoleezza Rice, quais são os governos que aceitam na América Latina e quais os que não aceitam. Entre os "inaceitáveis" estão os da Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela e Nicarágua.

Depois da campanha internacional movida pela mídia contra Hugo Chávez, sem precedentes; depois da derrota de Chávez no referendo aprovatório das mudanças constitucionais; depois de tudo isso o ex-ministro das Relações Exteriores do México, Carlos Castañeda, um campeão do neoliberalismo, escreveu um artigo na revista Newsweek afirmando que Chávez tentou fraudar os resultados do referendo, citando "uma fonte de inteligência" sem dizer qual. O assunto tinha sido publicado inicialmente pelo jornal El Nacional, uma espécie de O Globo venezuelano. Agora os Estados Unidos prendem supostos agentes venezuelanos em Miami com o claro objetivo de causar embaraços internacionais para Hugo Chávez e Cristina Kirchner.

Já pensou se a gente fosse prender os agentes americanos que andam por aí incentivando golpes e derrubadas de regimes?

Notaram como a campanha segue? É uma campanha que tem o claro objetivo de dividir para governar, lançando dúvidas sobre o Mercosul, tentando jogar a Venezuela contra a Argentina e vice-versa. Derrubar Evo Morales é outro objetivo dessa mesma campanha, que vem sendo feita através de entidades "civis" locais bancadas pelo governo Bush.

O Brasil vai vender mais de U$ 4 bilhões para a Venezuela este ano. No entanto, a mídia brasileira se entregou de corpo e alma à defesa da não-adesão da Venezuela ao Mercosul, com apoio da UDN e do PSD. Aliás, da coligação DEM/PSDB. A quem interessa isso? Aos Estados Unidos e a seus aliados locais: TV Globo, Estadão, Veja, Folha de S. Paulo e todos aqueles que, nas bancas, representam os interesses políticos e econômicos associados aos Estados Unidos.

O problema do governo Bush e de seus aliados locais é que existe uma eleição americana a caminho, em 2008. Antes da derrota a política externa de Bush fará tudo o que estiver a seu alcance para barrar o Mercosul e a integração regional, uma vez que ainda considera este o quintal em que ninguém tem direito de agir de forma soberana.

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