quarta-feira, 29 de julho de 2009

Farofa Brasileira - amanhã, quinta, 30/07 a partir das 21h

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Nessa quinta vai rolar a terceira edição da festenha Farofa Carioca, na qual estou dividindo a djeiagem com o mister simpatia Paulo Cabral e com o MP e seu set eletronico brasileirissimo. Maiores detalhes na filipeta! Vamos dançar com musica brasileira da boa? Espero vocês lá.

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terça-feira, 28 de julho de 2009

Lula teme Aécio como candidato à presidência

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do Correio Braziliense

Planalto avalia que seria mais fácil vencer de Serra, já que teme crescimento do governador de Minas em função de sua boa relação com o PMDB e a esquerda e capacidade de articulação
Daniel Pereira - Correio Braziliense
Brasília – Não são apenas o DEM e uma parcela dos tucanos que estão preocupados com a demora do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para assumir, em público, sua pré-candidatura à Presidência da República. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros da coordenação política monitoram os humores de Serra, sobretudo a possibilidade de ele desistir da corrida ao Palácio do Planalto. Para Lula, o ideal é a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, enfrentar o paulista em 2010. Afinal, seria mais fácil a “mãe do PAC” vencê-lo do que derrotar o governador Aécio Neves, o outro presidenciável do PSDB.
“A Dilma chegou a 20% das intenções de voto. Já está bom. Vamos torcer para ela não subir mais até o fim do ano. Assim, o Serra não desiste”, diz, num misto de seriedade e brincadeira, um dos ministros mais influentes do governo. Os boatos sobre a desistência do governador, que tentaria a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, correm os meios empresarial e político paulistas, com repercussões nos bastidores de Brasília. Em público, no entanto, ninguém admite tal possibilidade.
Apesar de aparecer com pelo menos 40% nas pesquisas de intenção de voto, Serra é considerado por Lula um concorrente menos difícil de ser batido devido, entre outros, às alianças que fechará no próximo ano. Mantido o cenário atual, ele marchará ao lado do DEM e do PPS. Fechará uma coligação pequena, formada pelos oposicionistas mais ferrenhos, os quais, segundo auxiliares de Lula, não têm votos e estão perdendo espaço eleição após eleição.
Aécio tem cerca de 15% da preferência do eleitorado, de acordo com pesquisas recentes. Mas, segundo governistas, conta com trunfos para dar uma arrancada em 2010. Neto do ex-presidente Tancredo Neves (PMDB), ele seria capaz de encerrar o noivado dos peemedebistas com Dilma e fechar uma parceria com o maior partido do país. Aécio também mantém ótima relação com legendas de esquerda. São frequentes as aparições públicas do governador ao lado do deputado federal Ciro Gomes (CE), pré-candidato do PSB à Presidência.
Lula quer tirar Ciro da disputa presidencial. Assim, espera que os votos dele migrem para Dilma. Essa transferência é dada como certa caso o adversário seja o governador de São Paulo, José Serra. Se for Aécio, a situação muda. Na semana retrasada, o governador mineiro e o deputado se encontraram e, juntos, conversaram com a imprensa. Ciro aproveitou para desancar com Serra. “Os métodos dele são conhecidos. Ele não enfrenta adversários com as linguagens naturais do antagonismo político-eleitoral. Trata-os como inimigos a serem destruídos”, criticou o parlamentar. Aécio não interveio.
Para governistas, Serra tem outra desvantagem: menos trânsito no sistema financeiro e no setor produtivo. As relações do governador com os usineiros paulistas, por exemplo, são conturbadas. Em conversa com o Estado de Minas na quarta-feira, um ministro se divertia com o fato de o mercado prever taxas de juros mais altas em 2010 devido à liderança de Serra nas pesquisas. O tucano seria alvo da mesma fritura que fustigou os calcanhares de Lula na campanha de 2002. “Ele poderia ser um dos nossos”, disse o ministro, referindo-se às opiniões semelhantes de Serra, Dilma e Lula sobre política monetária.

Fonte: Vi o Mundo

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pochmann aponta motivos da desigualdade na cobrança de impostos

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em estudos divulgados nas duas últimas semanas, tem intensificado esforços para analisar os efeitos da carga tributária na realidade brasileira. Na primeira pesquisa, a instituição destacou qual a parcela da população que mais paga impostos proporcionalmente e as formas de gastos dos recursos arrecadados. Na análise seguinte, identificou os agentes causadores da não elevação dos investimentos estatais em serviços, como saúde, educação e segurança, além de bens públicos e infraestrutura (rodovias, portos, ferrovias etc).

As pesquisas – divulgadas como “Comunicados da Presidência do Ipea” – são parte de uma série que terá prosseguimento nos próximos meses, quando mais elementos sobre a carga tributária nacional serão analisados.

O instituto mostra que os trabalhadores que recebem menos de dois salários mínimos e não possuem propriedades pagam mais tributos ao governo do que donos dos meios de produção, ou seja, os pobres contribuem em maior escala do que os ricos.

Além disso, o Ipea divulgou números demonstrando que, mesmo com a progressiva expansão da carga de tributos, ocorrida desde 1980, chegando até os atuais 35,8% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de 2008, o crescente aumento de despesas com transferência de renda, incluindo previdência social, programas como o Bolsa Família e ainda subsídios à iniciativa privada, somados aos gastos com juros, diminuem as possibilidades de investimento do Estado.

Segundo a instituição, o aumento nos tributos não compensou as despesas. Parte do crescimento da carga foi destinada ao pagamento de juros de dívidas adquiridas em décadas anteriores. Também houve a crescente necessidade de diminuir as diferenças sócio-econômicas existentes no país, o que vem sendo feito com os programas sociais.
O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, em entrevista exclusiva à Fórum, esclareceu pontos importantes dos estudos, destacando a urgência de uma reforma que traga justiça tributária e como o sistema político e a mídia corporativa dificultam que isso ocorra.

Fórum – O que se pode destacar como novidade nos estudos que foram publicados?

Pochmann – Primeiro, a forma como estão sendo feitos. O Ipea fez mais de 80 convênios para aprofundar análises sobre a realidade econômica no país. Nesses estudos, podemos destacar a parceria com a Secretaria da Receita Federal, o que permitiu um acesso mais completo aos dados.

Fórum – E quantos aos dados? Quais os mais relevantes?

Pochmann – Saber o perfil de quem paga e quanto paga ao governo é muito importante, pois confirma uma realidade e desmente alguns argumentos.

Fórum – Quais argumentos?

Pochmann – De que os ricos contribuem mais, por exemplo.

Fórum – Com isso, constata-se que quem menos recebe, paga mais...

Pochmann – Sim. O estudo aponta isso. Proporcionalmente, contando os impostos diretos e indiretos, os pobres e não proprietários contribuem mais e, consequentemente, trabalham maior tempo para pagar os impostos.

Fórum – Então, por quais motivos há tanta gritaria dos mais ricos em relação á carga tributária?

Pochmann – Porque eles têm propriedades, imóveis, veículos. Pagam imposto de renda, IPVA, tributos que aparecem. Os mais pobres pagam mais, proporcionalmente, os impostos indiretos, que estão embutidos nos produtos e não têm os valores claros, visíveis. Quem ganha menos precisa gritar, reclamar. É necessária uma mobilização social maior pela equanimidade.

Fórum – Quais as causas ou causadores da desigualdade sócio-econômica crescente no país?

Pochmann – O nosso sistema de cobrança é regressivo, onerando mais quem recebe menos, o que aumenta o fosso social. É um acúmulo histórico de desigualdade que se consolida. O causador é o sistema político, que cria mecanismos para defender os mais ricos e alterou-se pouco ao longo do tempo.

Fórum – O senhor vê soluções para gerar equanimidade?

Pochmann – Só com uma reforma tributária.

Fórum – Baseada em quais princípios?

Pochmann – No princípio de um sistema progressivo de cobrança, ou seja, onde quem ganha mais, paga mais. Somente assim poderemos ter um projeto sólido de nação, com justiça tributária.

Fórum – Quais países poderiam ser citados como exemplos em que o modelo progressivo é adotado com eficiência?

Pochmann – Principalmente, os países escandinavos, Noruega, Suécia e Dinamarca.

Fórum – E o imposto sobre grandes fortunas?

Pochmann – No papel, ele está na Constituição, desde 1988, mas não foi aplicado.

Fórum – Mais uma vez a defesa dos interesses dos mais ricos?

Pochmann – Sim.

Fórum – Por que a mídia, quando divulga dados sobre carga tributária, só evidencia a alta proporção em relação ao PIB, o quanto se paga de impostos, mas não menciona a quantidade de recursos que realmente o governo tem para investimentos?

Pochmann – A mídia está vinculada ao sistema político antigo, o mesmo responsável por defender os interesses dos mais ricos. Não apresenta a verdadeira conta, não considera o que é gasto com transferências e juros. E fala pouco do que sobra para investir.

Fonte: Revista Fórum

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Yeda, até o fim

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Que comam brioches!

Que comam brioches!


por Leandro Fortes

Quem estava na Bahia, se lembra: nas eleições municipais de 1985, Antonio Carlos Magalhães, então todo-poderoso ministro das Comunicações do governo José Sarney, apareceu sorridente para votar no salão nobre do Clube Bahiano de Tênis, reduto da elite branca de Salvador. ACM vivia tempos de glória. Tinha virado a casaca e abandonado os militares, a quem servira como poucos na ditadura, para embarcar na canoa da Nova República de Tancredo Neves. Era uma tarde ensolarada de novembro, sol da Bahia, luz e calor. O coronel chegou sorridente, cercado de acólitos e puxa-sacos, como de costume, certo de estar lá, naquela hora, para viver mais um momento de glória. Bastou pisar nos salão do clube, no entanto, para ser escandalosamente vaiado. Ainda atordoado pelo vexame, ACM tentou usar da velha tática do nem-é-comigo para continuar sorrindo e cumprimentando providenciais correligionários apressadamente colocados em fila por assessores solícitos. Seria pouco para conter a besta-fera que sempre foi verdadeira alma do coronel.

A dois passos da urna, ACM foi abordado por um repórter com cara de menino, baixinho, calças exageradamente colocadas acima da cintura, um cabelo preto, liso e espetado, caído sobre a cabeça em forma de cuia. Chamava-se Antônio Fraga, tinha 19 anos e uma disposição dos diabos. Repórter-estagiário da TV Itapoan (à época, retransmissora do SBT), Fraga cursava comigo o primeiro ano da faculdade de jornalismo da Universidade Federal da Bahia. Era um jornalista precoce e hiperativo. Com a audácia tão típica da juventude, ele furou o séquito de bajuladores carlistas e perguntou, à queima-roupa, na cara de ACM, o que ele achava de estar sendo vaiado.

Com o rosto desfigurado de ódio, Antonio Carlos, primeiro, deu um soco no microfone que Fraga segurava com a mão direita, de maneira a atingi-lo na boca. Em seguida, chamou o jornalista de “filho da puta” e passou a ameaçá-lo de outras agressões, enquanto dois seguranças tentavam derrubá-lo desferindo chutes no calcanhar. Na aurora da redemocratização do Brasil, o garoto Fraga conseguiu mostrar para o país quem era, de fato, aquela triste e grotesca figura política que ainda iria reinar soberana nas colunas políticas da imprensa brasileira, por muitos anos, impune e cheia de prestígio.

Essa história antiga me veio à cabeça assim que vi, na internet, a máscara de rancor estampada no rosto da governadora Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, na semana passada, a chamar, histérica, os professores gaúchos de “torturadores de crianças”. Atrás das grades do portão da casa onde mora, casa, aliás, suspeita de ter sido adquirida com dinheiro de caixa dois de campanha, a tucana tornou-se um emblema da loucura que quando em vez acomete os bichos acuados, na iminência do extermínio, certos de que o próximo passo, de ré, será o vazio terrível de todo abismo. Diante do mundo, reproduzidos on line, os gestos alucinados de Yeda Crusius se tornaram o emblema de uma administração falida, desmoralizada e corrompida até a medula. O instantâneo da débâcle de uma administração que, ironicamente, arrogou-se de ser “um jeito novo de governar”.

Ao tentar incutir a pecha de “torturadores” em professores que assustaram seus netos com uma manifestação contra a precariedade da rede pública de ensino no estado, a governadora ultrapassou os limites da sanidade política minimamente exigida para o cargo que ocupa. Estivesse em um barco, seria alvo de um justificado motim. Ainda assim, achou-se no direito de usar a Brigada Militar contra os manifestantes. Incapaz de controlar a avalanche de denúncias que se amontoam sobre ela desde que a Polícia Federal descobriu, na Operação Rodin, a quadrilha de trambiqueiros que opera nos bastidores do Palácio do Piratini, Yeda Crusius decidiu esconder-se por trás de um discurso autista e surreal. Fala de uma gestão que não existe e enaltece a si mesmo como inspiração de governança.

Trata-se, como se vê, de um caso de intervenção humanitária. Seria, portanto, a chance de o senador Pedro Simon, do PMDB, que é franciscano, esquecer-se das circunstâncias políticas que o mantêm convenientemente calado e tomar uma atitude, digamos, cristã. Se não pela decência da política gaúcha, quem sabe em nome dos netos de Yeda, pobres crianças assustadas com o barulho da turba de professores de escolas – de lata, lotadas, imundas e apertadas – nas quais eles jamais irão estudar.

No fim das contas, não há nada mais cristão do que salvar uma mulher do apedrejamento, ainda que seja ela a jogar as pedras para o ar.

Em tempo: graças ao link do youtube que o leitor DKRC gentilmente disponibilizou na caixa de comentários, posso corrigir um erro de informação. O ano era 1986 e a eleição era para governador. O candidato de ACM, Josaphat Marinho, foi derrotado por Waldir Pires. Antonio Fraga era repórter da TV Itapoan e, eu, da Tribuna da Bahia. Bons tempos.

Fonte: Brasília, eu vi

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Dick Cheney foi o Imperador

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O vice-presidente do governo Bush em várias ocasiões mandou mais que o chefe.

Por Eduardo Graça, de Nova York

A história quem conta é George Lucas. Em conversa com a colunista Maureen Dodd, do New York Times, o criador do épico Guerra nas Estrelas e da série de aventuras do Indiana Jones se disse lisonjeado pelo uso de um de seus mais caros personagens, o afônico Darth Vader, nos textos da jornalista sobre o então vice-presidente Dick Cheney, mas alertou que era preciso fazer uma reparação. “Cheney não é Vader. Anakin Skywalker era, no fim, um menino de um planeta árido e isolado que se transforma em Darth Vader pela influência de uma velha raposa política. O Vader é o Bush. Cheney é o Imperador”, disse.

Pois nos primeiros seis meses da era Obama a face mais visível da antiga administração foi justamente a de Dick Cheney. Em programas de tevê, o rejuvenescido “imperador do Wyoming”, 68 anos, bateu impiedosamente no governo Obama, criticando a economia, o projeto de reforma da Saúde e especialmente a segurança nacional. Mas esta semana o ex-vice foi acusado pelo novo diretor da CIA, Leon Panetta, de manter um programa secreto de extermínio de terroristas. De acordo com a nova administração, Cheney ordenou que a CIA omitisse do Congresso a existência de tal programa, o que seria ilegal. “E, curiosamente, no momento em que volta a ser alvo da imprensa por conta de revelações comprometedoras, ele desapareceu. Outorgou à filha, Lynn, a tarefa de responder pela ilegalidade que cometeu. Aonde está Cheney?”, pergunta, sarcástica, a atual estrela do telejornalismo liberal nos EUA, Rachel Maddow, da rede MSNBC.

Nos corredores do Capitólio diz-se que Cheney está em casa, escrevendo -suas memórias. Crê-se que embolsará pelo menos 2 milhões de dólares pelo livro. “O episódio mais recente prova que Cheney captura a ambivalência que nós, norte-americanos, temos em relação à ideia de democracia. Seus defensores valorizam o homem que carrega o fardo do trabalho sujo nas costas, que não tem medo de fazer o que é preciso para nos proteger. Já seus detratores confirmaram as mais fortes suspeitas de que ele passou por cima da Constituição, tratando a democracia como uma abstração, um teatro. Cheney é um personagem que catalisa como ninguém o medo do americano comum”, diz o sociólogo Stephen Duncombe, da Universidade de Nova York (NYU), estudioso da simbologia política nos EUA.

Jamais figura popular, o único cargo eletivo de Cheney foi o equivalente no Brasil a deputado federal, eleito cinco vezes por Wyoming. Hábil articulador, chegou a ser o líder da minoria na Câmara. Sempre atraí-do pelos bastidores, foi chefe do estafe do presidente George Ford (que assumiu o governo no turbilhão do Watergate e se notabilizou pelo perdão concedido a Richard Nixon), secretário de Defesa de Bush I e, durante os anos Clinton, CEO da Halliburton, a corporação texana, uma das maiores beneficiárias de contratos de reconstrução do Iraque ocupado quando o Imperador já dava expediente na Casa Branca. Um CV que ajudou-o a bater, ao fim do governo Bush, todos os recordes de reprovação popular na história contemporânea dos EUA.

Alvo preferencial de humoristas por ser considerado o cérebro por trás da desastrosa política externa do governo Bush II, ele se tornou a piada do ano quando, em 2006, atirou por acidente em um advogado septuagenário durante uma caçada em um rancho no Texas. O amigo de Cheney foi alvejado no rosto, no pescoço e no torso. A acusação de que ele ultrapassou os limites constitucionais de seu posto ofereceu munição extra para seus críticos. “Se entendi direito, ele ligou para a direção da CIA e disse: ‘Meus meninos, se vocês encontrarem alguma coisa suspeita, me informem, o.k.?’ E ele, sozinho, resolveria tudo com suas próprias mãos. É assim que eles achavam que a coisa deveria funcionar!”, ironizou David Letterman.

Com Dick Cheney recusando-se a falar com a imprensa, Letterman ofereceu dez possíveis desculpas para seu lapso em uma imaginária entrevista coletiva. Em uma possível resposta o ex-vice-presidente diria “Como assim? Vocês acreditam mesmo que eu poderia violar o direito individual e constitucional dos cidadãos americanos? Vocês acham que estamos aonde, na Rússia?” A mais capciosa ficou para o fim: “Se eu tivesse de revelar todas as coisas diabólicas que fiz, não teria nem tempo para atirar na cara de velhos amigos”.

Em artigo na Slate, Shane Harris, especialista em assuntos de inteligência e segurança do National Journal, semanal devorado pelos políticos de Washington, escreve que a investigação sobre os abusos de autoridade de Cheney poderá ser o primeiro grande fiasco na área da inteligência do governo Obama. “A CIA tem uma longa história de manter programas secretos e de omitir informação ao Congresso. Mas ficam algumas perguntas: mesmo com o Ato de Segurança Nacional, aprovado após os atentados de 11 de setembro, e com os poderes especiais dados pelo presidente Bush a Cheney, não há qualquer especificação sobre a omissão de um programa deste porte ao Poder Legislativo. Com que autoridade Cheney manteve o sigilo sobre este programa? E como é que o novo diretor da CIA só foi descobrir o programa quatro meses depois de assumir a agência?”, questiona.

O presidente Obama já declarou mais de uma vez que “quer olhar para o futuro”, irritando liberais, ansiosos por uma faxina geral em Washington, com CPIs e pedidos formais de desculpas pelos oito anos de ataques aos princípios democráticos do país, e despertando a suspeita de que evitaria conflitos com figurões da administração passada. Mas depois das revelações do programa secreto de assassinato de terroristas, o procurador-geral Eric Holder anunciou que pensa em nomear um jurista para tratar exclusivamente de possíveis casos de tortura e desmandos durante os anos Bush. A direita teme que virtuais punições não parem em funcionários de baixo escalão e atinjam símbolos do partido no momento em que tenta se reestruturar para as eleições legislativas de meio-termo no ano que vem.

“A ultraexposição de Cheney na tevê neste semestre, enquanto Bush manteve-se no ostracismo, parece-me uma tática de inoculação. Ele bateu duro em Obama para que seu próximo ato seja o de qualificar qualquer investigação que envolva seu nome como vingança pessoal. Qual o próximo passo? Ignorar Cheney ou puni-lo? Se optarem pela primeira opção, os democratas perderão legitimidade. Se investirem na segunda, a caça às bruxas pode galvanizar uma oposição que, neste momento, está em frangalhos”, pondera Duncombe.

O Imperador, disposto a virar dublê de mártir, mais uma vez teria emparedado os democratas, divididos entre abrir as gavetas do governo Bush e oferecer munição para uma direita acuada ou enfrentar o desânimo dos liberais, interessados na transparência do poder público cantada até há pouco tempo em prosa e verso por um certo senador negro de Illinois.

Fonte: Carta Capital

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terça-feira, 21 de julho de 2009

Cinco truísmos que querem silenciar o debate

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por Idelber Avelar

Meu amigo Fabio Durão escreveu um livro assombroso. Chama-se Rio-Durham-Berlim: Um diário de idéias (Unicamp, 2009). São fragmentos, no estilo da Mínima Moralia, de Adorno, compostos nas manhãs anteriores ao trabalho diário que Fabio realizava para sua tese doutoral, já publicada como Modernism and Coherence. Copio o fragmento que inspira este post. Diz Fabio, na página 15:

Não tarda muito até que, no meio de uma interpretação de um texto, o professor de literatura se depare com a mais irritante das interjeições: “cada um tem sua opinião”, exclama o estudante, com a firmeza, ou até o ultraje, de quem defende a democracia. A resposta deve ser clara e firme: em primeiro lugar, este argumento impede o diálogo antes mesmo que ele comece, fazendo assim da sala de aula um ambiente supérfluo. Além disso, note-se, a opinião que conseguisse traduzir o grau de individualidade pressuposto nesta posição deixaria de sê-lo, e se tornaria uma leitura forte. Ou seja, aqui, quanto mais se valoriza a singularidade, mais se expressa o lugar comum, as idéias que ninguém questiona e que circulam com a liberdade das mercadorias mais baratas. É importante que o professor vença sua raiva, que naturalmente nasce desta situação de impotência, por entendê-la. Como toda burrice (infinitamente distante da ingenuidade), esta sabe mais do que pensa. Pois ela na realidade encena o toque de retirada do “eu” para a proteção das muralhas do conhecido. Dificilmente o estudante usaria a mesma expressão se estivesse discutindo, digamos, futebol, em um bar com os amigos. Na verdade, o aluno sabe exatamente o que está se passando: “cada um tem sua opinião” representa um movimento defensivo diante do novo e do difícil (que tantas vezes são indissociáveis). Cabe ao professor entender este medo e reconhecer, talvez com júbilo, que esta ocasião já é sintoma de um primeiro encontro com algo de novo.

Todo o livro de Fabio exibe esse mesmo brilhantismo. São 85 fragmentos, em 76 páginas. Quem gosta de uma leitura inteligente da realidade devorá-lo-á em poucas horas.

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Truísmo é o nome que reservamos, em filosofia, para a banalidade que, verdadeira, produz efeitos que vão muito além daqueles que estritamente poderíamos derivar da veracidade que enuncia. Num comentário a um post de Alexandre Nodari, eu desenvolvia a tese de que o truísmo funciona mais ou menos com a dinâmica que Marx identificou para as forças produtivas. Se você se lembra, as forças produtivas, para Marx, vão se desenvolvendo até que elas já não “cabem” no modo de produção no qual elas se encontram, forçando a turbulência revolucionária a partir da qual surgiria outro. Assim (resumindo brutalmente), o desenvolvimento de um sistema de trocas mais amplo na Europa tardo-medieval foi corroendo as bases do Feudalismo e criando as condições para as revoluções burguesas, que romperam as travas que aquele modo de produção impunha às forças produtivas.

Pois bem, os truísmos funcionam assim. Todo truísmo tem seu momento liberador. Ele expressa, como todo clichê, uma banalidade que não é falsa, mas que pode muito bem funcionar para falsificar a realidade – especialmente depois que, já disseminado, passa a ser usado para travar o pensamento e, não raro, silenciar o outro. Já que tirei a semana para fazer posts que vão me servir no futuro, aproveito para tratar de cinco truísmos que encontro com frequência por aí.


1. Cada um tem sua opinião. É o pai, ou a mãe, de todos os truísmos. Como todos os outros, ele é vítima da reversibilidade: ora, se “cada um tem sua opinião”, seria possível, em tese, formular a opinião contrária – a de que cada um não tem sua opinião. Isso significa que, para que esse truísmo seja verdadeiro, ele tem que ser falso. O paradoxo é que quem recorre ao “cada um tem sua opinião” como instrumento de debate não está jamais exprimindo opinião própria. Está, invariavelmente, repetindo opinião ouvida alhures. Afinal de contas, quer afirmação mais universalizante que “cada um tem sua opinião”? Quem diz isso no interior de uma discussão não está abrindo-se para o diálogo. Está fechando-o antes que ele se inicie. Dizer “cada um tem sua opinião” é como dizer “eu sou mentiroso”: trata-se de uma afirmação que implode no momento em que ela é feita.

2. Futebol não tem lógica. Este é o truísmo a que recorremos quando fracassa nossa explicação do jogo. Como todo truísmo, ele é verdadeiro e falso. Afinal, haverá coisa no mundo que tenha mais lógica do que o futebol? Simplesmente trata-se de que o futebol não se pauta por aquilo que costumamos chamar de “lógica” no discurso cotidiano, ou seja, a lógica positivista do encadeamento das causas e efeitos, que ordena esportes mais gerenciais e matemáticos como o futebol americano e o basquete. O futebol funciona de acordo com a lógica da contingência que, se você for observar bem, está muito mais próxima da lógica que ordena o mundo.

3. Não se pode comparar (cinema e literatura): Deixo os dois termos da comparação entre parênteses porque não importa quais eles sejam. A coisa funciona da mesma forma. No caso em questão, o truísmo teve seu momento liberador quando serviu para combater certa tendência a se trabalhar adaptações de romances ou contos a partir de uma metafísica da fidelidade. Ele desnudava uma certa prepotência literária, que insistia em pensar sua arte como superior, e o cinema como acessório que não podia se ombrear com ela. Hoje esse clichê já é, como o "cada um tem sua opinião", um apêndice da preguiça de pensar. Basta relacionar um livro e um filme para que você ouça isso. É invariavelmente um instrumento para silenciar o debate. Basta estabelecer uma comparação para que alguém diga que não se podem comparar coisas diferentes. Como se houvesse algum sentido em comparar coisas idênticas. Esta crítica ao truísmo não implica, claro, que eu ache que toda comparação procede. Há que se ver caso a caso.

4. Todos os que se sentem ofendidos têm o direito de procurar a justiça. É o truísmo favorito dos advogados (não todos, claro), ao qual recorrem quando se critica a decisão de algum Maiorana de processar um Lúcio Flávio, ou de uma Leticia W. de processar um Milton Ribeiro. Evidentemente, o argumento é verdadeiro. Todo mundo tem o direito de procurar a justiça quando se sentir ofendido. O problema é que ele é, como todo truísmo, tautologicamente reversível: a mesma Constituição que assegura o direito de cada ofendido procurar a justiça assegura a liberdade de crítica -- incluindo-se aí o direito de criticar alguém por judicializar discussões políticas ou literárias. Nas conversas sobre a daninha judicialização do debate político no Brasil, todos os que se sentem ofendidos têm o direito de procurar a justiça não costuma funcionar como argumentação: é mecanismo de silenciamento mesmo. Uma variante dele é o truísmo cada um deve se responsabilizar pelo que diz. Ora, isso é evidente. Mas a brincadeirinha da reversibilidade se aplica aqui também: se cada um deve se responsabilizar pelas consequências do que diz, cada um deve também se responsabilizar pelas consequências de seus atos, incluindo-se o ato de decidir processar alguém por ter dito algo. Se você é escritor e decide processar alguém por uma resenha, viverá com a reputação advinda disso, a qual -- diz a história da literatura -- não costuma ser muito boa. Reitero que não sou crítico de todos os processos por injúria, calúnia ou difamação. Os critérios aqui são aqueles, óbvios: extensão do dolo, clareza do propósito de difamar, diferença de acesso aos meios de comunicação etc. Se eu fosse MV Bill, por exemplo, já teria processado Diogo Mainardi. Sim, eu sei que essa decisão cabe ao MV Bill.

5. O problema são os radicalismos dos dois lados. Eis aqui mais um que é pai, ou mãe, ou tio, de vários outros truísmos. Os que anunciam que o problema são os radicalismos dos dois lados gostam de se apresentar como moderados, ponderados, razoáveis, racionais. É o truísmo preferido dos que justificam a barbárie na Palestina Ocupada. É o truísmo favorito dos que justificam a violência policial contra estudantes (cujo movimento tem, sim, vários problemas). Esse é um truísmo particular, porque ele se baseia num uso completamente enganoso da palavra “radicalismo”. Ora, só é possível ser radical numa direção: a da raiz. Basta ir ao seu dicionário etimológico e ver de onde vem a palavra. Quando alguém reduzir um problema político ao “radicalismo dos dois lados”, você pode ter certeza de que: 1) ele não é equidistante em relação aos dois lados; 2) ele quer que você acredite que ele é isento ou equidistante com respeito aos “dois lados”.

Há muitos outros, mas comecemos com estes cinco. Estão todos convidados a completar a lista.

Fonte: O Biscoito Fino e a Massa

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Foz do Iguaçu é a campeã em assassinatos de adolescentes

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Foz do Iguaçu é a campeã em assassinatos de adolescentes Governador Valadares e Cariacica aparecem na sequência. A estimativa é de que 33,5 mil jovens de 12 aos 18 sejam assassinados em 267 municípios.

Por Gilberto Nascimento

Foz do Iguaçu, no Paraná, Governador Valadares, em Minas Gerais, e Cariacica, no Espírito Santo são os municípios brasileiros com os maiores índices de assassinatos de adolescentes no País. Em uma análise entre 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, Foz do Iguaçu aparece em primeiro lugar com 9,7 homicídios para cada mil adolescentes de 12 aos 18 anos.

Governador Valadares vem na seqüência com a taxa de 8,5 por mil e Cariacica, em terceiro, com 7,3. (Clique aqui para ver as tabelas). Em números totais, a estimativa de mortes por homicídio de adolescentes num período de sete anos é de 446 em Foz do Iguaçu, 327 em Governador Valadares, e 393 em Cariacica. Entre os 267 municípios, a expectativa é de que 33,5 mil sejam assassinados entre 2006 e 2012.

Esses dados constam de um índice de homicídios na adolescência (IHA) elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Secretaria Especial de Direitos Humanos e a ONG Observatório de Favelas, divulgado na manhã de hoje (21/7), no Hotel Nacional, em Brasília.

A primeira capital a aparecer na relação é Maceió, em 9º. lugar, com uma taxa de 6,0 e o total de 826 assassinatos de adolescentes. Recife vem em seguida, em 10º. lugar, também com a taxa de 6,0 e o total de 1263.

Entre os 20 municípios com os maiores índices de homicídios na adolescência, cinco pertencem ao estado de Minas (Governador Valadares, Contagem, Ibirité, Betim e Ribeirão das Neves) e quatro do Espírito Santo (Cariacica, Linhares, Serra e Vila Velha).

O cálculo segue a lógica dos índices de mortalidade e aplica taxas específicas de homicídio por idade entre 1.000 adolescentes na faixa inicial: 12 anos. E mostra quantos adolescentes serão vítimas de homicídio antes de completar 19 anos.

Além de revelar a incidência dos assassinatos contra adolescentes no ano considerado, o IHA também estima o número de homicídios durante sete anos, caso a situação nesses municípios não seja alterada. As análises são feitas sempre entre o número de 1000 adolescentes (na idade inicial), para preservar a comparabilidade entre municípios de tamanho diferente. As fontes para o cálculo são o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde e os dados do IBGE.

O estudo também mostra que a probabilidade de o adolescente ser vítima de homicídio é quase doze vezes superior para o sexo masculino, em comparação com o feminino, e mais do dobro para os negros em comparação com os brancos. O risco de homicídio cresce até a faixa de 19 a 24 anos e depois diminui. A maior parte dos homicídios é cometido por arma de fogo.

Depois de Maceió e Recife, aparecem entre as capitais o Rio de Janeiro, com a taxa de 4,9 assassinatos por mil (e o total de 3423); Vitória, com o índice de 4,3 (e o total de 190); e Porto Velho (RO), com 4,2 (e 259, no total). No Rio de Janeiro, estima-se que um total de 3.423 adolescentes serão assassinados num período de sete anos.

Fonte: Carta Capital

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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Justiça aceita denúncia contra Daniel Dantas

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De Sanctis aceitou denúncia contra Daniel Dantas e o Grupo Opportunity

por Aloisio Milani

O juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o banqueiro Daniel Dantas, integrantes do Grupo Opportunity e ex-membros da Brasil Telecom pelas acusações de crimes financeiros. São 14 acusados por um conjunto de sete fatos criminosos.

Entre eles: Verônica Dantas, irmão do banqueiro; Dório Ferman, presidente do Opportunity; os diretores do banco, Norberto Aguiar Tomaz, Eduardo Penido Monteiro e Itamar Benigno Filho; o ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz; e a ex-presidente da Brasil Telecom, Carla Cicco.

Veja também:
» Opine aqui sobre a Operação Satiagraha da Polícia Federal
» Juiz aceita denúncia contra Dantas e mais investigados
» MPF denuncia Dantas e o vincula ao "mensalão"
» Daniel Dantas, o Opportunity e o "mensalão"
» Siga Bob Fernandes no twitter

Na decisão, De Sanctis concorda com os indícios da denúncia e ressalta que o grupo de Daniel Dantas "teria se organizado" para a "prática de crimes de lavagem de dinheiro e delitos financeiros". Os acusados serão intimados no prazo de 10 dias para apresentarem suas defesas.

Além disso, De Sanctis decidiu liquidar o fundo de ações do Grupo Opportunity para garantir que o valor atual dos ativos seja mantido. Isso para que não haja desvalorização ou perdas de dinheiro oriundo de lavagem de dinheiro.

Os valores do Opportunity Special Fundo de Investimento em Ações, inscrito sob o CNPJ 06.940.730/0001-59, estavam bloqueados deste setembro, mas agora serão vendidos e depositados numa conta em juízo na Caixa Econômica Federal (CEF). A decisão deve ser cumprida em no máximo 48 horas.

Quanto à liquidação do fundo, o juiz argumenta:

- Não é recomendável que os acusados, ora denunciados por supostas práticas de delitos financeiros, notadamente de gestão fraudulenta, continuem a proceder à gestão do fundo.

O procurador da República, Rodrigo De Grandis, ao receber cópia da decisão, comentou a venda das ações determinadas pela Justiça:

- O juiz optou por determinar a liquidação do fundo justamente para preservar o valor dessas cotas e para determinar o valor líquido deste fundo. Se nós deixássemos isso para o futuro, uma alegação de perda cambial poderia surgir por parte os acusados.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os valores ligados ao fundo liquidado são variáveis por conta do câmbio, mas podem ser estimados entre R$ 500 e 550 milhões. E o fundo possui entre 23 e 24 cotistas, a maioria deles denunciados pelo MPF.

De Sanctis indefiriu ainda o pedido do MPF para que fosse expedido um ofício ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a relação entre Daniel Dantas e os recursos do empresário Marcos Valério, que abastecia partidos da base govenita, o chamado caso do "mensalão". Para ele, o pedido do MPF pode ser feito diretamente ao ministro.

Na denúncia apresentada, o procurador Rodrigo de Grandis afirma que Daniel Dantas e seu grupo alimentaram o "valerioduto" por meio de pelo menos seis contratos de publicidade da Brasil Telecom com as agências DNA Propaganda e SMP&B. O empresário mineiro teria recebido pelo menos R$ 3,3 milhões mesmo sem ter vinculação com licitação formal.

De Sanctis também aceitou os pedidos de criação de três novos inquéritos: 1) para detalhar a participação de investigados e não denunciados neste momento, entre eles o integrante do Opportunity Carlos Rodenburg e o advogado e ex-deputado Luis Eduardo Greenhalgh; 2) para apurar crimes financeiros na aquisição do controle acionário da Brasil Telecom pela Oi; 3) para investigar evasão de divisas praticadas por brasileiros que tinham, ilegalmente, cotas do Opportunity Fund.

Leia as principais matérias de Terra Magazine sobre o caso:

» Igreja Candomblé no roteiro de Protógenes
» Protógenes: Satiagraha dividiu Brasil em dois
» De Sanctis tem de responder a três acusações
» Protógenes gravou superior. CPI vaza como grampo
» "Não sei quem fez grampo no STF", garante Félix
» Toda a dimensão da crise
» No meio do caminho tem uma pedra
» Mello defende juiz e ataca quebra ilegal de sigilo
» STF mantém habeas corpus para Daniel Dantas
» "Dantas se infiltrou no Estado", diz Protógenes
» Protógenes diz que Dantas é criminoso e psicopata
» PF faz busca na casa de Protógenes Queiroz em SP
» Dantas pediu para Mendes julgar processo em 2005
» Lacerda vai à CPI desfazer articulações de Dantas
» Deputado admite que CPI pode beneficiar Daniel Dantas
» Alvo de Daniel Dantas, Lula dizia: "É um escroque"
» Gravação expõe fratura na cúpula da PF; ouça
» Delegado: "Vou ouvir Dantas e na sexta relato inquérito"
» Delegado que prendeu Dantas é afastado
» FHC: Caso Dantas é batalha pelo controle do Estado
» Em diálogos, Daniel Dantas cita FHC na montagem de fundo
» Dantas ressuscita ACM para atacar ministro do STJ
» Bahia diz não ter recebido US$ 32 mi do Opportunity
» 'Gilmar Mendes agiu certo', diz criminalista
» 121 juízes demonstram indignação com Mendes
» Juíza que avisou de grampo pede: 'me esqueçam'
» Maierovitch: Gilmar Mendes está "extrapolando"
» Dantas: "Vou contar tudo! Detonar!"
» Pedro Simon: "Está na hora de rico ser preso"
» Mello: Ministros do STF não têm nada a esconder
» "O senhor está preso", diz delegado a Dantas
» Com prisão preventiva, um xeque-mate em Dantas
» Na madrugada, estratégia para a nova prisão Dantas
» Solto, Dantas é intimado a depor
» PF viveu guerra e espionagem para prender Dantas
» 50% dos presos esperam decisão dada a Dantas
» Dantas, um banqueiro da Coisa Nossa
» Advogado: Dirceu não tem relação com Daniel Dantas
» BrOi: emissários de Dantas tentam chegar a Dilma
» Celso Pitta recebia dinheiro vivo de Naji Nahas
» Inferno de Dantas - Um Raio X do Opportunity Fund
» Dantas-Nahas: Para entender a organização
» O inferno de Dantas
» Exclusivo: PF prende Dantas e organização criminosa

Fonte: Terra Magazine

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Alô, alô, Jereissati e Sergio Andrade: De Sanctis vai para cima da BrOi

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Carlos Jereissati e Sérgio Andrade: De Sanctis botou água no champanhe

Carlos Jereissati e Sérgio Andrade: De Sanctis botou água no champanhe

Saiu na revista eletrônica Teletime:

Juiz aceita pedido para investigar a fusão Oi/BrT

O Juiz Fausto Martin De Sanctis aceitou na última quinta, dia 16, a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra Daniel Dantas e mais 13 pessoas ligadas ao grupo Opportunity. E, conforme pedido do MPF, determinou a abertura de mais três inquéritos policiais para apurar delitos cuja denúncia não pôde ser oferecida desta vez. Um desses inquéritos será para investigar eventuais delitos cometidos no processo de alienação do controle da Brasil Telecom para a Oi.

O grupo Opportunity, de Daniel Dantas, fazia parte do bloco de controle da Brasil Telecom e da cadeia societária da Oi. Para que o negócio pudesse ser fechado, os compradores negociaram com o Opportunity o fim dos litígios e das investigações por gestão fraudulenta na administração das companhias. São exatamente os pontos levantados pelo Ministério Público para pedir a abertura dos processos. O Opportunity Fund, que era controlador da Brasil Telecom e acionista da Oi, e que teve suas ações adquiridas no processo de fusão, também está sendo investigado em decorrência de crimes contra o sistema financeiro. Durante a Operação Satiagraha, deflagrada contra o Opportunity há pouco mais de um ano, as interceptações telefônicas realizadas com ordem do juiz De Sanctis apontaram para possíveis crimes financeiros na estruturação da operação de fusão no que dizia respeito ao Opportunity. A sede do Angra Partners, gestora dos fundos de pensão e responsável direta pelas negociações com a Oi, também foi alvo de operação de busca e apreensão.

Vá ao site da Teletime

Leia também:

QUEM DAVA $$$ AO PC FARIAS Ermírio de Morais e Sergio Andrade estão na lista

Dantas começa a voltar para a cadeia
De Sanctis aceita denúncia do “valerioduto”

Fonte: Conversa Afiada

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Dantas começa a voltar para a cadeia De Sanctis aceita denúncia do “valerioduto”

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Já foi mais fácil

Já foi mais fácil


Saiu no JB online:

Juiz aceita denúncia contra Dantas e mais 13 investigados

Portal Terra
DA REDAÇÃO – O juiz federal Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal

(MPF) contra o banqueiro Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity, e outras 13 pessoas por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
A denúncia, oferecida no início deste mês, ligou o Opportunity ao suposto esquema do mensalão, afirmando que o grupo financiou o “valerioduto” quando controlava a Brasil Telecom. A acusação do MPF é resultado das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, que prendeu Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas.
17:46 – 20/07/2009

Leia a íntegra no JB Online.
De Sanctis determinou a liquidação em 48 horas do fundo de Dantas “Opportunity Especial” – fundo de investimento em ações.
De Sanctis saiu de férias…

por Paulo Henrique Amorim


O “valerioduto” é só o começo dessa conversa.A denúncia do Procurador Rodrigo de Grandis é muito maior.O interessante é que, durante a cobertura do “mensalão” – que ainda está por provar-se -, o PiG (*) se recusava a mencionar o nome de Dantas.Era muito perigoso: o nome de Dantas leva ao colo de Fernando Henrique…E à filha de Serra…Na CPI do “mensalão”, a Bancada Dantas no Congresso, sob o impacto da liderança robusta do senador Heráclito Fortes, quase impediu que Dantas fosse denunciada.

Duas senadoras, Ideli Salvatti e Ana Júlia, é que conseguiram, na prorrogação, denunciar Dantas.

Isso leva à conclusão de que, mais cedo ou mais tarde, Dantas terá um encontro com o corajoso Ministro Joaquim Barbosa.

Leia também:

Dantas pode fugir mas não pode se esconder de Barbosa

Por que Dantas dava tanto dinheiro ao Marcos valério?

Alô, alô, Jereissati e Sergio Andrade:
De Sanctis vai para cima da BrOi

Dantas começa a voltar para a cadeia
De Sanctis aceita denúncia do “valerioduto”

Em tempo: Viva a Operação Satiagraha. Quem disse mesmo que ela não provaria nada?

Em tempo2: Segundo Fernando Henrique Cardoso, Daniel Dantas é “brilhante”

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Fonte: Conversa Afiada

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Nassif estaria certo?

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por Eduardo Guimarães, em Cidadania.com

O último sábado foi do jornalista Luis Nassif. Publicou em seu blog um post intitulado “O último suspiro de Serra” e tocou fogo na Blogosfera. Até a última vez em que olhei, havia quase OITOCENTOS comentários, um número absurdo num país como o Brasil. Coisa de blog americano.

A tese dele sobre a derrocada da candidatura do governador paulista à Presidência foi construída por alguém que conhece a mídia corporativa por dentro. Sobretudo por isso, pareceu para lá de convincente. Nassif disse, para resumir, que os métodos de Serra, seu domínio sobre a mídia e a sofreguidão com que esta se lança contra o governo assustaram a sociedade, as elites empresariais e políticas. Haveria desespero de causa da mídia e de seu chefe.

Contudo, vimos coisa igual em 2005 e 2006. Esse fato não poderia solapar a teoria de Nassif? Essa guerra contra o governo, agora com a tática de paralisar o Congresso, não poderia estar decorrendo de a mídia achar que o que não deu certo com Lula em 2006 poderia funcionar com Dilma no ano que vem porque ela não é Lula?

A favor da teoria de Nassif, alguns dirão que há uma diferença básica: em 2005 e em 2006 havia um fato real a explorar, o “mensalão”, e hoje não haveria, pois os tais atos secretos pegam todo mundo, dos senadores do governo aos da oposição.

Aí eu discordo. Tucanos e pefelês meteram-se com Marcos Valério tanto quanto petistas e outros da base aliada. De novo, escondem oposicionistas enroscados e expõem só os governistas, ora.

Forçar a entrega da Presidência do Senado ao PSDB e a desmoralização da Petrobrás poderiam objetivar apenas a paralisação dos projetos governamentais e a definição do marco regulatório do pré-sal, de forma a diminuir os ativos eleitorais do governo ano que vem. Não se trataria, pois, de desespero de causa...

Nassif, porém, levantou a teoria do desespero de Serra com a rápida ascensão e aceitação da candidatura Dilma e com uma rejeição crescente a si e aos próprios métodos fascistóides, o que o estaria levando a acionar suas armas mais poderosas tão antes do período eleitoral.

Contudo, colunistas da imprensa serrista já andaram corroborando a teoria de Nassif de que o tucano poderia estar querendo desistir.

Além disso, Nassif vem de dentro do sistema midiático. Ele sabe o que rola ali dentro. É bem possível que a resistência a Serra esteja realmente crescendo fora de controle.

Vejam o caso do PMDB. Outrora aliado de Serra, está vendo que alimentar a máquina midiática como fez quando esteve aliado ao PSDB durante o governo FHC pode servir hoje, mas, amanhã, ela pode se voltar contra aqueles aos quais serviu ontem.

Até no próprio PSDB e no PFL parece que os métodos de Serra e seu controle sobre a mídia começam a assustar, pois, como se sabe, políticos que estão hoje do lado de cá amanhã podem estar do lado de lá.

A tendência de Serra querer destruir seus adversários, de vencê-los fora das urnas, porém, não é nova. Em 2002, ele destruiu as candidaturas Roseana Sarney e Ciro Gomes. E note-se que, apesar de haver o que escandalizar no que diz respeito à filha do presidente atual do Senado, Serra destruiu a candidatura Ciro com bobagens.

Ora, se não é de agora que se sabe quem é Serra e o que a mídia pode fazer pelos políticos que a subornam suficientemente, a teoria de Nassif de que a candidatura tucana preferida da direita estaria ferida de morte não estaria prejudicada?

Em 2002 e em 2006, Serra já era Serra e a mídia já era a mídia. O que mudou agora? Talvez que, de lá para cá, o tucano e seus jornais, revistas e tevês vieram atacando com virulência cada vez maior, desconhecendo limites, mostrando que qualquer discordância do tucano equivale a uma sentença de morte política.

Que político pode gostar desses métodos, mesmo não sendo o alvo no momento? E os empresários, será que querem se submeter a alguém capaz de ir até onde Serra mostra que é capaz de ir?

Só não acho, com todo respeito ao Nassif, que se possa subestimar dessa forma as armas à disposição do tucano e o peso eleitoral que ele tem devido ao recall (lembrança do eleitorado de seu nome) que detém.

É claro que essa posição de Serra nas pesquisas não significa muita coisa há mais de um ano das eleições. Metade do eleitorado brasileiro não conhece a candidata de um presidente que tem 80% de aprovação. Sem um fato novo muito grave, realmente é bem possível que Serra despenque como fruta podre quando a eleição estiver no clímax.

Além disso, é impossível que, fora da raia da ultra-direita, pessoas normais e politizadas não achem estranho que um governo como o de São Paulo não seja alvo de crítica nenhuma, de acusação nenhuma de sua oposição. Vasculhe-se os jornais, digamos, de um ano para cá e não se encontrará absoltamente nada que incomode Serra.

Quem, em seu juízo perfeito, pode acreditar que algum governo seja tão impecável e que ninguém tenha ao menos uma acusação ou crítica a lhe fazer?

Só que a mídia não está pensando no eleitorado e, sim, em paralisar o Congresso e Petrobrás para impedir que Lula tenha ainda mais força quando a eleição estiver nas ruas. Contudo, vejam que a economia está prestes a começar a bombar de novo. Chegará ao ano que vem a todo vapor, com salários subindo, desemprego despencando etc. Mesmo com o Congresso paralisado.

Ora, Serra já deu para trás em 2006 com o mensalão e as imagens do dinheiro dos “aloprados”. De fato, Nassif está certo nesse ponto: agora, com os brasileiros encantados com a economia, valerá a pena, com mídia e tudo, trocar uma reeleição certa para o governo do Estado?

E não podemos nos esquecer da dependência que essa meia dúzia de grupos midiáticos tem hoje de Serra. Toda essa loucura que temos visto pode ser apenas para mostrar serviço.

Com tudo isso, com ou sem Serra a mídia só se emendará se PSDB e PFL entenderem que, através da escandalização do nada, não recuperará o poder. Ao fim do processo eleitoral do ano que vem, é bem possível que eles se convençam de que a sociedade viu e entendeu que tentaram sabotar o país. Aí, sim, o Brasil mudará de patamar na política.

Oxalá Nassif tenha razão...

Para ir ao Cidadania, clique aqui.


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Emir Sader: os riscos da volta da direita

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por Emir Sader, no seu blog em Carta Maior

Não subestimar a oposição. Pode ser fatal e facilitar o retorno da direita. Contam com toda a mídia, direção ideológica da direita brasileira. Contam com um candidato que, até agora, mantém a dianteira – e não basta dizer que é recall, porque é muito constante sua votação, o Ciro é recall e despencou nas pesquisas.

Contam com a grana, antes de tudo do grande empresariado paulista. Contam com os votos de São Paulo, que se tornou um estado conservador, egoísta, dominado pela ideologia elitista de 1932, de que são o estado do trabalho e o resto são vagões que a locomotiva tem que carregar. Contam com a despolitização destes anos todos, em que se apóia ao governo Lula, mas uma parte importante prefere, pelo menos até agora, o Serra. Contam com a retração na organização e na mobilização popular. Contam com a imagem de Serra, desvinculada do governo FHC, em que, no entanto, foi ministro econômico durante muito tempo, co-responsável portanto, do Plano Real, das privatizações, da corrupção, das 3 quebras da economia e as correspondentes idas ao FMI, da recessão que se prolongou por vários anos, como decorrência da política imposta pelo FMI e aceita pelo governo.

Conta também com erros do governo, seja na política de comunicação – alimentando as publicidades nos órgãos abertamente opositores, enquanto apóia em proporções muito pequenas os órgãos alternativos, seja estatais ou não. Erros de política de juros alta até bem entrada a crise, atrasando a recuperação da economia. Erros na política de apoio e promoção do agronegócios, em detrimento da reforma agrária, da economia familiar, da auto-suficiência alimentar.

É certo que a oposição não tem discurso que sensibilize ao povo, tanto assim que batem o tempo todo, com seus espaços monopólicos na mídia, mas só conseguem 5% de rejeição ao governo, que tem 80% de apoio. Mas também é certo que o estilo marqueteiro que ganharam todas as campanhas, despolitizam o debate, se Serra se mantiver na liderança das pesquisas, não precisa apresentar propostas, só as imagens maquiadas das “maravilhas” que estaria fazendo em São Paulo, assim como o tom de Aécio de que não é anti Lula, mas pós-Lula, dizendo – como disse e não cumpriu em São Paulo, que manteria os CEUS e outros programas sociais do PT – que vai deixar o que está bom – sempre atribuído ao casalsinho Cardoso.

A direita pode ganhar e se reapropriar do Estado. O governo Lula terá sido um parêntesis, dissonante em muitos aspectos essenciais dos governos das elites dominantes, que retornarão. Ou pode ser uma ponte para sair definitivamente do modelo neoliberal, superar as heranças negativas que sobrevivem, consolidar o que de novo o governo construiu e avançar na construção de um Brasil para todos.

Clique aqui para ir ao site de Carta Maior.


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Yael Naim - "Toxic" (Britney Spears Cover)


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Ayo - "Life is real"


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Yael Naim - "New soul"


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Israel e o crime de pirataria: o caso do barco "Spirit of Humanity"

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Marinha israelense com frequência ataca barcos de pescadores no litoral de Gaza, exatamente como fez com o "Spirit of Humanity"


por Radhika Sainath, em The Electronic Intifada

Quando a Marinha israelense deteve e abordou o pequeno barco de ajuda humanitária, que navegava sob bandeira grega, na 3ª-feira, dia 30/6/2009, aqueles comandos israelenses cometeram atos de pirataria, ao forçar a tripulação e 21 passageiros – entre os quais uma ex-deputada dos EUA e ganhadora do Prêmio Nobel – a atracar em Israel? Os oficiais israelenses podem ser acusados e processados? Nesse caso, onde serão julgados?

Na manhã de 29/6, o barco "Spirit of Humanity" partiu do porto de Chipre para a Faixa de Gaza, carregando cerca de três toneladas de remédios, mudas de oliveiras, brinquedos e outros itens de ajuda humanitária para a região onde vivem cerca de 1,5 milhão de palestinos. O "Spirit" viajava em águas internacionais quando, aproximadamente à 1h30 da madrugada, foi cercado por barcos israelenses armados, perdeu os sistemas de GPS, navegação e radar, e recebeu ordem de render-se ou o barco seria afundado. Marinheiros israelenses pesadamente armados subiram a bordo, obrigaram os passageiros a deitarem-se com o rosto no chão, agrediram vários deles e, por fim, ordenaram que o barco fosse levado para Israel. Lá, os passageiros foram postos em celas superlotadas e sem ventilação, até que todos – exceto dois passageiros – foram deportados.

A Marinha israelense com frequência ataca barcos de pescadores no litoral de Gaza, e várias vezes capturou barcos e prendeu tripulantes, exatamente como, dessa vez, fez com o "Spirit of Humanity".

Atos de pirataria, como definidos na legislação internacional, incluem atos ilegais de violência e detenção cometidos em alto mar ou fora da jurisdição de qualquer Estado. A pirataria ainda carrega fantasias de tesouros enterrados, navios postos a pique e o melhor de Johnny Depp; mas os homens do mar sempre temeram os piratas em águas-de-ninguém, onde barcos e tripulações navegam sem qualquer proteção de nenhuma lei de nenhum Estado.

A ação de Israel semana passada reproduz vários traços dos tradicionais atos de pirataria: os passageiros do "Spirit" viajavam desarmados por águas internacionais; estavam vulneráveis, sem saber se seriam salvos ou se seriam assassinados, quando a Marinha israelense invadiu seu barco e os fez prisioneiros. Israel cometeu crime de pirataria? A resposta técnica é: Sim.

Israel cometeu atos de evidente violência contra os passageiros do "Spirit", atos que, nos termos da Convenção da ONU para Altos Mares, são atos ilegais. Qualquer barco de guerra pode legitimamente abordar navio estrangeiro em águas internacionais e em alto mar, mas apenas em três casos: se houver motivo para suspeitar que o navio esteja envolvido em ato de pirataria; ou em ato de comércio de escravos; ou se o navio suspeito – independente de nacionalidade ou bandeira – tiver, de fato, a mesma nacionalidade do barco de guerra que o aborde. Nada disso aconteceu no caso do ataque pirata ao "Spirit".

Segundo notícia divulgada dia 1/7 pelo movimento Free Gaza, o barco "Spirit of Humanity" navegava em águas internacionais ao ser abordado e capturado pela Marinha de Israel. Mesmo que o barco já estivesse em águas de Gaza, ainda assim o ato de abordar e capturar passageiros e tripulação seria ato de pirataria, porque o litoral de Gaza não está sob jurisdição de nenhum Estado – e com absoluta certeza não está sob jurisdição de Israel. "Jurisdição", vale lembrar, é diferente de "controle". Apesar de Israel exercer controle de facto sobre Gaza, Israel não tem jurisdição legal, de jure, sobre Gaza.

Além disso, embora a pirataria seja tradicionalmente definida como ato privado, nenhuma lei ou direito justifica que marinheiros israelenses capturem o barco, impeçam-no de navegar, capturem os passageiros e tripulação e confisquem a carga; nesse caso deve-se legitimamente falar de "pirataria de Estado": um Estado patrocina ações de pirataria.

Por que é tão importante que Israel seja formalmente acusada de prática de pirataria, sobretudo quando já enfrenta várias novas acusações por prática de crimes de guerra?

A lei em geral, nacional e internacional, há muito consagrou o princípio de que os piratas são "hostis humani generis" – inimigos de toda a humanidade. No século 18, as nações definiram um consenso segundo o qual a pirataria seria considerada crime, e todas as nações passaram a ter o direito de processar piratas independente de nacionalidade. Nos EUA (ver "EUA contra Smith", 18 U.S. 153, 1820), a Corte Suprema já declarou que esse princípio da jurisdição universal aplica-se para punir todos, "nativos ou estrangeiros, que cometam crime de pirataria contra quaisquer pessoas (...)".

Em outras palavras, a pirataria é um dos primeiros crimes definidos como tal pela lei internacional. Hoje, a lei internacional dá à pirataria tratamento equivalente ao que dá à escravatura e ao genocídio, que têm status de jus cogens (direito cogente) – norma ou direito que não pode ser derrogado. Isso implica que os Estados são obrigados por norma de direito internacional cogente, concordem ou não com a aplicação desse tipo de lei. Por exemplo, nenhum país poderá praticar a escravidão, ainda que faça aprovar leis nacionais que permitam a escravidão.

Apresentar denúncia formal contra os marinheiros e comandantes israelenses por crime de pirataria é importante, hoje, não apenas para punir os que atacaram o "Spirit" dia 30/6, mas também para afirmar a legitimidade da legislação internacional, cada dia mais vista como legislação de uso seletivo, aplicada quando interessa aos países ricos como instrumento para oprimir os países pobres. A guerra contra a pirataria voltou à pauta contemporânea graças à Resolução n. 1851 da ONU, proposta pelos EUA, que exige que todos os Estados participem da luta contra os piratas ativos na costa da Somália e que autoriza, inclusive, ações em terra, no interior do território da Somália.

Não se admite que as leis contra a pirataria sejam aplicadas apenas contra africanos pobres que assaltam imensos petroleiros e causam prejuízo às grandes corporações comerciais. Assim como os procuradores do Distrito Sul de Nova Iorque indiciaram um cidadão somali, acusado de prática de dez crimes, entre os quais pirataria e sequestro, assim também é preciso indiciar os israelenses que dia 30/6 cometeram e ajudaram a cometer crimes de pirataria contra o barco "Spirit of Humanity" e que cometem frequentemente os mesmos crimes contra barcos palestinos.

Ainda mais importante que isso, governos e a sociedade civil, em todo o planeta, devem trabalhar para obter que Israel respeite a legislação internacional, todos os direitos de autodeterminação e os direitos humanos de todos os povos, inclusive dos palestinos.

* Radhika Sainath é advogada em Los Angeles, especialista em Direitos Humanos. Acaba de publicar, como organizadora, o relatório
Peace Under Fire: Israel/Palestine and the International Solidarity Movement.

O artigo original pode ser lido em: http://electronicintifada.net/v2/article10657.shtml

Fonte: Vi o Mundo

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Amigos do Rio, tô chegando pra tocar! Festa Pitada, dia 24/07 - Sexta - Cinematèque - Botafogo




Cariocada, anotem na agenda: dia 24/07, Sexta, vou fazer uma participação especial na festa Pitada. Mais detalhes no flyer abaixo! Todos os amigos serão muito bem vindos! Saudade de tocar no Rio. Vamos rebolar? Vejo vcs na festenha!
Lista amiga: cadaumnasua@pitada.org
bjs
Alê

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Asa [Asha]- "Jailer" and "Fire on the montain"


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domingo, 19 de julho de 2009

Caso Batistti - Réplica ao ministro Tarso Genro

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por Mino Carta

CartaCapital
recebeu na terça 14 uma carta do ministro da Justiça, Tarso Genro. Refere-se ao editorial da última edição. “Gostaria de esclarecer”, escreve o ministro, “que minha decisão sobre a concessão de refúgio ao cidadão italiano Cesare Battisti não decorreu de argumentos apresentados pela escritora Fred Vargas. Decorreu, sim, do estudo detalhado de provas, argumentos e fatos constantes do processo que tramitou no Ministério da Justiça.

“O fato de existir sentença criminal contra uma pessoa não exclui, por si só, a possibilidade de seu reconhecimento como refugiada. É o que determina a Convenção de 1951 das Nações Unidas e a lei brasileira de refúgio.

“Ser o solicitante de refúgio originário de um estado democrático também não impede a concessão da proteção internacional. O Brasil possui, neste momento, cerca de 5 mil refugiados, de 72 diferentes nacionalidades, muitos provenientes de estados democráticos. Há, também, brasileiros refugiados no exterior, não deixando de ser o Brasil um Estado Democrático de Direito.”

Recomendava meu mestre Raymundo Fao-ro: não exagere na ironia, a maioria acha que você está falando sério. Quando, no editorial da última edição, escrevi que Fred Vargas influenciava o ministro Tarso, visava ao senador Suplicy, na aposta de que não se trate de um perito em ironia. De todo modo, sem ironia, cito algumas passagens da motivação do ministro destinada a justificar o asilo político a Cesare Battisti.

• Ao fundamentar a rejeição do parecer do Conare, a favor da extradição, reconhece “fundados temores de perseguição” em relação ao ex-terrorista, caso devolvido à Itália. Observem, contudo, que o parágrafo III do artigo 3º da Lei 9.784 soletra: “Não será beneficiado quem tenha cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo ou tenha participado de atos terroristas”. O ministro ignorou a lei.

• Inciso 12 do documento ministerial: “É de acentuada convulsão social o momento histórico no qual o recorrente foi condenado pela Justiça italiana”. Inciso 16: “No caso italiano, as possibilidades para que os abusos ocorressem estavam dadas pelo ordenamento jurídico forjado nos anos de chumbo”. Inciso 17: “É público e incontroverso, igualmente, que os mecanismos de funcionamento da exceção operaram na Itália”. Incontroverso? O adjetivo nega a história: o mundo reconheceu à época que, ao contrário de outros países, a Itália combatera o terrorismo sem alterar uma única vírgula da sua Constituição longeva e progressista. Seu artigo 1º diz: “A Itália é uma república baseada no trabalho”.

• “A mudança de posição do Estado francês (quando caducou a chamada Doutrina Mitterrand) foi o motor único da sua deslocação (de Battisti) para o Brasil.” Aqui resta saber se o ministro Tarso, ele sim, pratica a ironia. A deslocação é fuga, pois a Justiça da França já sacramentara a expatriação.

• “Enxergou ainda o recorrente razões políticas para os reiterados pedidos de extradição Itália-França, bem como para a concessão da extradição, que conforme o recorrente estariam vinculadas à situação eleitoral francesa. O elemento do fundado temor de perseguição, necessário para o reconhecimento da condição de refugiado, está, portanto, claramente configurado.” Falou e está falado. Como se verifica, o recorrente ao menos, em lugar de Fred Vargas, é fonte preciosa e decisiva para o ministro da Justiça do Brasil. Tarso Genro assume o papel de juiz da Justiça italiana, e afronta também a francesa, ao entender que a movem escusos comprometimentos políticos, como garante Battisti. E, ainda, o Estado italiano, que não saberia cuidar dos seus presos.

O ministro insistiu nestes argumentos meses a fio, secundado por vários dos seus auxiliares, e indiferente diante da evidência de que delitos de sangue, mesmo cometidos em nome desta ou daquela ideologia, são inexoravelmente comuns. Os anarquistas que matavam reis e aristocratas um século e mais atrás nunca receberiam asilo político.

Não comento o truísmo contido na carta do ministro, por quem tenho amizade e apreço. Não me furto, porém, à seguinte observação: qualquer rábula sabe que, em tese, o status de refugiado pode ser concedido mesmo quando há sentença cominada e seja o requerente originário de país onde vigora o Estado Democrático de Direito. Vale recordar, no entanto, que pelo Tratado de Cooperação Judicial entre Brasil e Itália não se outorga juízo revisor das decisões de mérito, conforme jurisprudência, aliás, do Supremo Tribunal Federal.

Fonte: Carta Capital

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Luís Nassif: o último suspiro de Serra

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O último suspiro de Serra

por Luís Nassif, em seu blog

Entenda melhor o que está por trás dessa escalada de CPIs, escândalos e tapiocas da mídia.

A candidatura José Serra naufragou. Seus eleitores ainda não sabem, seus aliados desconfiam, Serra está quase convencido, mas naufragou.

Política e economia têm pontos em comum. Algumas forças determinam o rumo do processo, que ganha uma dinâmica que a maioria das pessoas demora em perceber. Depois, torna-se quase impossível reverter, a não ser por alguma hecatombe - um grande escândalo.

O início da derrocada

O início da derrocada de Serra ocorreu simultaneamente com sua posse como novo governador de São Paulo. Oportunamente abordarei as razões desse fracasso.

Basicamente:

1. O estilo autoritário-centralizador e a falta de punch para a gestão. O Serra do Ministério da Saúde cedeu lugar a um político vazio, obcecado com a política rasteira. Seu tempo é utilizado para planejar maldades, utilizar a mão-de-gato para atingir adversários, jornalistas atacando colegas e adversários e sua tropa de choque atuando permanentemente para desestabilizar o governo.

2. Fechou-se a qualquer demanda da sociedade, de empresários, trabalhadores ou movimentos sociais.

3. Trocou programas e ideias pelo modo tradicional de fazer política: grandes gastos publicitários, obras viárias, intervenções suspeitíssimas no zoneamento municipal (comandado por Andrea Matarazzo), personalismo absurdo, a ponto de esconder o trabalho individual de cada secretário, uso de verbas da educação para agradar jornais. Ao contrário de Franco Montoro, apesar de ter alguns pesos-pesados em seu secretariado, só Serra aparece. Em vez de um estado-maior, passou a comandar um exército de cabos e sargentos em que só o general pode se pronunciar.

4. Abandonando qualquer veleidade de inovar na gestão, qual a marca de Serra? Perdeu a de bom gestor, perdeu a do sujeito aberto ao contato com linhas de pensamento diversas (que consolidou na Saúde), firmou a de um autoritário ameaçador (vide as pressões constantes sobre qualquer jornalista que ouse lhe fazer uma crítica).

5. No meio empresarial (indústria, construção civil), perdeu boa parte da base de apoio. O mercado o encara com um pé atrás. Setores industriais conseguem portas abertas para dialogar no governo federal, mas não são sequer recebidos no estadual. Há uma expectativa latente de guerra permanente com os movimentos sociais. Sobraram, para sua base de apoio, a mídia velha e alguns grandes grupos empresariais de São Paulo - mas que também (os grupos) vêem a candidatura Dilma Rousseff com bons olhos.

A rede de interesses

O PSDB já sabe que o único candidato capaz de surpreender na campanha é Aécio Neves. Deixou marca de boa gestão, mostrou espírito conciliador, tem-se apresentado como continuidade aprimorada do governo Lula - não como um governo de ruptura, imagem que pegou em Serra.

Será bem sucedido? Provavelmente não. Entre a herança autêntica de Lula - Dilma - e o genérico - Aécio - o eleitor ficará com o autêntico. Além disso, se Serra se tornou uma incógnita em relação ao financismo da economia, Aécio é uma certeza: com ele, voltaria com tudo o estilo Malan-Armínio de política econômica, momentaneamente derrotado pela crise global. Mas, em caso de qualquer desgaste maior da candidatura oficial, quem tem muito mais probabilidade de se beneficiar é Aécio, que representa o novo, não Serra, que passou a encarnar o velho.

Acontece que Serra tem três trunfos que estão amarrando o PSDB ao abraço de afogado com ele.

O primeiro, caixa fornida para bancar campanhas de aliados. O segundo, o controle da Executiva do partido. O terceiro, o apoio (até agora irrestrito) da mídia, que sonha com o salvador que, eleito, barrará a entrada de novos competidores no mercado.

Se desiste da candidatura, todos os que passaram a orbitar em torno dele terão trabalho redobrado para se recolocarem ante outro candidato. Os que deram apoio de primeira hora sempre terão a preferência.

Fica-se, então, nessa, de apelar para os escândalos como último recurso capaz de inverter a dinâmica descendente de sua candidatura. E aí sobressai o pior de Serra.

Ressuscitando o caso Lunus

Em 2002, por exemplo, a candidatura Roseana Sarney estava ganhando essa dinâmica de crescimento. Ganhara a simpatia da mídia, o mercado ainda não confiava em Serra. Mas não tinha consistência. Não havia uma base orgânica garantindo-a junto à mídia e ao eleitorado do centro-sul. E havia a herança Sarney.

Serra acionou, então, o Delegado Federal Marcelo Itagiba, procuradores de sua confiança no episódio que ficou conhecido como Caso Lunus - um flagrante sobre contribuições de campanha, fartamente divulgado pelo Jornal Nacional. Matou a candidatura Roseana. Ficou com a imagem de um chefe de KGB.

A dinâmica atual da candidatura Dilma Rousseff é muito mais sólida que a de Roseana.

1. É apoiada pelo mais popular presidente da história moderna do país.

2. Fixou imagem de boa gestora. Conquistou diversos setores empresariais colocando-se à disposição para conversas e soluções. O Plano Habitacional saiu dessas conversas.

3. Dilma avança sobre as bases empresariais de Serra, e Serra se indispôs com todos os movimentos sociais por seu estilo autoritário.

4. Grande parte dessa loucura midiática de pretender desestabilizar o governo se deve ao receio de que Dilma não tenha o mesmo comportamento pacífico de Lula quando atacada. Mas ela tem acenado para a mídia, mostrando-se disposta a uma convivência pacífica. Não se sabe até que ponto será bem sucedida, mas mostrou jogo de cintura. Já Serra, embora tenha fechado com os proprietários de grupos de mídia, tem assustado cada vez mais com sua obsessão em pedir a cabeça de jornalistas, retaliar, responder agressivamente a qualquer crítica, por mais amena que seja. Se já tinha pendores autoritários, o exercício da governança de São Paulo mexeu definitivamente com sua cabeça. No poder, não terá a bonomia de FHC ou de Lula para encarar qualquer crítica da mídia ou de outros setores da economia.

5. A grande aposta de Serra - o agravamento da crise - não se confirmou. 2010 promete ser um ano de crescimento razoável.

Com esse quadro desfavorável, decidiu-se apertar o botão vermelho da CPI da Petrobrás.

O caso Petrobras

Com a CPI da Petrobras todos perderão, especialmente a empresa. Há um vasto acervo de escândalos escondidos do governo FHC, da passagem de Joel Rennó na presidência, aos gastos de marketing especialmente no período final do governo FHC.

Todos esses fatos foram escondidos devido ao acordo celebrado entre FHC e José Dirceu, visando garantir a governabilidade para Lula no início de seu governo. A um escândalo, real ou imaginário, aqui se devolverá um escândalo lá. A mídia perdeu o monopólio da escandalização. Até que grau de fervura ambos os lados suportarão? Lá sei eu.

O que dá para prever é que essa guerra poderá impor perdas para o governo; mas não haverá a menor possibilidade de Serra se beneficiar. Apenas consolidará a convicção de que, com ele presidente, se terá um país conflagrado.

Dependendo da CPI da Petrobras, aguarde nos próximos meses uma virada gradual da mídia e de seus aliados em direção a Aécio.

O blog do Nassif é aqui.


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sábado, 18 de julho de 2009

Sob Obama, Assessores de Estado assumem o autoritarismo

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por Luiz Eça


Em matéria de ameaças ao Irã por seu programa nuclear, Bush e acólitos jamais passaram do refrão "todas as opções continuam sobre a mesa", que deixava implícita a via militar.

Falando no Conselho de Relações Exteriores, Hillary Clinton foi muito além. Ela dispensou as indiretas e partiu para "os Estados Unidos não hesitarão em usar sua força militar para defender nossos amigos (Israel?), nossos interesses (o petróleo do golfo Pérsico?) e, acima de tudo, o nosso povo".

Foi a conclusão de um processo que acabou colocando um porrete nas mãos que Obama havia inicialmente estendido ao Irã.

A política de conciliação com os iranianos foi afirmada por ele logo após sua posse. Seu ponto mais alto, o famoso vídeo de 21 de março, enviado pelo presidente americano ao povo do Irã, dizia que "este processo não avançará com ameaças. Em vez disso, buscamos acordos honestos e baseados em respeito mútuo". Exatamente o contrário da recente frase da Secretária de Estado, citada acima.

O discurso conciliador engasgou durante o episódio da repressão às manifestações contra a vitória eleitoral de Ahmadinejad. No começo, Obama adotou uma postura neutra. Mas - principalmente para agradar o público interno, chocado com as violências da polícia dos aiatolás - passou a condenar o governo de Teerã em termos bastante duros. O que provocou respostas iradas. O presidente americano não passou recibo: seus planos de discutir as ambições nucleares do Irã, num clima amigável, poderiam abortar de acordo com a solução da crise pós-eleições.

Como a coisa estava indo longe demais, a turma do "deixa disso" foi convocada. O representante de Obama junto a Teerã, David Axelrod, ponderou que ainda havia chances para a diplomacia. E Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, foi categórica ao garantir que isso "era do interesse nacional dos Estados Unidos". Poucos dias depois, os americanos voltaram à carga.

Em entrevista à CNN, o vice-presidente, Joe Biden, disse que de modo algum os Estados Unidos pressionariam Israel para não bombardear as instalações nucleares do Irã. Aí, passou o sinal. E o próprio Obama apressou-se em comunicar urbi et orbi que, de modo algum, seu governo aceitaria tal brutalidade (usou palavras mais brandas...).

Mas logo voltou a jogar pesado. Foi à Rússia propor a troca do apoio de Moscou a sanções mais severas contra o Irã pela renúncia dos Estados Unidos ao escudo anti-mísseis na Europa Oriental. Afinal de contas, forçando Ahmadinejad a desistir de seu projeto nuclear, o "escudo" seria dispensável.

Para evitar que os aiatolás pudessem respirar, logo na terça-feira, 14 de julho, Hillary Clinton declarou em entrevista que não acreditava na solução diplomática. Portanto: "Pediríamos ao mundo que se unisse a nós para impor sanções ainda mais duras para tentar mudar o comportamento do regime". E, mandando a conciliação para o espaço, "acredito que não é uma posição inteligente aliar-se a um regime que está sendo rejeitado por tantos dos seus próprios cidadãos".

No dia seguinte, ela deu uma última chance ao Irã, em discurso cujo texto foi antecipado pelo Departamento de Estado. "A hora de agir é agora. A oportunidade não ficará disponível indefinidamente". E, se os aiatolás não pedirem água logo, os Estados Unidos "não hesitarão em usar sua força militar para defender nossos interesses". Bush, Cheney e Condolezza não chegaram nem perto disso.

A surpreendente mudança de atitude do governo Obama parece obedecer a uma estratégia de força, bem nos moldes das antes censuradas políticas de Bush.

Ele pretende amedrontar o governo dos aiatolás, na convicção de que, fragilizado como ficou com o crescimento da oposição interna na crise pós-eleitoral, ele acabe por ceder às exigências israelo-ocidentais.

Caso persista o "não", os americanos e seus aliados viriam com sanções tão destruidoras que o regime dos aiatolás seria obrigado a pedir água ou, sonho dos sonhos, cair, sendo substituído por alguém bem mais palatável como Moussavi.

Há, porém, um complicador. Como Rússia e China, amigas e parceiras comerciais do Irã, vetarão mais punições no Conselho de Segurança, Obama teria de agir à revelia dele. Unir-se ao sempre fiel Gordon Brown e aos ansiosos por agradar Sarkozy, Merkel e Berlusconi num programa de retaliações à margem da ONU. Isso desprestigiaria a entidade que perderia sua razão de ser, pois estaria sendo criada uma nova instância para assumir suas funções na solução dos problemas internacionais.

Outro aspecto negativo é que os Estados Unidos veriam se alargar o fosso que os separa dos países islâmicos. Talvez irreparavelmente. E o histórico discurso do Cairo viraria apenas "words, words, words."

Será que a "mudança de Obama" poderia mudar num sentido tão contrário aos ideais que alicerçaram sua campanha?

*Luiz Eça é jornalista.

Fonte: Correio da Cidadania

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Por favor, repassem! - Na vigésima quarta hora

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Na vigésima quarta hora

Editorial do Correio da Cidadania

O último recurso de que a cidadania pode se valer para barrar a Lei da Grilagem das Terras da Amazônia é a Adin (Ação Declaratória de Inconstitucionalidade).

Nesta semana o Ministério Público Federal protocolou essa ação no Supremo Tribunal Federal. A palavra agora está com o Judiciário.

A decisão desta Adin é tipicamente daquelas decisões em que se manifesta o caráter político desse tribunal. Os ministros não darão uma sentença favorável aos proponentes se não tiverem a certeza de que eles representam o desejo da opinião pública.

Desse modo, na verdade, a palavra está com as entidades que, no seu conjunto, expressam o sentir do povo.

É agora a hora de saber se essas entidades estão dispostas a defender os interesses da nação, ainda que isto signifique bater de frente com Lula e os seus 80% de apoio popular.

A maneira de demonstrar essa disposição consiste em entrar na causa através da figura jurídica denominada "amicus curiae"- amigo do tribunal.

O "amicus curiae" é um colaborador que se dispõe a enviar, aos autos do processo, elementos que ajudem a esclarecer a controvérsia e, portanto, ajudem o juiz a chegar a uma decisão.

Esse apoio é vital para o Ministério Público, porque mostrará aos Ministros que, além dos argumentos jurídicos, há um sentimento popular contra a lei.

A ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária) já declarou seu apoio à Adin e pediu ao Professor Fabio Comparato que coordenasse o trabalho de reunir nossa argumentação e levá-la ao Supremo.

O Correio da Cidadania apela a todas as entidades combativas da sociedade brasileira para que apóiem esta iniciativa. A entidade que quiser associar-se ao grupo dos "amici curiae" podem fazê-lo enviando sua adesão à redação do Correio ( correio@correiocidadania.org.brEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email ). O jornal se encarregará das providências seguintes.

Cada vez mais a situação política obriga os partidos, as organizações da sociedade civil e as pessoas individualmente a encararem seriamente a questão de saber de que lado estão.

Cada vez torna-se mais difícil ficar à margem, pois deixar de agir significa estar do lado dos que estão vendendo o Brasil.

Vivemos a vigésima quarta hora. Na vigésima quinta não adiantará nada chorar sobre o leite derramado.

Fonte: Correio da Cidadania

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