quinta-feira, 18 de junho de 2009

Comportamento sexual do brasileiro - 7,1 milhões traem seus parceiros fixos

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O Ministério da Saúde acaba de concluir a maior pesquisa já realizada sobre comportamento sexual do brasileiro. Entre os meses de setembro e novembro de 2008, pesquisadores percorreram as cinco regiões do país para fazer 8 mil entrevistas com homens e mulheres entre 15 e 64 anos. A análise das informações auxiliará na execução e na avaliação da política para a aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. De acordo com o estudo, 77% dessa população (66,7 milhões) teve relações sexuais nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

As principais diferenças de comportamento estão entre homens e mulheres. Entre eles, 13,2% tiveram mais de cinco parceiros casuais no ano anterior à pesquisa; entre elas, esse índice é três vezes menor (4,1%). 10% deles tiveram, pelo menos, um parceiro do mesmo sexo na vida, enquanto só 5,2% delas já fizeram sexo com outras mulheres. A vida sexual deles também começa mais cedo – 36,9% deles tiveram relações sexuais antes dos 15 anos; entre elas esse índice cai para menos da metade, 17%.

SEXO SEGURO

A pesquisa constatou ainda que quase metade da população (45,7%) faz uso consistente do preservativo com seus parceiros casuais (usou em todas as relações eventuais nos últimos 12 meses). As principais diferenças estão entre homens e mulheres e por faixa etária. Homens usam mais preservativos que as mulheres em todas as situações. Os jovens são os que mais fazem sexo protegido em relação aos mais velhos.

Os jovens de 15 a 24 anos de idade demonstram mais atitude em relação às doenças sexualmente transmissíveis. Eles têm comportamento mais seguro quando comparados às outras faixas etárias – usam mais o preservativo. O retrato da vida sexual desse segmento é um dos destaques da Pesquisa sobre Comportamento, Atitudes e Práticas Relacionadas às DST e Aids na População Brasileira de 15 a 64 anos (PCAP - 2008). O levantamento foi realizado em todas as regiões do Brasil e ouviu 8 mil pessoas de 15 a 64 anos de idade.

O grupo entre 15 a 24 anos de idade adota mais o preservativo em todas as situações. Na última relação sexual com parceiros casuais, por exemplo, 68% deles usaram preservativo, enquanto nos maiores de 50 anos a proporção não chega a 38%. Com parceiros fixos, 30,7% dos jovens costumam fazer uso da camisinha. Entre aqueles de 25 a 49 anos só 16,6% adotam a mesma prática. Acima de 50 anos, o percentual cai para 10%. Isso pode ser um reflexo das campanhas dirigidas para o público e do envolvimento das escolas nas atividades de prevenção às DST e aids.

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Apesar do elevado conhecimento, o estudo aponta que, depois da primeira relação sexual, o uso da camisinha cai. Passa de 61% para 50% nas relações sexuais com parceiros casuais. “Os jovens de hoje nasceram na era da aids, por isso a relação com o preservativo é mais habitual”, avalia Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST e Aids do Ministério da Saúde. De acordo com ela, o problema é que, quando se estabelece a confiança entre eles, o uso do preservativo deixa de ser prioridade, em especial, para as meninas.

É também nessa faixa etária que se registra o maior número de parceiros casuais. No último ano, 14,6% dos jovens tiveram mais de cinco parcerias eventuais. No mesmo período, o índice foi proporcionalmente a metade (7,2%) entre a população de 24 a 49 anos de idade.
Um dado da PCAP que chama a atenção é que a internet tem sido um meio utilizado pelos jovens para conhecer parceiros. A pesquisa mostra que 10,5% teve pelo menos um parceiro sexual que conheceu na rede mundial de computadores. Entre os acima dos 50 anos, esse tipo de comportamento não chega a 2%.

Outro dado importante. Em 2003, os Ministérios da Saúde e da Educação, em parceria com escritórios das Nações Unidas, implantaram o programa Saúde e Prevenção nas Escolas, que discute prevenção das DST e aids, saúde sexual e reprodutiva. A iniciativa – presente em mais de 50 mil escolas públicas de todo o país – também disponibiliza preservativo à comunidade escolar. “O jovem está aberto, preocupado com sua saúde. E a escola é um espaço adequado para que os estudantes se conscientizem sobre a importância do uso da camisinha e a prevenção das DST”, acredita Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST e Aids.

INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

A população brasileira possui um elevado índice de conhecimento sobre as formas de infecção e de prevenção da aids – mais de 95% da população sabe que o uso do preservativo é a melhor maneira de evitar a infecção pelo HIV. O conhecimento é maior entre pessoas de maior escolaridade. Mas mesmo entre aqueles com primário incompleto, o preservativo é bastante conhecido. Além disso, 90% dos brasileiros afirmaram saber que a aids ainda não tem cura.

Não há diferenças relevantes sobre o conhecimento entre as regiões nem entre os sexos. Esse é um dos índices mais elevados do mundo. Pesquisa realizada em 64 países indicou que 40% dos homens e 38% das mulheres de 15 a 24 anos tinham conhecimento exato sobre como evitar a transmissão do HIV. Além disso, dados do relatório da Assembléia Geral das Nações Unidas em HIV/Aids (UNGASS) de 2008 apontam que, no mundo, há diferenças importantes entre os sexos: pouco mais de 70% dos homens jovens sabem que usar preservativo é uma estratégia de prevenção eficaz contra a transmissão do HIV. Entre as mulheres, são apenas 55%.

MAIS EXPOSTOS

A comparação dos resultados da PCAP 2008 com os da mesma pesquisa realizada em 2004 acenderam o alerta para o Ministério da Saúde. O brasileiro tem feito mais sexo casual. Em 2004, 4% das pessoas haviam tido mais de cinco parceiros casuais no ano anterior. Em 2008, esse índice foi mais que o dobro, passando para 9,3%. Ao lado disso, o conhecimento sobre os riscos de se infectar com o HIV e sobre as formas de prevenção continuam altos. Mesmo assim, a pesquisa identificou uma tendência queda no uso do preservativo. Passou de 51,6% em todas as parcerias eventuais, em 2004, para 46,5% em 2008.

Pela primeira vez, a PCAP analisou a ocorrência das relações casuais no mesmo período das relações fixas. De acordo com a pesquisa, 16% dos brasileiros traem – dos 43,9 milhões que viviam com companheiros (as), 7,1 milhões tiveram parceiros (as) eventuais, no mesmo período. São os homens os que mais traem: 21% (4,7 milhões). Já para as mulheres, esse índice é de 11% (1,8 milhão).
A pesquisa analisou também o uso do preservativo nas parcerias casuais fora da relação estável. O uso nessa situação é baixo. 63% não adotaram preservativo em todas as vezes que fizeram sexo com parceiro eventual. Entre os homens, o índice é de 57% e entre as mulheres 75%.

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O QUE PROMOVE O USO DO PRESERVATIVO

O Departamento de DST e Aids – responsável pelo estudo – criou um modelo estatístico para analisar as informações da pesquisa e identificou quais são os principais fatores que impactam a adoção do preservativo. Gênero, acesso gratuito à camisinha e quantidade de parcerias casuais são as características mais importantes:

* Homens têm 40% mais chance de usar camisinha que as mulheres;

* Quanto mais jovem, maior a probabilidade de uso de preservativo (a cada ano, diminui 1% a chance de o indivíduo usar preservativo);

* Quem teve mais de cinco parceiros casuais nos últimos 12 meses tem quase duas vezes mais chance de usar que os que não tiveram;

* Quem já pegou preservativo de graça tem duas vezes mais chance de usar que aqueles que nunca pegaram.

A divisão por sexo mostra que alguns fatores têm impacto diferenciado sobre homens e mulheres. Entre eles, os “solteiros” têm quase quatro vezes mais chance de usar a camisinha que os com relações estáveis; os que já pegaram preservativo de graça têm 80% mais chance de usar que os que nunca pegaram. Entre as mulheres, as “solteiras” têm mais que o dobro de chance de usar que as “casadas”. As que já pegaram preservativo de graça têm mais que o dobro de chance de fazer sexo seguro que as que nunca pegaram.

Fonte: Vi o Mundo

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