:: Por Ligia Martins Almeida em 23/6/2009 | |
Nós brasileiros sempre nos orgulhamos – especialmente quando na comparação com outros países – de não sermos preconceituosos. Mas a própria imprensa, que ignora o assunto, talvez achando que não há motivo para discutir o que "não existe", mostra que a realidade é outra. Na semana passada, duas notícias desmentiram essa imagem do "homem cordial" de que nos orgulhamos tanto. A primeira notícia foi a morte, depois da Parada do Orgulho Gay, de um rapaz que foi espancado ainda não se sabe por quem. O rapaz era gay, era negro e segundo seus amigos, nem participou da parada. A notícia foi dada pela imprensa, mas não com a ênfase merecida. O Estadão de sábado (20/06/09) publicou a versão oficial dos fatos: "A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) passou a investigar ontem a morte do chef de cozinha Marcelo Barros, de 35 anos. A vítima foi espancada logo após a Parada Gay e morreu na Santa Casa de São Paulo três dias depois. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o inquérito instaurado na 1ª Delegacia Seccional Centro como lesão corporal seguida de morte passou para as mãos de Margarete Barreto, titular da Decradi. A principal linha de investigação é que grupos neonazistas de white powers estejam envolvidos, intolerantes a gays, negros, nordestinos e judeus. Foi justamente um grupo com essas semelhanças que foi visto por testemunhas perto de uma estação do metrô após o crime." Homofobia e insanidade Além dos fatos oficiais, a imprensa noticiou também que seus amigos pretendiam fazer uma manifestação pedindo justiça. E ficou por aí. A insanidade, a homofobia, o crime, ao que tudo indica, não comoveram ninguém. Afinal, o morto não era uma celebridade que merecesse perfil, entrevistas com amigos, acompanhamento do velório e enterro, prática comum quando o morto é alguém conhecido. Mas talvez a segunda notícia – publicada no mesmo Estado de São Paulo dois dias antes (18/06/09) sirva para explicar esse aparente descaso com negros e homossexuais. Uma pesquisa feita a pedido do Inep e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (do MEC) concluiu: "99,9% dos entrevistados tem algum tipo de preconceito e mais de 90% gostariam de manter algum nível de distanciamento social dos portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros." O economista José Afonso Mazzon, responsável pela pesquisa, diz: "A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura." A boa notícia é que O Ministério de Educação pretende agir, através de cursos, contra o preconceito. Mas, como diz um dos organizadores da pesquisa, "são ações que demoram em ter resultados efetivos". Admitir que o problema existe e precisa ser combatido, já é um primeiro passo. Os resultados com certeza seriam muito mais rápidos se a imprensa deixasse de lado a hipocrisia e começasse a fazer a sua parte na luta contra os preconceitos. Se - a cada vez que um homossexual, um negro, um pobre, uma mulher ou uma criança for agredido por ser quem é - a imprensa tratar o assunto com a indignação devida, ou, pelo menos, fizer matérias que vão além do registro policial, estará, com toda a certeza, cumprindo com mais eficiência o seu papel, denunciando e combatendo o preconceito. Fonte: Observatório da Imprensa :: |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
Nenhum comentário:
Postar um comentário