quarta-feira, 17 de junho de 2009

Indiana Minc e o Reino da Amazônia Perdida

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por Leonardo Sakamoto

Estive nesta manhã na Conferência Internacional de Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos, assistindo a uma palestra sobre a sustentabilidade de biomas e o foco nas cadeias produtivas. A representante do Ministério do Meio Ambiente, em um momento descontraído de sua participação, revelou que os funcionários do ministério brincam com o ministro chamando-o de “Indiana Minc”, referência ao caçador de tesouros Indiana Jones - devido à sua presença constante em operações do Ibama de combate ao desmatamento.

Adoro esses momentos… Eles mostram certas coisas que nunca seriam ditas em outras situações. Quem conhece Minc sabe do seu amor pelos holofotes e por aparecer na mídia. É diferente do estilo mais contido, mas combativo, da ex-ocupante do cargo, a senadora Marina Silva. Isso não seria em si um problema caso “Indiana Minc” estivesse atuando de forma mais firme para mudar o modelo de desenvolvimento, que consome não só a floresta e sua gente como coloca na berlinda a qualidade de vida das próximas gerações. Mas, ao contrário, não tem feito tudo ao seu alcance para evitar o desmonte da legislação trabalhista, a aprovação de leis bizarras que afetam o meio ambiente e o rolo compressor socioambiental das obras do PAC. O problema não é ser ou não midiático, mas ser em cima de que.

A discussão pública com a chamada “Miss Desmatamento”, a líder ruralista e senadora Kátia Abreu, acabou em panos quentes, em um momento em que o embate público de argumentos e posições se faz mais do que necessário. Parece que Minc tem vergonha de pedir publicamente ao presidente da República os vetos aos artigos da Medida Provisória 458 (que trata da regularização fundiária e que, do jeito em que foi aprovada pelo Congresso, pode legalizar milhões de hectares de terras griladas na Amazônia), inseridos pela Câmara dos Deputados e mantidos pelo Senado.

O ministro adora fazer pactos com a iniciativa privada. Importante, mas a função do ministério é fazer valer a lei antes de mais nada, coisa que está cada vez mais difícil. Ele diz que todo mundo reclama do MMA e que os ministérios da Agricultura e Pecuária, Indústria e Comércio, Fazenda, Transportes (de Alfredo Nascimento, o ministro BR-319) também deveriam ser cobrados também. Claro. Contudo, isso amplia, mas não exime, a responsabilidade de ninguém.

Esse filme nós temos visto há muito tempo. Os atores que interpretam os personagens mudam, mas o enredo é o mesmo, afinal este é um país que vai para frente…

Fonte: Blog do Leonardo Sakamoto

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