quinta-feira, 18 de junho de 2009

Acabo de ler esse livro! Emocionante! HQ de primeira. Seguem trechos do livro!

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'Fun home' leva homossexualidade e morte às HQs

História autobiográfica narra infância da quadrinista Alison Bechdel.


Recém-lançada no Brasil, obra foi escolhida como livro do ano pela revista 'Time'.

Diego Assis Do G1, em São Paulo

Foto: Reprodução

É difícil pensar em algo menos divertido do que uma casa funerária. Que tal uma família vivendo de aparências, uma menina assombrada pela descoberta de uma sexualidade "diferente" e - grand finale - um pai enrustido que, aos 44, resolve "solucionar" todos os seus problemas de uma só vez jogando-se na frente de um caminhão em movimento?

Por mais improvável que pareça, a quadrinista norte-americana Alison Bechdel não só passou por tudo isso como, com uma dose de bom humor e sarcasmo, colocou a história de sua vida no papel na graphic novel "Fun home - Uma tragicomédia em família", que chega ao Brasil agora pela editora Conrad.

Lésbica assumida desde os 20 anos, Bechdel é autora da tira "Dykes to watch out for" (algo como, "Sapatas para ficar de olho"), que começou a ser editada em publicações gays ainda no início da década de 1980. Com "Fun home", ampliou seu público para além das definições de gênero e, de quebra, arrebatou o prêmio de melhor livro de 2006 pela revista "Time" e, em 2007, o Eisner Award, espécie de Oscar dos quadrinhos nos EUA.

Leia a seguir, a entrevista que Bechdel concedeu por email ao G1.

G1 - Há uma certa ironia embutida no título de "Fun home". Pelo que percebemos lendo o livro, o casarão em que você cresceu não parece evocar muitas boas recordações. Por outro lado, vocês pareciam se divertir na casa funerária que pertenceu à sua família. Como era possível brincar num lugar desses?
Alison Bechdel - Meus irmãos e eu nos divertíamos muito brincando na casa funerária. As cadeiras dobráveis davam muita margem para a imaginação. Mas também tenho memórias positivas da casa da nossa família. Também nos divertimos lá, ainda que tivesse muita infelicidade também. De certa forma, felicidade e infelicidade coexistiam lado a lado, em vez de cancelar-se uma a outra.

G1 - Quando e como você decidiu contar sua história em forma de quadrinhos? Você considera essa HQ uma espécie de versão melhorada dos seus diários de infância?
Bechdel - Sim. De algum modo, considero meu diário de menina obsessiva-compulsiva da quinta série como uma espécie de rascunho de "Fun home". É uma tentativa semelhante de definir com precisão e veracidade algo da minha experiência. E "Fun home" também envolveu muita obsessão e compulsão para ser produzido.

G1 - Quanto tempo você levou para concluir a história? Como reuniu todas essas informações sobre o passado de sua família e em especial de seu pai?
Bechdel - Me tomou sete anos. Muito material eu consegui através de conversas com a minha mãe nestes últimos 20 anos. Mas, assim que eu contei a ela que iria escrever esse livro, ela me cortou. Não queria me contar mais nada. E ela me disse que se sentiu um pouco traída com coisas que eu coloquei no livro que ela pensou que tivesse me dito em segredo. Portanto, não pude confiar nela como fonte de informação. Tive algumas conversas com meus irmãos em que eles me deram informações que eu usei no livro. Também tive acesso a muitas das cartas de meu pai. E fiz um trabalho básico de detetive -- fuçando em velhos registros de polícia, nos documentos da faculdade do meu pai, coisas assim. As fotos de famílila também ajudaram bastante.


G1 - O que foi mais difícil para você: sair do armário na adolescência ou revisitar a dolorosa história do seu pai outra vez? Quão surpresa você ficou com algumas das coisas que aprendeu sobre ele no meio do caminho?
Bechdel - Ambos foram difíceis, mas de maneiras diferentes. A parte mais dura sobre a minha revelação foi na maneira como ela se misturou com a morte do meu pai. Foi quando eu contei à minha família que era lésbica que descobri que meu pai era gay e, três meses depois, ele já estava morto. Foi uma época muito complicada, um nó de sexo, morte, amor e perda. Escrever o livro era um jeito de voltar atrás e desatar esses vários emaranhados.

G1 - No livro, você fala de todos os clássicos da literatura que leu durante a juventude. E quanto aos quadrinhos, você lia-os também? Quais eram seus favoritos?
Bechdel - Eu adorava a revista "Mad", e lia vorazmente. Tínhamos também uma caixa cheia de quadrinhos clássicos que meu pai comprou num antiqüário. Eu adorava - você podia ir de 'Wuthering heights' e 'Ivanhoé' a 'Tale of two cities' em uma tarde.

G1 - Há muito tempo se falava que quadrinhos eram coisa de meninos. Você acha que trabalhos como o seu estão ajudando a mudar essa mentalidade?
Bechdel - Por muito tempo, os quadrinhos tratavam de coisas que interessavam em sua maioria aos meninos - guerras e super-herói, depois os quadrinhos underground sobre sexo e drogas sob uma perspectiva masculina. E isso era algo que se perpetuava. Meninos lêem esses quadrinhos, e meninos passam a escrever mais deles. Mas muita coisa mudou nos últimos 20 anos e o público - e com ele o universo de criadores - está inevitavelmente se tornando mais diverso.

G1 - "Fun home" recebeu diversos prêmios recentemente. Em sua opinião, que aspectos da história estão encontrando eco no público e na crítica?
Bechdel - Penso que parte do apelo do livro está no fato de ser uma história real. Livros de memórias se tornaram uma forma muito popular, e quanto mais reveladores, melhor. O fato de vir acompanhado por ilustrações também não atrapalha, já que as graphic novels hoje estão tão populares. Mas, no final das contas, acredito que o apelo está em ser uma história imparcial de uma família com problemas. É sobre amar e odiar um pai ao mesmo tempo, sentimento este que é familiar para muitas pessoas.

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