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por Emir Sader
A imprensa mercantil – aquela dirigida por oligarquias familiares de empresas fundadas no lucro das grandes publicidades privadas – está profundamente incomodada com o blog da Petrobras. Diz que se ofende aos órgãos de imprensa, revelando as perguntas enviadas pelas empresas da mídia à Petrobras, se sente como que violada na sua privacidade (?) quando o blog responde as acusações (que vida de regra, como fica claro, são simples insinuações sem nenhum fundamento na realidade).
Acontece que essa mídia empresarial quer continuar sendo o único instrumento de intermediação entre os governantes e o povo, entre o Estado e a opinião pública. Quer ser o filtro que decida que projetos do governo devem ser difundidos e com que versão. Que declarações de governantes ou parlamentares devem chegar ao povo e sob que forma. Que temas são essenciais ao país e como devem ser encarados. Querem ocupar um lugar de monopólio na formação da opinião pública, o que lhes permitiu, ao longo do tempo, dar as pautas ideológicas e políticas do país.
Grande parte do que se publica na mídia mercantil são simples insinuações, mas que ganha ares de verdade se não são imediatamente respondidas por argumentos reais. Isto é inassimilável para a imprensa privada, porque ela vive disso – de transformar insinuações em supostas verdades., (Reveja-se a lista de supostos escândalos que alimentou do governo Lula – do aerolula ao apoio de Cuba à campanha eleitoral de Lula, entre tantos outros -, de que nunca se autocriticaram quando se revelaram mentirosas.) Por isso acreditam que criam uma opinião pública que tem sido sistematicamente derrotada pelo governo – como tem acontecido na maioria dos outros países da região – e que as pesquisas revelam como reduzidas a cerca de 5% de rejeição do governo. A isso se reduzem e querem falar “em nome do país”, quando falam em nome da família que os dirige, dos funcionários que de forma absolutamente autoritária e não democráticas contratam para escrever e falar e dos grandes interesses econômicos que os mantêm.
Que se multipliquem os blogs alternativos – estatais e públicos não governamentais -, para quebrar esse monopólio fundado no dinheiro e na mentira, para que fiquem reduzidos ao que são – órgãos da ditadura privada do dinheiro e da opinião mercantil – e que se possa construir no Brasil uma opinião pública democrática e pluralista, sem a qual nunca seremos um país democrático e soberano.
Fonte: Carta Maior - Blog do Emir Sader
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