quarta-feira, 18 de março de 2009

A saga dos homens bons do DEM no Senado

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por Luiz Antônio Magalhães

Peço licença aqui ao sempre generoso Hariovaldo Almeida Prado (aliás, vale a pena ler a nota sobre a festança de Hebe Camargo) para usar a expressão "homens bons", consagrada pela verve do professor. Sim, os homens bons do partido Democratas no Senado estão em péssimos lençóis. Apoiaram a eleição de José Sarney (PMDB-AP), eram unha e carne com o impoluto Agaciel Maia e agora se queixam de perseguição. Nada como um dia após outro para ver Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmar que "há uma campanha orquestrada contra o Senado". Foi um desabafo e o adiposo senador fazia referência ao caso das passagens de avião liberadas por Roseana Sarney (PMDB-MA) a familiares. "Isso não é justo", completou Heráclito, que defendeu a colega e aproveitou para dar uma estocada nos jornalistas: "Aí, então, está na hora de fechar o Congresso. Se forem atrás de pagamento de passagem, não escapa nem jornalista. Vai ser um constrangimento. Se vier à tona, vai comprometer muita gente", explicou.

A grande imprensa é realmente engraçada. Heráclito é um dos maiores entusiastas da aliança entre o DEM e PSDB. Alguém poderia perguntar ao governador tucano de São Paulo, José Serra, o que ele achou da frase de seu simpático aliado. Ou pelo menos o que pensa José Serra sobre os problemas enfrentados pelo Senado - a tal sórdida perseguição da imprensa aos homens bons daquela Casa. Claro que Serra não diria coisa alguma, ele nunca diz nada mesmo, mas pelo menos os repórteres poderiam terminar suas matérias com o final de sempre: "questionado sobre isto e aquilo, o governador paulista disse que não falaria de política porque tem de governar o Estado..." (é, estava chovendo forte em São Paulo).

Heráclito, porém, não é o único homem bom em maus lençóis no Democratas. O senador Efraim Morais (PB) vem alegando que liberou o pagamento de R$ 6,2 milhões em horas extras para cerca de 3,8 mil funcionários do Senado durante o mês de janeiro, quando o Congresso estava em recesso e ninguém apareceu nem para dar bom dia, em obediência "a critério administrativo, vigente há anos, por ser o mês de janeiro de recesso parlamentar". Bem, até uma criança de cinco anos conseguiria rebater a argumentação do impoluto senador: "se mandarem o senhor pular do 25° andar, o senhor pularia?" Se o vergonhoso critério era aplicado "há anos", não seria o DEM a mudar as coisas, não é mesmo? Afinal, a luta pela moral e bons costumes é só mesmo para uso externo e em tempos de campanha eleitoral.

Bem, hipocrisia tem limites, o que não tem limite é a cara de pau da grande imprensa em apresentar os ex-pefelês, todos pimpões, nesta ladainha do "a gente somos honestos" e tendo o desplante de cobrar do governo Lula "mais rigor com a corrupção". Melhor ler o professor Hariovaldo...

Fonte: Entrelinhas

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