sexta-feira, 20 de março de 2009

O país do grampo sem áudio

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por Luiz Carlos Azenha

Às vezes eu me belisco para ter certeza de que estou mesmo testemunhando esse bizarro show de horrores, em que interesses nem tão ocultos assim se organizam para investigar o investigador, desacreditar instituições públicas e ameaçar a própria democracia. Tudo em nome de "defender a democracia". Não há limites para o cinismo.

Parece incrível que, depois de meses e meses de denúncias contra um suposto "estado policial" não tenha surgido, até agora, nem um mísero grampo clandestino COM ÁUDIO.

Se de fato houve tamanha arapongagem, não ficou nem um mísero grampo com áudio para a gente ouvir, mesmo que for de uma conversa entre o Cascão e o Cebolinha?

Olhem bem para a capa da revista IstoÉ, em que o "temível" Francisco Ambrósio do Nascimento espia de forma cavernosa no céu de Brasília.

A revista promete: "Quem é o agente da Abin responsável pela operação de escutas telefônicas que sacudiu Brasília".

Aí você vai ver e/ou ouvir o Ambrósio depondo na CPI: é um agente aposentado da Abin, cuja tarefa era lidar com mensagens eletrônicas que estavam em um HD apreendido do banco Opportunity.

Pelo que ouvi do depoimento de Ambrósio, ele cumpria uma tarefa burocrática sem relação com interceptações telefônicas. Não tenho como dizer se ele está ou não falando a verdade.

Ambrósio seria uma das "provas" da contaminação da operação Satiagraha, ainda que o delegado Protógenes, o juiz De Sanctis e o promotor De Grandis garantam que as provas contidas no inquérito foram obtidas legalmente.

O delegado Protógenes, em sua entrevista mais recente, ao UOL, disse que a contestação à Satiagraha abre caminho para contestar todas as operações da Polícia Federal em que houve a colaboração de outros órgãos do governo brasileiro. Seria o delírio dos criminosos de colarinho branco.

Se isso acontecer, aceito um desafio: se me derem seis meses, o dinheiro do Daniel Dantas e uma CPI no Congresso eu lançarei dúvidas sobre qualquer inquérito policial feito por qualquer polícia do Brasil. Provarei que houve inconsistências na investigação policial. No mínimo, lançarei tantas dúvidas na opinião pública que serei capaz de abalar a confiança em todo o trabalho policial. E nem preciso usar a capa de uma certa revista semanal.

Ouça aqui o trecho inicial do depoimento do ex-agente da ABIN, que diz ter ouvido acidentalmente uma gravação em que a repórter da Folha de S. Paulo tenta falar com Daniel Dantas.

Fonte: Vi o Mundo

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