segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A demonização de Dilma

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Dilma Rousseff


A demonização de Dilma

por Luiz Carlos Azenha

O plano vem se desenrolando conforme o combinado. Falta saber apenas quem combina, quem transmite as ordens, quem é responsável por desencadeá-lo dentro das organizações jornalísticas.

Quem pegou pesado primeiro, para se preservar, foi a Folha de S. Paulo, com a ficha falsa da Dilma. O jornal tinha todos os elementos para derrubar a matéria por qualquer critério jornalístico, inclusive se obedecesse ao próprio manual de redação. Mas optou por criar uma segunda versão do "testando hipóteses".

Quando digo "se preservar" é pelo fato de que a Folha controla um dos institutos de pesquisa, o Datafolha. Não pode cair na orgia midiática que O Globo faz com a verdade factual.

"Testando hipóteses" é uma das contribuições geniais do Ali Kamel -- não o ator pornô, o diretor de Jornalismo da Globo -- para nossos focas. É a teoria segundo a qual um jornalista pode chutar a versão que lhe der na telha durante uma cobertura, até acertar. Mais recentemente, Kamel inventou o "mais ou menos crente em Deus", que atribuiu ao presidente Lula. É como dizer que uma mulher está meio grávida.

É impossível confirmar ou desmentir a ficha, afirmou candidamente o jornal dos Frias. Nada me tira da cabeça que foi um "teste de hipóteses" real, usando os leitores como cobaias. Depois de publicar a informação sobre "Dilma terrorista", os marqueteiros de Serra devem ter saído às ruas para fazer pesquisas qualitativas sobre o poder que a denúncia teve de influenciar eleitores.

Isso é comum nos Estados Unidos. Aqui, não sei. Testo hipóteses. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas acho que faz sentido. Porque me parece que a estratégia de demonização persiste. Demonizar diretamente. E por associação. Demonizaram o Sarney, quando finalmente a mídia brasileira descobriu que Sarney... é Sarney. Demonizaram o Sarney mirando a Dilma.

Diogo Mainardi entregou o ouro na edição mais recente da revista Veja, ao tentar ligar Dilma a gente que, supostamente, teria recebido dinheiro de traficantes de cocaína de Medellin:

"A Igreja Universal, nos últimos dias, atrelou sua imagem à de Lula. É a mesma estratégia empregada por José Sarney. Um apoia o outro. Um defende o outro. Edir Macedo está com Lula e com Dilma Rousseff. Agora e em 2010. Se a Igreja Universal tem um Diploma de Dizimista, assinado pelo Senhor Jesus Cristo, Dilma Rousseff tem um Diploma de Mestrado da Unicamp, supostamente assinado pelo senhor Espírito Santo. O senhor Edir Macedo e o senhor Lula se entendem. Eles sabem capitalizar a fé".

A isso se chama, em marketing político, de definir a matriz de pensamento. Quem acha que isso não dá resultado está errado. Os marqueteiros não atiram mais na grande massa eleitora. Eles hoje fazem planejamento voltado para os nichos do mercado, como quem corta salame. Podem perceber, sempre usando pesquisas, que o voto da classe média urbana em José Serra não está firme. Que precisam aumentar a rejeição aos adversários do Serra. Assim sendo, desenvolvem a estratégia e as ferramentas específicas para aquele tipo de eleitorado.

É esse o exercício que está em andamento agora, no exato momento em que você lê esse texto, em minha modestissima opinião. Aumentar a rejeição à Dilma. Da mesma forma que fizeram com Marta Suplicy em São Paulo. Mulher, sim, mas destemperada. Mulher, sim, mas descontrolada. Mulher, sim, mas não dá para confiar nela. Os marqueteiros planejam. A mídia executa. Estou certo de que é um plano milimetricamente traçado e de longo prazo.

E Serra, como vocês sabem, não tem qualquer escrúpulo. É só ver o que ele fez para eliminar Roseana Sarney da competição em 2002: usou promotores, a Polícia Federal e a mídia. Instrumentos aos quais ele continua tendo acesso, se não no plano federal, em nível estadual. Isso e mais a mídia.

PS: Se eu fosse o marqueteiro da Dilma, faria que nem o marqueteiro do Reagan, Michael Deaver, fez com o ator de cinema: só colocaria a Dilma em cenários bonitos, com crianças, sorridente. Deaver dizia: esqueçam as palavras, olhem as imagens. A vantagem do marqueteiro de Dilma é que ela tem cérebro. E fazer Serra parecer simpático vai ser uma luta.

Fonte: Vi o Mundo

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Um comentário:

Anônimo disse...

MÍDIA ENCOURAÇA SERRA. MÍDIA COLA NA IMAGEM DE DILMA QUE ELA É FALSÁRIA, MENTIROSA, TERRORISTA E ARROGANTE...

SÓ LULA TEM O PODER DE DESMENTIR TUDO ISSO!

(Trechos do post "O erro fatal de Lula - no Blog Cidadania )

( ...) O país não conhece Dilma e as primeiras impressões que está tendo dela são as piores possíveis. Mentirosa, ardilosa, falsária, terrorista, arrogante... A mídia está colando nela tudo que há de pior. E Lula, o único com musculatura para reagir, ou não reage ou reage de forma pífia, e só quando provocado pela mídia.

Vejam o êxito que a oposição e sua mídia tiveram em literalmente acabar com Sarney a despeito de Lula defendê-lo. Nesse aspecto, acredito piamente na pesquisa Datafolha divulgada no domingo. Os números de sua reprovação são extremamente altos. Não há possibilidade de serem falsos como o percentual de intenções de voto de Dilma (que ainda está subindo) e o de Serra (cadente).

Enquanto isso, o candidato com maiores chances estatísticas de vencer a eleição presidencial foi literalmente blindado. NINGUÉM consegue fazer uma só crítica a ele na mídia. E vejam só que interessante: o Brasil deve ser a única grande democracia em que o principal postulante ao cargo de presidente não recebe uma só crítica ou acusação pública nem de seus adversários.

Sim, é isso mesmo que vocês leram: não é só a mídia que não critica Serra. Seus adversários (leia-se Lula, seu governo, seu partido e sua candidata) também não criticam. E isso com as toneladas de acusações e pedidos de investigações que há contra ele e contra seu governo.

Lula, seu governo, seu partido e sua candidata a sucedê-lo viram a mídia acusá-la de ter falsificado seu currículo acadêmico e ninguém teve coragem de dizer que Serra fajutou um prêmio “da ONU”.

A oposição a Serra na Assembléia Legislativa paulista se defende dizendo que não adianta fazer denúncias e críticas a Serra porque a mídia ignora tudo que for levantado contra ele. E essa que deveria ser a principal arma contra o tucano facistóide, é ignorada.

Pensem comigo: se a oposição a Serra em São Paulo está amordaçada pela mídia e se esta, a mando do tucano, ataca Dilma com virulência, só há uma pessoa neste país com musculatura para fazer as críticas que ninguém faz: Lula. Ele poderia dizer publicamente que a mídia protege Serra, que ataca Dilma sem parar, falsificando até documentos contra ela, porque trabalha para o tucano.

Se o presidente da República mais popular da história do país recomendasse à população que prestasse atenção em como o candidato mais forte à sua sucessão deveria estar na berlinda midiática tanto quanto Dilma, mas não aparece a não ser sendo elogiado, e que os escândalos de seu governo (dezenas de pedidos de CPI) são encobertos pela mídia, as pessoas perceberiam...

(continua..)