segunda-feira, 6 de outubro de 2008

SETE DIAS QUE ABALARAM O MUNDO

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por John Hemingway

Montréal (Canadá) - Muita coisa aconteceu na semana que passou. Em sete dias eu vi o começo do fim, a mãe de todas as espirais deflacionárias e a forma como as coisas virão. Na segunda-feira, o Congresso dos EUA primeiro rejeitou o plano de Socorro de 700 bilhões de dólares para Wall Street, somente aprovado quatro dias depois(com um adicional de 100 bilhões para acalmar os nervos de alguns rebeldes representantes republicanos). Na quinta-feira, houve o surrealista debate entre Sarah Palin e Joe Biden. Surreal como somente um debate entre dois politicos pode ser, quando ambos juravam que vão apoiar a classe trabalhadora, enquanto seus respectivos chefes, John McCain e Barack Obama, faziam tudo que podiam para que o plano de socorro (um projeto de lei que dá tudo para os mega ricos e nada para o homem comum) fosse aprovado.

No fim de semana, o tsunami "subprime" aumentou sua força e na Europa os líderes das principais economias se reuniram para ver se conseguiam atrasar o inevitável coordenando um socorro de alguns dos maiores financiadores do continente. Sarkozy, Brown, Berlusconi e Merkel se reuniram em Paris e basicamente concordaram numa maneira essencialmente européia a não concordar com nada. É cada um por si no crash de 2008 e as nacionalizações de bancos (o Fortis Bank na Holanda) e fracassos (o colossal Hypo Real Estate da Alemanha) estão na ordem do dia. A Islandia está à beira da falência e viu sua forte moeda despencar em relação ao dólar e ao euro. Na Irlanda rumores de uma corrida ao sistema bancário do país obrigou o governo a declarar que iria cobrir todos os depósitos pessoais, mas que provavelmente não consguiria se todo mundo tentasse sacar seu dinheiro.

Finalmente, num esforço para acalmar os mercados, antes de sua reabertura na segunda-feira, a chanceler Angela Merkel anunciou, junto com seu ministro das finanças, que o governo cobriria, como na Irlanda, todas as contas pessoais em bancos alemães. Ao fazer isso, ela se comprometeu a garantir cerca de 500 bilhões de euros, mais ou menos o montante que o Congresso dos EUA se recusou a entregar a Wall Street na segunda-feira. Com Merkel dando esse tipo de garantia não é de admirar que o objetivo da reunião de Paris (para coordenar um plano de socorro pan-europeu) fracassasse. Os alemães sabem que o pior ainda está por vir e decidiram cuidar deles próprios em primeiro lugar. Se os bancos da Grécia,da Itália, ou da Espanha entrarem em queda, serão os respectivos governos que irão salvá-los, se puderem.

Posso estar errado, mas não posso deixar de pensar que o mundo está prestes a entrar num período de prolongada depressão econômica. Os “Banksters” (mistura de banqueiros e gangsters) morderam um pedaço maior do que podiam mastigar. Os altos sacerdotes do "turbo capitalismo" levaram todos nós, voluntariamente ou não, à beira do precipício. E, como qualquer economista honesto lhe dirá, quando todas as bolhas estourarem não haverá mais nada que se possa fazer, para livrar o sistema da perda do valor de seus ativos. Nenhum socorro vai segurar o castelo de cartas, construído com mentiras e com os pricípios essenciais do capitalismo voraz, e ele deve cair.

O mundo como conhecemos está prestes a mudar. Ou aceitamos ser governados por ditaduras corporativas ou finalmente decidimos cortar as nossas correntes e viver como homens livres. A escolha é nossa.



Fonte: Direto da Redação

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