segunda-feira, 6 de outubro de 2008

EUA - DESESPERO REPUBLICANO

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por Eliakim Araújo

A um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos, parece que o desespero tomou conta das hostes republicanas. Com Barack Obama liderando todas as pesquisas de opinião pública e depois da vitória do seu vice Joe Biden no debate com a vice de John McCain, Sarah Palin, a estratégia do tudo ou nada passou a comandar as ações da campanha republicana.

McCain avisou que iria "engrossar" e neste sábado Palin, aproveitando-se de uma matéria do New York Times, denunciou Obama por suas "ligações com terroristas que atacariam seu próprio país". Palin, conhecida por dizer impropriedades e cometer gafes, foi certamente usada pela campanha como bucha de canhão, porque sua acusação é totalmente irresponsável.

Na verdade, o "terrorista" que teria ligação com Obama é Bill Ayers um dos fundadores de uma organização conhecida como Weather Underground, que agitou os Estados Unidos no final dos sessenta e início dos setenta. Formado por estudantes, o grupo foi acusado de atirar bombas contra prédios públicos em protesto contra a Guerra do Vietnam. Os ataques nunca fizeram uma vítima e o "terrorista" Bill Ayers, hoje com 63 anos, é um respeitado professor de Educação na Universidade de Chicago e vive no mesmo bairro onde mora o candidato democrata. A reportagem do NY Times destaca que os dois já se encontraram várias vezes em eventos educacionais em Illinois, o estado que Obama representa no Senado.

Se fosse uma batalha naval, eu diria que Dona Sarah Palin deu mais um tiro n’água.

O desespero republicano se manifestou também na sexta-feira, quando 108 deputados do partido votaram contra o pacotaço de 700 bi de dólares para salvar (ou pelo menos, tentar) a quebra do sistema financeiro dos Estados Unidos. Não se sabe se esses deputados “rebeldes” votaram no interesse público ou apenas em oposição aos democratas, cuja maioria endossou o plano de socorro. Aparentemente, os republicanos do Congresso estão jogando no time do “quanto pior melhor”, ante a possível vitória democrata em novembro.

O plano foi aprovado, mas as divergências permanecem e dividem opiniões. Há os que acreditam que o maior plano de resgate da história norte-americana vai salvar o país e recolocá-lo nos trilhos, outros acham que o plano vai apenas “empurrar com a barriga” e que mais adiante a crise vai voltar com força redobrada. E há ainda os que estão indignados porque o governo vai dividir o preço da sua própria irresponsabilidade, por deixar o mercado correr frouxo, com o contribuinte que não teve nada a ver com a farra.

No topo da crise, destaque para a dança das cadeiras nos bancos norte-americanos. Tudo acontece com tal rapidez que até quem está acompanhando a crise de perto fica perdido nas informações sobre quem quebrou e quem está sendo comprado ou vendido. Na segunda-feira, o mercado entrou em polvorosa com a notícia da quebra do Wachovia, o quarto maior banco de varejo dos Estados Unidos. Mas no final do dia, o mercado se acalmou ao saber que o Citigroup, com o apoio do governo, tinha ofertado 2.200 bilhões para ficar com o Wachovia.

O que ninguém esperava é que, na sexta-feira, o Wells Fargo, cujo maior acionista é o mega investidor e segundo homem mais rico do país, Warren Buffet, atropelasse o negócio ofertando 15.500 bilhões. Inconformado com essa “intromissão indevida”, o Citigroup entrou na Justiça para defender seu direito de compra. E neste sábado, um juiz da Corte Suprema de NY mandou suspender as negociações entre Wells Fargo e o Wachovia, alegando que o Citigroup tinha um contrato de exclusividade. Bom para o Citi, que vai pagar um preço de banana, ruim para os acionistas do Wachovia que tinham chance de recuperar um pouco do que perderam nas ações do banco.

Mas o capitalismo é assim mesmo, selvagem e sem alma.



Fonte: Direto da Redação

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