segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cai o Muro de Bagdá.

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por Wálter Fanganiello Maierovitch

ROMA. Por incrível que possa parecer, sunitas e xiitas do Iraque, terminado o Ramadã, entraram em acordo e derrubaram, no bairro de Fadil, o muro que os separava. O ato marcou o retorno à convivência pacífico entre islâmicos de etnias diversas.

No final de semana, sunitas e xiitas, irmanados, comemoraram nas ruas, enquanto as mulheres prepararam, numa grande festa, enormes panelas com arroz temperado e verdura. O muro foi derrubado, a pedido das duas comunidades, por maquinário do governo, mas, depois do primeiro vão aberto, a própria população ajudou a remover os blocos de cimento.

Durante a derrubada do muro, milícias sunitas e xiitas armadas pesadamente vigiaram a festa. Elas temiam um ataque de represália da Al Qaeda, cujo vértice fundamentalista não aceita nenhum acordo com a participação do governo e entende que os sunitas, depois da invasão norte-americana e queda de Saddan Hussein, perderam espaços para os xiitas. O maior temor era o risco de infiltração de um kamikase (camicase, segundo preferem alguns), que poderia, numa explosão, matar os participantes da festa.

Por pare da população, a derrubada do “Muro de Bagdá” está sendo comparada com a queda do “Muro de Berlim”. Acontece que vários muros, por segurança, foram construídos em Bagdá, a seguir o exemplo ocorrido na Irlanda e relativo à separação de católicos e protestantes: na Irlanda os muros reduziram a violência e viraram modelo de exportação voltado a evitar embates e reduzir a tensões.

A milícia do líder xiitas radical Maqtada Al-Sadr controla território murado, conhecido por Sadr-City. Muitos outros muros foram erguidos e permanecem a proteger ruas, hospitais, mesquitas, hotéis, servidões de passagem e margens de rios. E eles continuam em pé.

O ato de tolerância, derrubada do muro, coincide com a eliminação, em Bagdá, de um dos comandantes locais da Al Qaeda, Mahir al- Zubaidi. Ele foi alcançado por disparos feitos por dois helicópteros norte-americanos. Zubaid , no início da semana passada, comandou, no centro de Bagdá, um ataque que resultou em 16 mortes.

PANO RÁPIDO. Ao que parece, festa igual só ocorreu em abril de 2003, quando derrubadas as estátuas de Saddam Hussein.

Fonte: Blog do Wálter Fanganiello Maierovitch

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