por Leonardo Sakamoto
Quando li o texto publicado na revista Trip, em que um estuprador pedia desculpas à sua vítima, pensei que era uma brincadeira de mau-gosto ou mesmo um relato ficcional veiculado para testar como seriam as reações humanas - ou seja, um bizarro experimento antropológico. Contudo, creio que a revista na tentativa de "chocar a sociedade" tenha simplesmente feito uma burrada fenomenal, passível inclusive que questionamento judicial.
Para explicar melhor o caso, puxei, abaixo, o post do blog Viva Mulher sobre o texto da Trip. Se quiserem ler o texto, o link está no final, mas adianto que é de causar espanto. A pergunta é: quanto tempo a revista vai demorar para criar uma desculpa do tipo "era brincadeira?" ante à avalanche de reclamações.
“Espero que para você a memória daquela tarde não seja tão ruim e que você hoje possa rir do que aconteceu.” A frase é de homem adulto. Se dirige a uma mulher, que talvez nem esteja viva. Há mais de 30 anos, quando ainda era um adolescente, ele obrigou-a fazer sexo.
O mês de outubro foi o escolhido para pedir “desculpas” à vítima e o veículo, uma revista de circulação nacional. O narrador em primeira pessoa é bastante famoso, trata-se de um cineasta.
Antes de tudo, vamos lembrar que estupro é crime. No Brasil e em qualquer outro lugar. É um ato de violência absurdo que deve ser denunciado e condenado, para que nunca mais se repita.
O autor do dito artigo perdeu algumas chances na vida. A primeira – e que deveria ser a única – foi a de não ter forçado a empregada doméstica de seus pais a manter relações sexuais com ele. A segunda, a de ter assumido sua ação, vergonhosa, e todos os seus ônus.
Mas não. Escolheu expor a situação de forma tardia e pública, sem qualquer reparação concreta. Talvez uma maneira de limpar a própria consciência. Afinal, é só ela que atrapalha o sono quando encostamos a cabeça no travesseiro à noite. O “resto” – a mulher, o crime etc – não importa.
“Não foi bom, Luisa. Na hora do vamos ver fiquei envergonhado e não rolou legal”. Por que será, caro narrador? E continua: “Lembro de poucos detalhes. Você não queria, mas por força da nossa insistência acabou cedendo. Sinto ódio do Brasil quando penso que você provavelmente tivesse medo de perder o emprego”.
Ahá, tudo explicado! De fato, a culpa é do Brasil. Esse país tão sórdido, tão injusto. Deve ser por isso que o tal cineasta não mora aqui. E que todos os comentários postados pelos leitores dessa matéria sejam em repúdio a ele.
Caso você queria ler a carta de Henrique Goldman, clique aqui.
PS: No final do texto, a revista explica que o cineasta "tornou-se mais jeitosinho com as mulheres ao longo dos anos".
Fonte: Blog do Sakamoto
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