por Paulo Henrique Amorim
. Em debate sobre o PiG (*) no PC do B, fiz uma proposta que poderia ser apreciada na Cofecom, Conferencia Nacional de Comunicação, que se realiza em dezembro e que o PiG (*), desde já, boicota.
. A proposta é a que se segue.
. Destinar uma parte da verba de publicidade oficial do Governo Federal para a criação de uma agência de notícias que produzisse conteúdo jornalístico informativo gratuito para todas as mídias.
. Para fugir das três famílias que dominam o PiG (*) e suas agências de notcias.
. Refiro-me às agencias Globo, Folha (***) e Estadão, que dominam a distribuição de notícias no país.
. A agência teria que ser a-partidária e a-religiosa.
. Não poderia endossar candidatos.
. Não poderia dar lucro.
. E pagaria aos jornalistas um múltiplo razoável do piso salarial.
. A agência não contrataria articulistas nem colunistas.
. O pessoal que gosta de dar opinião teria que ficar no PiG (*) e formular o seu PUM (**).
. Teria que ter um Ouvidor.
(. Seria proibido a agência ter qualquer coisa que se pareça com o Conselho da TV Brasil: um disparate !)
. E poderia receber dinheiro de fundos privados, desde que os recursos provenientes da publicidade do Governo Federal fossem sempre majoritários.
. Isso seria uma forma de dar músculo a emissoras públicas de radio e televisão, jornais e revistas independentes e aos blogueiros desse país afora.
. Fugir da Folha (***), do Globo, do Estadão – e da Radiobrás.
. Essa idéia é, na verdade, inspirada em alguns empresários americanos que chegaram à conclusão de que não se pode jogar a imprensa no lixo.
. Nem ficar dependente do jornalismo de Estado.
. Se os jornais impressos vão fechar – tomara que seja o mais breve possível.
. E se a imprensa vive de notícia (não basta dar opinião: o leitor quer saber de fatos novos).
. Então, a democracia americana – e brasileira – precisa de notícias.
. Como diz o meu amigo Rubens Glasberg: quem gosta de democracia vai ter que encontrar uma forma de financiar a busca da notícia.
. Se os jornais vão fechar, quem vai buscar as notícias de forma isenta e independente ?
. Quem vai pagar o salário do repórter ? Do cinegrafista ? A passagem de avião ? O hotel ? O produtor ?
. Notícia custa caro.
. Tem que ser um fundo público.
. Transparente e acessível a TODOS.
. Seria essa, também, uma forma de dar destino nobre à publicidade oficial.
. Hoje, no Governo Lula inclusive, prevalece a tese de que a mídia do Governo deve seguir “critérios técnicos”.
. “Critérios técnicos” é a música que a Globo e a Abril gostam de ouvir …
(. Em tempo: o Conversa Afiada pode viver, perfeitamente, sem publicidade do Governo Federal …)
. “Critérios técnicos” é a música que a SECOM de Fernando Henrique tocava …
. Essa idéia de um fundo dispensa a “publicidade política” – a outra face dos “critérios técnicos” …
. Ao contrário.
. Ela estimula a concorrência pelo bom jornalismo.
. O jornalismo de fatos, sem opinião.
. Todo editor vai ter acesso a fatos, a notícia.
. Os melhores jornalistas e editores saberão usá-los melhor e conquistarão a preferência do mercado.
. É uma forma perfeitamente capaz de conviver com o sistema capitalista, a competição e a pluralidade.
. Ou seja, com a democracia representativa.
. É uma sugestão que não deveria assustar os filhos do Roberto Marinho (eles não tem nome próprio), ou o Otavinho Frias, se é que eles rezam pela cartilha do capitalismo de competição (ou serão chegados a uma benesse estatal ?).
. Jornalismo de opinião é o do PiG (*) e seu PUM (**).
. A democracia brasileira precisa de informação.
. E informação custa dinheiro.
. Como diz o Bill Keller, editor chefe do New York Times, para menosprezar o jornalismo da internet: e quem vai pagar o salário dos quatro repórteres que eu tenho em Bagdá ?
. Por essa humilde sugestão, esse fundo a-partidário pagaria o salário do repórter que fosse cobrir a ocupação do MST das terras do Daniel Dantas no Pará, sem ter que viajar no jatinho do Dantas, como fez a Globo…
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) PUM – “Programa Unificado da Mídia”
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