por Luis Nassif
Não tem amador nesse jogo político da sucessão. Qualquer espirro é suficiente para deflagrar uma crise política. E o governo Lula continua no jogo amador de cada Ministério jogando para si, fazendo seu meio de campo com a mídia em detrimento da governabilidade como um todo.
Na primeira gestão Lula esse jogo era tocado por Marcelo Netto, assessor do Ministro da Fazenda Antonio Palocci. No segundo tempo, continuaram os vazamentos e, sempre, de temas ligados à Fazenda. Vazam informações aparentemente inocentes sem atinar para o jogo pesado da política, como se tudo se restringisse a compadrio entre colegas jornalistas em botecos brasilienses ou cariocas sem maiores consequências.
Foi assim no episódio da substituição do presidente do Banco do Brasil - vazado para O Globo. O vazamento criou inúmeros problemas. Permitiu proliferar a versão de que o BB estaria sendo aparelhado, criou ressentimentos em Lima Netto, envenenou o ambiente interno no banco.
Depois, o caso de Lina Vieira, a Secretária da Receita demitida. Vários episódios podem ser debitados na conta da demissão, como as brigas internas do órgão (tivemos um pequeno exemplo daqui da ira entre os dois grupos), queda na arrecadação, o episódio Petrobras, a dificuldade em implementar a Super-Receita, nenhum que atentasse contra a integridade da Secretária.
Mas a informação da demissão vazou antes que a própria Secretária fosse informada - um desrespeito amplo - e antes que a sucessão fosse decidida. Junto com o vazamento, a informação de que a responsável pela demissão fora Dilma Rousseff - que garante que soube da demissão apenas depois que Lula e Guido Mantega já haviam decidido.
A consequência foi um ódio mortal, de mulher brava, fornecendo combustível para uma nova crise política.
Conversei agora com o Ricardo Moraes, assessor especial do Guido Mantega para assuntos midiáticos, que garantiu que da área dele não saiu nenhum vazamento e que rejeita peremptoriamente qualquer forma de vazamento.
Eu era assim…
Abaixo, como Lina Vieira era vista pela mídia, antes de se transformar em arma política.
O texto abaixo é do Josias de Souza:
A condição de funcionária de carreira do fisco dá a Lina Maria aparência técnica. Entrou por concurso, em 1976.
Mas ela tem um pé na política. Foi, por duas vezes, secretária de Tributação do Rio Grande do Norte. Primeiro, sob Garibaldi Alves (PMDB), entre 1995 e 1998.
Depois, sob Vilma de Faria (PSB), a atual governadora, entre 2006 e 2007. Chega a Brasília com a fama de ser infinitamente mais flexível do que Rachid.
Afastado “a pedido”, segundo a informação levada ao “Diário Oficial”, o demitido Rachid destilava abatimento na noite de quarta.
Revelou-se surpreso com a ligeireza com que foi dispensado. Obteve oferta de recolocação. Mas decidiu sair em férias. Só depois decidirá o que fazer.
A saída de Rachid deixou tensa a equipe que o assessorava no fisco. Um time de técnicos sobreviventes da era FHC.
O repórter conversou com dois deles: um serve em Brasília, no prédio da Fazenda; outro é superintendente regional da Receita.
Ambos revelaram uma mesma preocupação: a de que a troca de comando seja o início de uma mudança maior na Receita.
O receio da dupla é o de que o festejado perfil técnico da cúpula do fisco dê lugar a uma recomposição de caráter político.
Por Paulo Kautscher:
Se não pode vence-los ….
REPORTAGEM DO ESTADÃO EM 29 DE OUTUBRO DE 2008
Chefe da Receita loteia cargos de superintendente entre sindicalistas
Desde que assumiu, Lina Vieira partilha postos regionais, mas põe técnicos na estrutura central, em Brasília
Com seis anos de atraso, os sindicalistas chegaram ao poder na Receita Federal. Desde que assumiu o cargo, no dia 31 de julho, a nova comandante do órgão, Lina Maria Vieira, vem discretamente substituindo os ocupantes dos principais cargos. O processo tem o seguinte padrão: para as superintendências regionais, preferencialmente sindicalistas; para a estrutura central da Receita em Brasília, técnicos.
Para a superintendência de São Paulo, Lina escolheu Luiz Sérgio Fonseca Soares, até então presidente da delegacia sindical do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Unafisco) em Belo Horizonte. Subordinada a ele, comandando a Delegacia Especial de Instituições Financeiras, está Clair Maria Hickman, ex-diretora de Estudos Técnicos da Unafisco.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081029/not_imp268591,0.php
Por joseph:
A melhor interpretação dessa história foi a do Ricardo Kotscho: mais uma vez a imprensa/oposição armou e o governo caiu. Quando é que se vai aprender? Nunca? Não havia nada na denuncia; o que havia era uma arapuca para ver se a ministra ia mentir. E ela mentiu, sim, dizendo que não houve encontro. Bastava dizer, ainda seguindo a análise de Kotscho, que a reunião houve mas que não foi aquilo que ela pediu. seria uma palavra contra a outra e a denúncia esvaziada. agora temos a expectativa de um terceiro elemento corroborando a reunião - que, repito, deve ter existido - para colocar a ministra em maus lençóis.
até o presidente veio com aquela conversa de que ela tinha que mostrar a agenda e se deu mal: a mulher respondeu, com toda propriedade, que não precisava de agenda para falar a verdade. Ou seja, desde o começo o “angulo”, como dizem os americanos, da armação era a verdade/mentira do servidor público, e nisso a ministra perdeu. Precisava isso? Ô governinho burro, viu.
Fonte: Luis Nassif Online
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