Marina Silva acaba de anunciar sua saída do Partido dos Trabalhadores, onde foi fundadora e militante por mais de 30 anos, e deverá se integrar aos quadros do Partido Verde.
Por Celso Marcondes
A senadora Marina Silva acaba de anunciar sua saída do Partido dos Trabalhadores, de quem foi fundadora e militante há mais de 30 anos. Como esperado nas últimas semanas, ela deve se integrar aos quadros do Partido Verde, onde assumirá um papel de direção, que pode ser a própria presidência do partido. Completando este segundo ato, deve iniciar sua campanha para a presidência da República em 2010 – embora não vá fazer tão cedo este anúncio oficial.
É um enorme desfalque para o PT. Marina virou um símbolo mundial, uma das mais destacadas defensoras e estudiosas da questão ambiental. Mais que isso, a senadora ainda é a cara do PT de suas origens: popular, humilde, batalhadora. Tão Silva quanto Lula, alguém já escreveu.
Sua candidatura à presidência vem sendo tramada há meses por um seleto grupo de apoiadores, motivados especialmente depois que ela deixou o ministério do Meio Ambiente bastante desgastada com o governo. Mas foi apenas nas últimas duas semanas – depois que ela própria cogitou a hipótese – que a discussão sobre sua eventual candidatura tomou corpo. E com um impacto imenso na mídia, gerando metros e metros de colunas e análises nos jornais e revistas.
Embora a pesquisa do Datafolha deste final de semana tenha contrariado aquela alardeada anteriormente pelo PV – o Datafolha deu 3% de intenções de votos para a senadora, contra 10% na pesquisa do PV, para igual cenário de disputa – ela declarou no dia seguinte que não se apoiaria em resultados de pesquisas para chegar a uma definição. “Pode dar até traço que não me importo”, ela teria dito.
Com a entrada em cena de Marina Silva, mudou o jogo eleitoral para 2010. Com ela na disputa – e agora também com o retorno do deputado Ciro Gomes ao ringue – estão sepultadas temporariamente as expectativas de que tudo se resumiria a um enfrentamento entre a ministra Dilma Rousseff e o governador José Serra, o que se convencionou chamar na mídia de eleição plebiscitária, na qual o eleitor seria chamado a votar contra ou a favor do governo Lula.
Como a presidente do PSOL Heloisa Helena até aqui também se mantém como possível postulante e num patamar de 10% de intenções de votos nas pesquisas, adeus plebiscito. Heloisa, Marina e Ciro somados já dariam hoje cerca de 30% dos votos. Estão sobrando 70% para a disputa eterna PTXPSDB. Táticas e estratégias devem estar sendo rediscutidas nesse momento nos dois lados. Aliás, dos três, pois não podemos nos esquecer do PMDB, hoje, majoritariamente, do lado do governo.
“Cessa tudo o que a antiga musa canta”, pode-se falar.
Fonte: Carta Capital
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