terça-feira, 21 de outubro de 2008

Serra é mesmo um homem de sorte

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O Exterminador do Futuro!

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por Renato Rovai

O advogado Ariel de Castro Alves me envia em email a posição do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) em relação ao caso da menina Eloá.

A carta do Conselho se solidariza com a família de Eloá e “repudia a forma como foi conduzida, pelo Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a operação do seqüestro das duas adolescentes, em Santo André (SP).”

Mas o que a carta repudia? Algo que este blogueiro cansou de falar em privado com seus amigos neste final de semana. Veja esse trecho: “Em que pese o acúmulo de competências da Polícia Militar, chama a atenção que os responsáveis pela operação não tenham reconhecido a complexidade do caso, em que o detentor apresentava claros sinais de distúrbios emocionais, fato este que demandava, portanto, o envolvimento de outros profissionais habilitados para mediar conflitos, minimizando os riscos à integridade física das meninas.

“Também é evidente a inaceitável ação do Comando, de permitir que uma amiga da adolescente, libertada na terça-feira (14), retornasse ao cativeiro em que a amiga ainda era mantida refém, bem como a malsucedida tentativa de resgate, na sexta-feira,

que resultou no alto grau de exposição face aos disparos que atingiram as adolescentes.”

Além desse trecho da carta, que me parece bastante auto-explicativo, acabo de assistir uma entrevista do perito Ricardo Molina no Jornal Nacional. Ele esclarece que todos os disparos foram feitos após a explosão da porta pela ação da PM. Algo que este blogueiro também suspeitava.

Ou seja, como disse um Policial Militar, olhando-me com certo ar pasmo enquanto assistia a cena ainda na sexta-feira à noite numa padaria: “sabe qual o nome disso, amigo? Barbeiragem, infelizmente, barbeiragem”.

E depois de 100 horas de invasão será que o governador do Estado não tem responsabilidade nenhuma pela barbeiragem? Será que deixar que toda a operação fosse realizada sem outros especialistas, como pede a carta da Conanda, não foi uma enorme barbeiragem daquele que comanda o Estado e que deve zelar pela segurança da população?

Esses questionamentos não têm por intenção responsabilizar José Serra ou quem quer seja pelo ocorrido. Agora, convenhamos, engolir todas as barbeiragens desse episódio sem questionar responsabilidades é de uma irresponsabilidade imensa. Mas quando as coisas acontecem com José Serra é que a gente percebe o quanto nossa mídia pode ser doce. Doce mídia, doce... Mas não pensem que essa doçura midiática tem qualquer outra relação que não seja de sorte de Serra com a cobertura jornalística. As coisas acontecem com ele na hora em que os veículos de comunicação estão de bem com a vida. José Serra é mesmo um homem de sorte. Baita sorte.

Fonte: Blog do Renato Rovai

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