quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Senado norte-americano aprova pacote inflado pró-banqueiros

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Por 74 votos a favor e 25 contra, o Senado norte-americano aprovou na noite desta quarta-feira (1º) o pacote de resgate do mercado financeiro proposto pelo governo norte-americano, o maior da história do país. Com as mudanças acrescentadas pelos políticos para ajudar que a medida passasse, o total previsto do plano pula dos US$ 700 bilhões originalmente pedidos para US$ 850 bilhões.

Agora, deve ir à Câmara dos Representantes (deputados federais), onde será votado na sexta-feira. A aprovação no Senado melhorou as perspectivas de passagem do projeto por essa Casa, que o rejeitou na segunda-feira, derrubando o mercado mundial. Se todos os que foram a favor então mantiverem sua opinião na sexta, o governo precisa virar a posição de apenas 12 congressistas.

Se aprovada, vai para sanção do presidente George W. Bush e vira lei. Se modificada, terá de passar por uma comissão bipartidária das duas Casas. Se rejeitada, o processo é reiniciado ou mesmo interrompido.

Obama e McCain

Os dois candidatos à sucessão de Bush, os senadores Barack Obama (democrata) e John McCain (republicano) interromperam suas campanhas para participarem da votação.

Antes da aprovação no Senado, os dois defenderam o plano do governo e apelaram para que seus colegas fizessem o pacote passar.

"Se não agirmos será mais difícil para você conseguir um financiamento para sua casa ou empréstimo para um carro ou para mandar seus filhos para a universidade. Companhias não vão conseguir empréstimos (...). Pequenas empresas podem não conseguir pagar os funcionários, milhares de negócios podem fechar. Milhões de empregos poderão ser perdidos. E uma longa e dolorosa recessão pode ocorrer", disse o candidato democrata Barack Obama horas antes.

McCain, por sua vez, disse que apesar de o plano ser necessário, se ele for eleito, vai congelar quase todos os gastos do governo por um ano para ajudar a diminuir a carga financeira do pacote de ajuda.

"Precisamos perceber que este plano tem implicações sérias para gastos futuros. Não podemos dedicar potencialmente mais de US$ 1 trilhão para ajudar instituições que estão falindo e então agir como se nada tivesse acontecido em Washington, como se os recursos do governo ou a paciência dos contribuintes não tivesse fim", disse.

Bush saudou o resultado: "Com as melhorias que o Senado fez, acredito que membros de ambos os partidos da Câmara possam apoiar a medida". A votação é parte da manobra política do governo Bush e líderes dos dois partidos majoritários para aumentar a pressão sobre a Câmara. Para tanto, foram incluídos dois itens que agradariam a republicanos conservadores e democratas progressistas, principais opositores.

Um deles é um corte generalizado nos impostos da classe média, de pequenos empresários e de famílias vítimas de acidentes naturais, num total de mais de 25 milhões de beneficiados, a um custo adicional de US$ 150 bilhões na próxima década para o pacote. Nessa soma, entram ainda incentivos fiscais a empresas que investirem em energia alternativa e em pesquisa e desenvolvimento.

O outro é o aumento da garantia federal de depósitos bancários individuais dos atuais US$ 100 mil para US$ 250 mil – e a derrubada do limite de empréstimo que o FDIC, órgão que garante as operações do setor bancário nos EUA, pode pedir ao Tesouro para garantir esses depósitos.

O objetivo é acalmar o cliente e evitar não só uma corrida aos caixas como a transferência de depósitos de pequenas instituições para grandes, o que acabaria por quebrar as primeiras. Era ponto de honra da poderosa associação de pequenos e médios bancos, de grande influência sobre republicanos.

Da redação Vermelho, com agências

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