quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Roubini: Estados Unidos a caminho de "severa recessão"

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por Luiz Carlos Azenha

Por 74 votos a 25 o Senado dos Estados Unidos aprovou ontem à noite o pacote de ajuda de U$ 700 bilhões ao mercado financeiro. Foi rebatizado de "resgate do contribuinte", para torná-lo palatável ao público.

O pacote inclui U$ 150 bilhões extras para adocicar a oposição, tanto dentro quanto fora do Congresso. Mas ele só entra em vigor quando - e se - for aprovado pela Câmara dos Representantes, que deve apreciá-lo na sexta-feira. Para garantir a aprovação é necessário conseguir que 12 deputados voltem atrás em relação ao voto dado na segunda-feira passada, quando o plano do governo Bush foi derrotado.

A novidade mais significativa é o aumento do valor dos depósitos bancários garantidos pelo governo dos Estados Unidos, de 100 mil para 250 mil dólares.

O economista Nouriel Roubini sempre teve uma visão pessimista da crise, desde que ela surgiu como resultado da inadimplência dos mutuários. A resposta dele é negativa quando se faz a pergunta para a qual ninguém tem a resposta. Aprovado, o plano vai mesmo ajudar a debelar a crise?

Roubini dizia que estava em andamento nos Estados Unidos o que definiu como "uma corrida bancária silenciosa" e propunha que o governo desse garantia a todos os depósitos bancários, de qualquer valor, pelos próximos seis meses. Além disso, pregava ajuda direta aos mutuários, para que eles pudessem permanecer em seus imóveis e retomar os pagamentos do financiamento.

O economista disse, em entrevista à Bloomberg dada antes da votação no Senado, que acredita que de 100 a 150 bancos dos Estados Unidos eventualmente serão liqüidados, 10 deles bancos regionais de médio porte. "É preciso separar as maçãs podres das maçãs boas", afirmou o professor da Universidade de Nova York. Ele lembrou que nos últimos quatro meses o consumo nos Estados Unidos caiu seguidamente, pela primeira vez desde 1991. "O consumo representa 71% do PIB", afirmou. Ele acredita que os Estados Unidos estão a caminho de uma severa recessão, mesmo que o pacote seja aprovado na Câmara.

Fonte: Carta Capital

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