domingo, 12 de outubro de 2008

Por que Marta Suplicy

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Marta Suplicy aos 17 anos


por Eduardo Guimarães


Julgo ser meu dever e meu direito de cidadão, concomitantemente com o encerramento da propaganda eleitoral na televisão e no rádio, declarar formalmente em quem votarei para prefeito de minha São Paulo, cidade de meus pais, avós e que abrigou meus bisavós maternos, que imigraram da França, e paternos, que vieram do interior paulista tentar a sorte na capital do Estado que, no começo do século XX, já caminhava para se tornar o mais pujante do país.

Muito embora eu, de vez em quando, refira-me a este Estado e ao seu povo como vítimas da visão de mundo e das ações privilegiadas de uma parcela ínfima de sua população, uma parcela que se apoderou de parte indecentemente grande e desproporcional das riquezas e a usou para dominar corações, mentes e braços, quero declarar minha paixão por esta cidade, que, apesar de seus problemas e dramas imensos, de suas assimetrias sociais dolorosas e tão perniciosas, é a única em que penso em morar até o fim dos meus dias, pois quero morrer onde nasci.

Por amar São Paulo e só querer da eleição de seu próximo prefeito aquilo que todos os paulistanos querem, até os egoístas que vivem aqui em gaiolas douradas, pretendo votar, no próximo domingo, da melhor forma para a cidade inteira.

Como entendo que o melhor para todos os paulistanos é que São Paulo seja mais justa, mais humana, mais solidária com seu mais humilde e fraco cidadão, pois uma cidade que trata a todos com respeito e humanidade é a melhor das cidades, pretendo votar em Marta Suplicy, uma mulher pela qual quero manifestar meu mais profundo respeito e minha grande admiração por sua fibra, por sua tenacidade e coragem de ter se exposto novamente à maledicência, ao preconceito e à intolerância.

Marta, em seus quatro anos à frente da prefeitura paulistana, equilibrou as finanças municipais, finanças que a própria imprensa, que depois negou o que dizia, afirmava que estavam em situação catastrófica depois das passagens de Paulo Maluf e de Celso Pitta pela administração municipal.

Marta inovou em políticas sociais que apoiaram idosos, desempregados, moradores de rua, negros, minorias diversas, e fez o transporte público muito mais humano com o bilhete único e com o enfrentamento corajoso de máfias que controlavam parte significativa do transporte urbano, e, como se não bastasse, pôs fim à grande corrupção que havia na máquina municipal e ainda criou o projeto educacional que mais seria copiado a partir de sua gestão, tendo sido adotado até por seus sucessores, ainda que executado com qualidade inferior, assim como aqueles sucessores fizeram na gestão do transporte público e na dos programas sociais.

Marta não criou taxas abusivas coisa nenhuma. Essa é uma idéia que seus adversários conseguiram vender a grande parte dos paulistanos graças à aliança deles com a grande mídia paulista. Eram taxas irrisórias, que todos podiam pagar para uma cidade economicamente arrasada e que precisava investir, e as taxas que não eram tão irrisórias faziam justiça fiscal, introduzindo a progressividade na cobrança de impostos.

Marta foi injustiçada na campanha eleitoral de 2004, na qual não se elegeu muito mais pelo preconceito que decorreu de seu ato de coragem de romper uma relação matrimonial com um homem bom e respeitado para recomeçar sua vida amorosa com outro, mas da mesma forma como fazem tantos homens que deixam casamentos de décadas para recomeçar suas vidas e que jamais são criticados por isso. Mas ela foi, porque é mulher. E o mais intrigante é que foi criticada talvez mais por mulheres do que por homens, talvez por ser bonita, inteligente e bem sucedida e, assim, despertar inveja.

Enumerei minhas razões para votar em Marta. Fiz isso com serenidade e com espírito público, porque julgo que fazê-lo é meu dever e meu direito de cidadão. E por que, assim, outras pessoas poderão julgar que minhas razões são suficientemente boas para que acompanhem meu voto.

Fonte: Cidadania.com

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