quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A nova estratégia de Dantas

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De Samuel Possebom

Caro Nassif,

tudo bem? Mando uma sugestão de pauta para você, sobre mais uma coincidência de datas, movimentos de jornalistas e notinhas na imprensa envolvendo Dantas.

1) No dia 26 de setembro, última sexta-feira, o escritório de advocacia BOIS, SCHILLER & FLEXNER LLP, dos EUA, apresenta uma manifestação ao processo HC 95009 do STF. Trata-se do processo do Habeas Corpus de Daniel Dantas no Supremo. É por lá que todo mundo que quer ter acesso à Satiagraha entra. Nenhum veículo publicou esse movimento do escritório norte-americano, mas basta olhar o site do STF e buscar pelo HC95009 que se verá esse movimento.

2) O escritório Bois, Schiller & Flexner LLC é o escritório que defende o Daniel Dantas em Nova York, e atuava especialmente no processo movido pelo Citibank contra Dantas. O processo foi formalmente encerrado com o acerto entre as partes em abril deste ano.

3) Participam do escritório, entre outros, dois advogados: Phillip Korologos e Eric Brenner. Ambos aparecem em dezenas de grampos feitos sobretudo no sistema de VoIP do Opportunity durante a Operação Satiagraha. Nestes grampos, entre várias coisas tratadas, existem, segundo os laudos da PF, suspeitas de fraudes fiscal, corrupção na Anatel, uso de informações fruto de espionagem e mais uma porção de indícios. Se os advogados eram ou não coniventes com isso ou se eram usados pelo Opportunity é uma discussão, mas o fato é que nas ligações a Polícia Federal pegou muita coisa. Nem preciso dizer que é grampo autorizado pela Justiça.

4) Não sei o que os advogados do Dantas estão pedindo ao STF, mas provavelmente eles pedem para ser parte da ação, assim como pediu o Heráclito Fortes, por exemplo, simplesmente porque eles apareceram nos grampos. Possivelmente, eles querem ter acesso aos autos, oficialmente, porque informalmente toda a torcida do Flamengo já teve.

5) A coisa interessante vem agora. Na IstoÉ Dinheiro deste final de semana, na coluna do Leonardo Attuch, há uma nota estranha dizendo que o Philip Korologos, advogado do Dantas, "encaminhou uma queixa formal no dia 15 de setembro à secretária Condoleezza Rice, alegando ter sido grampeado. Korologos afirmou que suas decisões nos processos teriam sido antecipadas pelo Citi e disse ter sido alvo de espionagem privada, antes mesmo da ação oficial da Polícia Federal". Se a nota do Attuch for verdadeira, a primeira coisa estranha é o advogado ter feito isso antes de pedir para, oficialmente, ter acesso aos autos da Satiagraha, o que só aconteceu dia 26. A segunda coisa estranha é o Attuch ter ficado sabendo disso antes de o fato acontecer. A terceira é que o advogado Korologos nunca fez nenhuma queixa desse tipo ao Juiz Lewis Kaplan, que conduzia o processo.

6) Mas a coisa mais estranha é que este jogo já havia sido antecipado pelo próprio Daniel Dantas durante seu depoimento à CPI do Grampo, dia 13 de agosto. Ele afirmou naquela ocasião: "Agora, recentemente, nos últimos 2 anos, na disputa societária remanescente, que acabou continuando com o Citi e os fundos de pensão, nós tivemos uma nítida sensação de que várias das nossas iniciativas estavam sendo antecipadas pela outra parte. Quer dizer, eu não tenho a menor dúvida de que o nosso telefone foi grampeado. Se o telefone... Se foi vazamento dos grampos feitos pela Polícia Federal, que acabaram motivando a Operação Satiagraha, ou se existe uma outra estrutura de grampo, eu não sei".

7) A maior parte dos grampos da Satiagraha se concentra em março deste ano, justamente quando o Citibank e o Opportunity estavam prestes a fechar um acordo, que no final das contas acabou sendo bem interessante para o Opportunity. Além de levar cerca de US$ 1 bilhão pela venda de suas ações nas empresas em que participava ao lado do Citi e dos fundos de pensão, Dantas conseguiu um acordo judicial com o Citibank para encerrar o processo de Nova York.

8) Tudo indica que a estratégia de Dantas é criar uma espécie de constrangimento internacional para as autoridades brasileiras, criar factóides em várias frentes. Envolver o Departamento de Estado nesse caso só se justificaria se tivesse havido abuso de autoridade do governo brasileiro, algo que ameaçasse a soberania de outro país. Esse é o jogo de Dantas: jogar uma cortina de fumaça em diferentes frentes para ver onde ele
consegue confundir mais

Fique aí com as dicas e publique se quiser. Tudo isso está documentado.

Fonte: Blog do Luis Nassif

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