quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A falência do neoliberalismo e o Brasil

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por Laerte Braga

O presidente do Banco Central do Brasil, Henry Meireles, é norte-americano, foi presidente do Bank of Boston e já mudou as regras do chamado compulsório para os bancos brasileiros (depósitos obrigatórios no BC). Segundo afirmou a decisão é “pontual”, não há crise de liquidez, mas a medida aumenta a liquidez dos pequenos bancos brasileiros.

O sistema financeiro hoje é de tal ordem entrelaçado que um espirro em Paris ecoa por aqui. Não há como escapar da grande falência do neoliberalismo. Quando Fernando Henrique montou o PROER a pretexto de ajudar bancos brasileiros só fez entregar o sistema a bancos estrangeiros.

A falência do modelo não atinge só Washington. O governo da Alemanha já deu sinais que a situação é grave por lá e anunciou que não vai ajudar a pagar a conta de Bush e seus delírios anti terrorismo.

Por aqui começam as restrições de crédito, os juros atingem patamares os mais elevados desde 2006 e aumenta a inadimplência. São dados do Banco Central. Mesmo não sendo autônomo como pretendem alguns setores o BC brasileiro é propriedade exclusiva dos bancos privados e Meireles é apenas o gestor desses interesses.

Faz parte do acordo para viabilizar o lado oculto do governo Lula, o lado neoliberal com viés populista.

Uma das tais conquistas do governo Lula, o reconhecimento do investidor estrangeiro, que na prática é irreal, pois o dinheiro entra pela manhã e sai à tarde e entra em forma de papel, vai sumir. Os tais grandes investidores, o mercado, o “deus” do capitalismo, está dependente do Estado. Em curto prazo o governo Bush fala em algo em torno de um trilhão de dólares. Tampa os buraquinhos. Tampa os rombos, os estragos dos vendavais e furacões das grandes negociatas do mercado. Vai custar o olho da cara e quem vai pagar são os de sempre.

A classe trabalhadora.

Por trás de todo esse delírio da mídia, bolsa sobe, bolsa desce, dólar cai, some, acaba, fica agudo o processo golpista que tem servido aos EUA para sustentar-se na fome do que chamam AAA (Ásia, África, América Latina). Na exploração.

O grande erro de Lula foi achar que podia assegurar aos banqueiros o “vosso reino” em troca do “venha a nós” demagógico do populismo. Agora, findo o jantar, mesmo não tendo comido e nem bebido nada, o Brasil, como de resto o mundo quase todo, vai participar do rateio da conta da guerra do Iraque, da invasão do Afeganistão, da Operação Colômbia, dos seqüestros, tortura, prisões em navios, em Guantánamo, combate ao “terrorismo”, a pílula dourada para ocultar o avanço estúpido do império, inconseqüente e desmedido.

Democracia, justiça, liberdade e não vai conseguir escapar nem dos 10% da gorjeta. Já estão na nota, não tem escapatória.

O risco de liquidez dos pequenos bancos é real. O risco que possa alcançar os maiores também é. Vai depender da evolução da crise e da capacidade do governo de Washington em encontrar uma saída, mas a primeira saída vão encontrar para eles.

Vai daí que ficar em cima do touro parece cada vez mais difícil.

A coisa está tão brava que donzelas estão anunciando leilões de virgindade na faixa do milhão e de euros.

É o mercado.

A sociedade do tudo é normal, do tudo pode, do ser humano transformado em mercadoria, mas agregado aos prejuízos da torre de Babel que chamam de globalização.

E pior, nas mãos de um inconseqüente, um terrorista, George Bush. Por pouco não quebrou os “negócios” da família, está acabando de quebrar a Meca do capitalismo. Muito pior ainda, produto de uma fraude eleitoral.

Vão dizer que a culpa é de Chávez, de Morales, vão dizer que o presidente do Equador estava errado ao expulsar uma quadrilha, a Norberto Oldebretch do seu país.

É para isso que a GLOBO está aí. Vender o peixe dos donos.

E é por aí que Lula dança com toda a popularidade em alta.

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Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

Fonte: Fazendo Media

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