terça-feira, 14 de outubro de 2008

A “BrOi” FOI PARA O SACO – IV. E OS FUNDOS VÃO PAGAR A CONTA

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Wagner Pinheiro (Petros), Sergio Rosa (Previ) e
Guilherme Lacerda (Funcef): quem mandou
fazer acordo com um quadrilheiro ?

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 2007

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista


. O sempre competente editor da Teletime, Rubens Glasberg, demonstra por “a” mais “b” que a fusão da “BrOi” é um investimento tão inteligente quanto comprar ações do Lehman Brothers.

. Mais do que isso.

. Glasberg chama a atenção para um aspecto moral da história e pergunta: por que pagar o cala-a-boca do Daniel Dantas (US$ 1 bilhão) e do Citibank por um valor de mercado de ANTES do crash ?

. Não vai ninguém em cana ?

. Clique aqui para ler a representação com que entrei no Ministério Público Federal-DF contra a “BrOi”. E clique aqui para ler a replica que ofereci à “defesa” do BNDES.

. Quem pode acabar em cana é o pessoal dos fundos de pensão, do bloco controlador da Brasil Telecom.

. Na página A8 de hoje, a Folha (da Tarde*) publica reportagem de Leonardo Souza: “Greenhalgh fez lobby para Dantas na venda da BrT à Oi – escuta da PF mostra petista recebendo ordens (de Dantas) para interceder junto a governo e fundos – teor dos diálogos contradiz versão dada por Greenhalgh para contrato com grupo; petista disse que ‘analisou processos’ como advogado”.

. Clique aqui para ler.

. No auge da discussão, Greenhalgh, que aparece nas escutas da PF como o “Gomes”, foi à sede da Previ, no Rio, conversar com o presidente do fundo, Sérgio Rosa.

. A certa altura das gravações, “Gomes” pronuncia a frase decisiva: “Senhor, presta atenção. A ordem da capital é meter o pau nesse assunto sábado, domingo, segunda e assinar na terça-feira”.

. É o que “Gomes” diz a Humberto Braz, o braço direito de Dantas e o homem da agenda que vale milhões (clique aqui para ler sobre o Sistema Dantas de Comunicação...).

. O “Gomes” tem as costas largas.

. É o amigo do presidente.

. O homem que fala com a Dilma.

. Amigão do José Dirceu.

. O Dantas, esse não perde uma na Justiça brasileira.

. Isso vai acabar é nas costas dos fundos e o do BNDES.

. O BNDES, porque deu a grana – do FAT e do Tesouro – para Dantas, Carlos Jereissati e Sérgio Andrade tomarem champanhe rosé gelada ...

. E dos fundos, porque entregaram a empresa, a BrT, e deram o cala-a-boca de US 1 bilhão da Dantas sem que possam explicar por que ...

. Agora, amigo leitor, acompanhe como a “BrOi” foi para o saco – IV, segundo Glasberg (até que a colonista Monica Bergamo entreviste um “broista” e prove o contrário ...):

Como fica a BrOi depois do crash?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008, 19h02
Governo e Anatel têm pouco tempo para cumprir todos os passos legais necessários para viabilizar a BrOi. A data limite contratual é 21 de dezembro. Se a operação não tiver o sinal verde da agência, a Oi terá de pagar à BrT uma multa rescisória de R$ 490 milhões. Mas mesmo que se chegue a toque de caixa ao prazo limite, BNDES e fundos de pensão (os sócios que abriram mão de serem controladores majoritários) terão de fazer em dezembro uma pausa para meditação antes que a Oi desembolse os cerca de R$ 9 bilhões para adquirir o controle da BrT e pague o tag along aos minoritários. Duas perguntas terão que ser feitas: será que o negócio nesse valor ainda vale à pena? será que não é preferível e mais barato pagar a multa rescisória e procurar outro caminho?
A razão para a reavaliação do negócio é evidente. O acordo foi fechado no dia 25 de abril deste ano quando o Ibovespa estava em 65.185 pontos. De lá para cá, houve o crash das bolsas e as empresas de capital aberto, como as operadoras de telecomunicações, tiveram suas ações negociadas no mercado por valores em média 50% abaixo daqueles praticados na época em que se fechou o acordo da BrOi, e podem cair ainda mais. Em outras palavras, com R$ 9 bilhões daria, agora, para comprar em bolsa o dobro ou até mais de ativos que se podia adquirir no dia 25 de abril.
Não é bem assim que se faz a conta nos casos de fusões e aquisições em que se negocia o controle de empresas, certamente dirão articuladores da BrOi. Embora o chamado valor de mercado (cotações em bolsa) seja um dos parâmetros a serem levados em consideração no cálculo de quanto valem BrT e Oi juntas, há dois outros parâmetros até mais relevantes a se olhar. Em primeiro lugar, o fluxo de caixa descontado (onde o desconto é a taxa de risco). E é óbvio que esse parâmetro também muda no novo cenário econômico das telecomunicações que se vislumbra após o crash. Pode-se dizer que a economia crescerá a partir de agora menos do que no período anterior e que o ritmo de crescimento do fluxo de caixa das operadoras de telecomunicações também acabará reduzido. Trocando em miúdos, haveria aí mais uma razão para analisar novamente o negócio da BrOi.
Por fim, o último e relevante parâmetro a ser questionado na aquisição da BrT pela Oi é a sinergia entre as empresas. Isso significa checar se elas juntas não seriam uma mera soma aritmética de resultados de ambas, ou até menos. Se, enfim, juntas elas geram mais valor do que separadas. Do lado dos fundos de pensão (vendedores e compradores na operação), quem fez os cálculos garante que existe essa sinergia. Mas a opinião não é unânime. Há analista de investimento projetando um preço alvo para a ação da BrOi que fica igual ao da Oi/Telemar. Como qualquer outro prognóstico no mercado de ações, trata-se de um chute baseado em estudos. Pode estar equivocado e a aquisição da BrT criará mais valor, havendo portanto a propalada sinergia. Mas, para ter maior segurança, não conviria também reavaliar esse parâmetro em dezembro?
Para concluir, há um outro fator a ser considerado. É justo e moral que Citi e, principalmente, Opportunity saiam desse negócio com recursos que em termos relativos sejam equivalentes ao dobro do que teriam a receber pelo acordo anunciado a 25 de abril? No caso do Opportunity, acusado de uma extensa lista de ilícitos cometidos durante sua gestão de sete anos na BrT, soma-se ao fantástico ganho de capital (para quem aplicou quase zero de capital próprio) um inconcebível perdão de seus acusadores: o Citi e os fundos de pensão que retiraram os processos que corriam na Justiça brasileira, em Nova York e em Cayman.
Convém lembrar ainda que as ações do Opportunity na BrT a serem pagas em dezembro pelo valor de controle de abril foram em grande parte adquiridas por meio de garimpagem. Ou seja, conforme inquérito que anda a passos de tartaruga na CVM e é também assunto da operação Satiagraha, foram adquiridas com informações privilegiadas pelos ex-gestores da BrT junto a incautos detentores de antigos planos de expansão do Sistema Telebrás. O risco da revenda desses papéis para a Oi vir a ser contestada na Justiça é, portanto, grande. Será que convém apostar mais uma vez nas facilidades atribuídas a Daniel Dantas nos tribunais?
Em meio ao crash e à crise econômica que se prenuncia (ou não), vários negócios contratados foram desfeitos ou refeitos no Brasil e no mundo. Aqui temos os exemplos recentes da Aracruz com a Votorantim ou ainda da Cyrella com a Agra, que desfizeram seus respectivos acordos.
Até dezembro, há tempo para refletir. Por que não usar os R$ 9 bilhões da Oi para pagar a multa rescisória e adquirir ativos no Brasil ou no exterior que se tornaram mais interessantes e baratos para a Oi? Por que não avaliar até a oportunidade de pagar a multa e renegociar a própria BrT? No mundo de volatilidade do valor dos ativos em que vivemos, tudo é possível. Inclusive corrigir eventuais equívocos. (Este editorial é parte da edição de outubro da Revista TELETIME, que circula esta semana.)

Rubens Glasberg

Clique aqui para acessar o site da Teletime.

(*) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

Fonte: Conversa Afiada

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