quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vida de estagiário é difícil

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por Celso Marcondes

O presidente Lula sancionou dia 27 passado a lei que regulamenta o estágio. Ela é um avanço. Garante férias remuneradas, garante auxílio-transporte. Também determina que a carga horária diária não passe de 6 horas e a semanal de 30.

Muito empregador vai ter que rebolar para se ajustar à nova lei. Em muitas empresas, em alguns segmentos do setor de serviços de forma disseminada, estagiário é mão-de-obra barata, que substitui o empregado que deveria ter sido contratado para fazer o mesmo trabalho. O rapaz ou a moça dão um duro danado, saem correndo do estágio para a faculdade, comem mal, vivem tensos, são prejudicados no curso.

Aí os contratos vão se renovando até o limite máximo: a formatura, quando o infeliz é demitido, logo no dia seguinte ao recebimento do diploma. Férias, então, é coisa descartada para quase todos. Em muitos casos, vale dizer, até a remuneração é descartada. O pobre acaba trabalhando de graça, “para aprender”.

Em alguns lugares, o aprendizado se resume a tirar xérox, arrumar arquivo e levar papel de um departamento para outro. Alguns ainda têm a sorte de ter um computador à disposição para se distrair com a internet. Isso para não falar dos colegas espertos e engraçadinhos que pedem para trazer cafezinho e comprar cigarro. Em lugares assim, estagiários não são respeitados, são motivos de mil brincadeiras e gozações.

Ajuda este desvio o fato de que às vezes existe uma cota de estagiários que entra na empresa a pedido de clientes e amigos. Esses rapazes e moças, se não forem muito bons e persistentes, logo passam a ser conhecidos pelos colegas como “o filho da dona da empresa x” ou “a namorada do cliente Y”. Quase nunca conseguem se impor, a oportunidade vira um inferno. Ou passa correndo, a vítima não agüenta.

Claro que existem empresas que tratam o estágio com muita seriedade e aproveitam muito bem a passagem destes jovens para formá-los visando uma contratação futura. Fazem um processo de seleção bem feito e usam os serviços do CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola.

As medidas do governo são muito boas, mas falta ainda a mudança de mentalidade entre uma parte dos empresários. Aqueles que ainda só pensam em levar vantagem com a rapaziada, infelizmente, abundam.

Ou você nunca viu ou passou por essas durante sua carreira profissional?

Fonte: Carta Capital

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