quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sarah Palin é incapaz de nomear um jornal americano

::

por Idelber Avelar

A jornalista Katie Couric está entrando para a história da política americana com as entrevistas que tem feito com a candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin. Depois de impedir que a candidata tivesse qualquer contato com a imprensa durante semanas, a campanha de McCain liberou Palin para alguns papos com Couric. Talvez tivesse sido melhor lançar Palin aos leões do jornalismo beligerante. O massacre quiçá lhe rendesse alguma simpatia ou compaixão. Com voz macia, dicção pausada, perguntas simples que exigiriam respostas específicas e um grande talento para conter as gargalhadas, Couric tem levado Palin a sucessivos desastres, que deixam entrever sua assombrosa ignorância. Seleciono hoje os meus dois trechos favoritos. Este é o primeiro, em que, depois que Palin afirma que havia estado lendo muitos jornais para se preparar, Couric lhe pede que cite algum. A candidata republicana é incapaz de citar o nome de um jornal americano. Confira:





Mas o campeão realmente é este vídeo, em que, ante uma pergunta sobre o recente pacote de socorro ao setor financeiro, Palin produz um dos parágrafos mais insanos da história da língua inglesa. Acompanhe o show e depois leia a tradução exclusiva do Biscoito:

Ok, qualquer um que se proponha a traduzir isso está fadado ao ridículo, mas aí vai minha melhor tentativa:

Pergunta: Por que não seria melhor, Governadora Palin, gastar os US$ 700 bilhões ajudando as famílias de classe média que estão em dificuldades com assistência médica, moradia, gasolina e comida, para permitir que elas gastem mais e coloquem mais dinheiro na economia, ao invés de ajudar essas grandes instituições financeiras que cumpriram um papel na criação dessa bagunça?

Resposta: É por isso que eu digo que eu, como todo americano com o qual eu estou conversando, estamos doentes com essa posição em que fomos colocados. Onde são os contribuintes tentando socorrer. Mas no final das contas, o que o socorro faz é ajudar aqueles que estão preocupados com a reforma do sistema de saúde que é necessária para consertar nossa economia. Então, a reforma do sistema de saúde, e baixar os impostos, e controlar os gastos tem que acompanhar a redução de impostos e os alívios de impostos para os americanos, e o comércio. Nós temos que ver o comércio como oportunidade, não, uh, como uma coisa competitiva e, uh, que dá medo. Temos que olhar para isso como mais oportunidade. Todas essas coisas sob o guarda-chuva da criação de empregos.

É, mes amis, é o Império, na sua marcha inexorável. Assim, não há humorista que consiga chegar perto. É um caso único, em que a paródia não necessita fazer nada além de citar o original. A literatura pós-moderna tenta há décadas, mas só Sarah Palin consegue transformar a paráfrase em paródia.

PS 1: Continua a curva ascendente de Obama nas pesquisas. Os números mais comemorados hoje foram: 1) Rassmussen dá Obama 50 x 47 em Virgínia, estado republicano; 2) Rassmussen dá Obama 49 x 47 na Carolina do Norte, estado republicaníssimo. 3) Rassmussen dá Obama por 8 pontos na Pensilvânia. Digamos o seguinte: qualquer candidato republicano que esteja atrás 8 pontos na Pensilvânia e sofrendo para empatar nos bastiões vermelhos da Virgínia e da Carolina do Norte está em sérios, sérios apuros.

PS 2: Eu me interno até amanhã à noite para terminar de redigir um projeto de pesquisa. Mas volto às 22 de Brasília, para o debate que pode decidir a eleição.

Fonte: O Biscoito Fino e a Massa

::


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: