segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Open thread das eleições

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por Idelber Avelar

A análise mais detalhada dos resultados deste domingo virá depois, já que eu tenho que ir ali pegar um avião para palestrar em Georgetown University.

Não vou sem antes, no entanto, dizer que se terá que fazer muito malabarismo para ler nesses resultados algo diferente do que aconteceu: uma vitória avalassadora da base de sustentação do presidente Lula, e muito especialmente das forças de esquerda (PT, mas também PC do B e PSB), que elegeram no primeiro turno, para limitar-nos às capitais, os prefeitos de Vitória, Rio Branco, Recife, Fortaleza, Aracaju, Porto Velho, Boa Vista, João Pessoa e Palmas, além de enviar candidatos petistas, socialistas ou comunistas aos segundos turnos de Salvador (enterrando ACM), Porto Alegre, São Paulo, São Luís, Macapá, Manaus e, dependendo de como você olhe a coisa, Belo Horizonte. Além disso, a base de sustentação do governo, com forças que não são de esquerda, venceu em Goiânia, Maceió e Campo Grande e está no segundo turno em Florianópolis, Cuiabá e Belém. O governo só foi derrotado no primeiro turno de Natal, Curitiba, Teresina e, dependendo de como você veja a coisa, Rio de Janeiro.

Nas cidades médias do chamado G-79, a onda vermelha inclui uma longa lista de vitórias no primeiro turno, que vai de Betim a Nova Iguaçu, de Belford Roxo a Osasco, além de uma série de vantagens largas para o segundo turno em muitas outras.

A coisa ficou tão feia para a direita que o blogueiro da Veja está comemorando o fato de que Luiz Marinho (PT), em São Bernardo do Campo, "só" conseguiu 49% dos votos e terá que confirmar a vitória no segundo turno.

Em Minas Gerais, o PT elegeu mais de 100 prefeitos e venceu na grande maioria das cidades importantes. Não fosse a ambição e a visão estreita de Fernando Pimentel, o PT teria varrido Aécio Neves das cidades grandes e médias de Minas.

Claro que Natal foi um revés importante, na medida em que Lula tomou a coisa meio emocionalmente e sua candidata perdeu. É evidente que Porto Alegre e São Paulo serão pelejas duríssimas que, em caso de derrota, relativizarão a avalanche.

Até mesmo a lambança feita em Belo Horizonte tem o seu lado positivo -- o eleitorado rejeitou o coronelismo e recusou-se a eleger um candidato que tinha tudo nas mãos: as máquinas estadual e municipal, a TV, o dinheiro.

Sobre o Rio de Janeiro, uma palavra: é de um cinismo atroz que os apoiadores de Fernando Gabeira achem natural receber endosso automático do PC do B, do PT e do PSOL, enquanto todas as forças políticas que sustentam Gabeira -- o PPS, o PSDB, o PV -- se aninham com Fogaça em Porto Alegre e com Kassab em São Paulo, optando por compor alianças contra a esquerda em todas as cidades importantes onde a escolha se apresenta. No Rio, a esquerda é de uma incompetência terrível, mas ela será o fiel da balança, com seus 17%. Há duas alternativas para o PT e o PC do B no Rio de Janeiro. Apoiar Gabeira não é uma delas.

Fonte: O Biscoito Fino e a Massa

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