segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eleixões EUA - Tirando os esqueletos do armário

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por Luiz Carlos Azenha

A reta final da campanha eleitoral nos Estados Unidos não será um espetáculo agradável para os fracos de estômago.

A campanha do republicano John McCain precisa urgentemente mudar de assunto. Pretende desviar a atenção do eleitorado dos assuntos econômicos e focalizá-lo em Barack Obama.

O salvo inicial foi dado pela governadora do Alasca, Sarah Palin, que acusou Obama de ter se associado a terroristas, numa referência ao fato de que o democrata trabalhou com Bill Ayers, que foi integrante do Weathermen.

O grupo, formado por estudantes de esquerda, adotou o nome em homenagem à letra de Bob Dylan segundo a qual é dispensável consultar um meteorologista para descobrir para que lado o vento sopra. Nos anos 60 e 70, promoveu manifestações contra a presença dos Estados Unidos no Vietnã com o objetivo de "trazer a guerra para casa" e plantou bombas de fabricação caseira.

Obama de fato conheceu Ayers, mas muito mais tarde, em Chicago. A acusação de "associação com terrorista" não é nova e o democrata já se defendeu dela dizendo que nos anos 60 era criança.

Na mesma entrevista em que fez a acusação, Sarah Palin também lembrou o pastor Jeremiah Wright e se perguntou como é que Obama ficou sentado no banco da igreja ouvindo as diatribes do pastor contra os Estados Unidos sem reagir.

Wright, responsável pela "conversão" de Obama, celebrou o casamento do democrata e o batizado das filhas dele na igreja protestante Trinity, de Chicago. O democrata se afastou da igreja depois que foram revelados trechos de sermões em que Wright amaldiçoou os Estados Unidos e disse que os ataques de 11 de setembro foram uma reação à política externa agressiva do país.

Acusar "por associação" não é exatamente uma novidade e nesse caso o objetivo dos republicanos parece claro: colocar em dúvida o patriotismo de Barack Obama, como se ele fosse "menos americano" que John McCain, que é herói de guerra.

Agora a campanha democrata prepara comerciais lembrando as ligações de John McCain com Charles Keating, o dono de uma financeira que foi o pivô de uma crise bancária nos anos 90. Antes da falência de Keating, McCain e a mulher Cindy freqüentaram um resort de propriedade do empresário nas Bahamas. Cindy e o pai, um magnata do ramo de distribuição de bebidas, investiram em um projeto imobiliário do banqueiro. E McCain, como senador, fez lobby em defesa dos interesses de Keating.

Com o foco da campanha na economia, Barack Obama abriu uma vantagem substancial, especialmente em estados decisivos como a Flórida, a Pensilvânia e a Carolina do Norte.

John McCain precisa de algum discurso dramático para tentar virar o jogo e é provável que o segundo debate entre os candidatos, marcado para acontecer amanhã em Nashivelle, Tennessee, será muito menos "civilizado" que o primeiro.

Fonte: Carta Capital

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