Revista Political Humor: "Cheney Puppet Master"
Parker ficou aliviada não por descobrir que Palin não é tão ruim como tinha pensado, mas por perceber que os spin doctors da campanha de John McCain têm truques capazes de esconder as insuficiências dela. Explicou a colunista: “A estratégia de Palin (…) foi fugir às perguntas para as quais não tinha resposta e apoiar-se nos americanos que gostam tanto dela que estão pouco se lixando para o resto”.
Citando a frase que também destaquei aqui antes, Palin falou, a uma pergunta de Biden, que daria suas respostas sem se preocupar se eram as que ele ou Gwen Ifill, a moderadora, queriam. “O que farei é dirigir-me diretamente ao povo americano, para que conheça meus antecedentes”. Daí em diante, só disse o que fora treinada para dizer, sem maior interesse pelas perguntas feitas.
Celebridade sim, respostas não
Num ponto, pelo menos, Parker está certa. A gente da direita religiosa que está idolatrando Palin por ser ela evangélica, estar (como George Bush) convencida de que a guerra do Iraque é um serviço a Deus e os soldados americanos cumprem a vontade de Jesus Cristo, quer ver o desempenho dela apenas como celebridade — e não como alguém que tem respostas para as perguntas que lhe são feitas.
Diz a colunista: “O formato do debate claramente funcionou melhor agora para ela, pois Palin pode controlar sua mensagem e repetir os talking points bem ensaiados. Significa que está pronta para liderar o mundo livre se eventualmente receber tal responsabilidade? A pergunta permanece. Juntamente com a mesma questão em relação a Barack Obama”.
Essa última frase, que encerra o artigo de Parker, deixou claro que a colunista já tem o pretexto para votar na candidata que antes achava totalmente despreparada: vota nela para evitar Obama. Mas o ponto realmente assustador, a jornalista deixou de lado — e coube ao New York Times fazer domingo, em editorial, uma análise e uma advertência que os eleitores americanos não terão o direito de ignorar.
As perigosas lições de Cheney
A ameaça apontada pelo Times apareceu numa resposta da candidata a que não se deu muita atenção - quando foi pedido a ela e Biden para descrever o papel e responsabilidades do cargo ao qual estão concorrendo. Ela concordou com Dick Cheney sobre “uma larga flexibilidade”, alegando que “a Constituição permite que se dê muito mais autoridade ao vice-presidente, caso ele queira exercê-la”.
O editorial, com razão, discorda e culpa Cheney por reformar profundamente a vice-presidência, “como parte de esforço amplo que deixa o Executivo sem fiscalização e equilíbrio. Ela (Palin) não parece entender os graves danos que isso causou à democracia americana. (…) Cheney mostrou o que acontece quando se deixa o vice-presidente fazer o que quer, até passar por cima da Constituição.
Por causa de Watergate, Cheney acha que o presidente não tem poder suficiente — e que o Congresso, ao contrário, ficou poderoso demais. Por isso buscou ampliar a autoridade do presidente Bush e reclamar para si próprio poderes executivos, legislativos e jurídicos que a Constituição não lhe dá. Na CBS, Katie Couric tinha feito a pergunta sobre o que achava pior e melhor no atual vice-presidente.
Entendendo da forma errada
Ela safou-se com uma piada e elogiou Cheney pelo “apoio às tropas” no Iraque. Não falou do papel do vice forçando a guerra no Iraque, mentindo ao povo sobre as inexistentes armas de destruição em massa, forçando a criação de prisões ilegais onde detidos são torturados, defendendo escuta para espionar americanos, impondo política energética em benefício da indústria do petróleo (onde antes aumentara a fortuna).
Biden, ao contrário, condenara o “executivo unitário” defendido por Cheney, no qual “o Congresso e o povo não têm poderes em tempo de guerra”. O democrata vê o atual vice como “o mais perigoso que já houve na história dos EUA”. A “flexibilidade” desejada por Cheney inexiste na Constituição, que limita o poder legislativo do vice ao voto no Senado nos casos de empate.
No mais, o que constitucionalmente cabe ao vice é substituir o presidente nos impedimentos, como explicou o jornal. Um presidente merece um vice que seja ainda conselheiro leal e confiável. Mas o povo americano também merece um vice que entende e respeita o equilíbrio dos poderes - e os limites do próprio poder. “É fundamental para a democracia. E a sra. Palin entendeu de maneira assustadoramente errada”, concluiu o editorial.
Fonte: Blog do Argemiro Ferreira
Fonte: Vermelho
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