Férias é não ter nada o que fazer e ter todo o dia para fazer isso.
(Robert Orben)
O bom é não fazer nada e descansar depois.
(Provérbio Espanhol)
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Ativismo na Rede! "Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo; de fato, sempre foi somente assim que o mundo mudou." Fritjof Capra
Recesso de fim de ano! Deixo com vocês duas frases da série Benditas Palavras!
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por Luiz Carlos Azenha
Eu passei a me interessar pela África graças à Conceição Oliveira, uma das editoras-itinerantes deste site. Desde então mergulhei nos assuntos africanos. Com grande prazer acabo de ler "A Manilha e o Libambo", de Alberto da Costa e Silva.
No Brasil, neste momento, trava-se um debate sobre as cotas para negros. Há os que querem que elas sejam impostas pelo governo federal. E os que as rejeitam completamente, argumentando que as cotas deveriam ser sociais, não raciais, e que não devemos "racializar" o debate, que essa "racialização" é um importação indevida de modismos dos Estados Unidos e que só vai aprofundar a cisão racial no Brasil.
Eu diria a vocês que essa "racialização" já existe. E que muitos dos que se opõem a qualquer tipo de ação afirmativa na verdade acabam defendendo a manutenção de um status quo injusto, em que a mulher negra está na escala mais baixa da pirâmide que tem no topo os homens brancos.
Pessoalmente acho que as cotas não devem ser impostas de cima para baixo, pelo governo federal, como se fossem a cura para todos os males. Acredito em ações afirmativas de baixo para cima, adotadas por instituições públicas e privadas, no feitio do que já fazem diversas universidades brasileiras.
Elas enfrentam um combate duro patrocinado pelos neocons brasileiros, que se reúnem em torno da revista Veja e da TV Globo -- de Ali Kamel a Reinaldo Azevedo, de Demétrio Magnoli a Diogo Mainardi. É um país curioso, o Brasil. Na matriz, os neocons são um fenômeno dos anos 80. Mas aqui, na filial, só ganharam algum status já no século 21. É mais uma demonstração do atraso de nossa elite.
Aliás, não é de hoje que os intelectuais prestam serviço a causas pouco nobres, fornecendo os argumentos para a manutenção de injustiças sociais como a escravidão. O próprio Alberto da Costa e Silva encerra o seu livro com um capítulo que deveria ser leitura obrigatória. Segue um trecho:
No fim do século 17, ao se falar de escravo, pensava-se em negro. Ficara para trás o tempo em que nas listas da escravaria do sol da Europa tinham destaque árabes, armênios, berberes, búlgaros, circassianos, eslavos, gregos e turcos, e em que os negros eram minoria nas populações escravas das Américas. Quase duzentos anos antes, já se tornara incomum encontrar-se nos espaços dominados pela Europa um escravo branco que tivesse vindo de terras cristãs ou, melhor, que fosse europeu.
[...]
Além de negros, não era invulgar, no Portugal quinhentista, encontrarem-se em cativeiro árabes, berberes e turcos. Havia também, ainda que em número bem menor, indianos, malaios, chineses e ameríndios. Estes últimos eram poucos, porque adoeciam com facilidade ou, deprimidos, se suicidavam. Quanto aos asiáticos, a Coroa lhes limitava a importação, para não ocuparem um espaço que seria melhor empregado, nas naus da Índia, com pimenta, canela, cravos, sedas, lacas e outras mercadorias mais valiosas.
[...]
Tal qual sucedera, a partir do século 10, no mundo islâmico, o negro foi-se tornando, ao avançar o Seiscentos, no sul da Europa e na maior parte das Américas, o escravo por excelência. De um "outro" entre os "outros", passou a ser considerado uma espécia humana distinta, inferior à branca e predestinada a serví-la. Repetiram-se entre os europeus -- e não como enredo de farsa, mas novamente como urdidura de tragédia -- todos os argumentos que os árabes haviam esgrimido para justificar a escravidão dos pretos. Ressuscitou-se, possivelmente a partir da versão muçulmana, o falso anátema de Noé contra os filhos de Cam -- falso porque lançado claramente contra apenas um deles, Canaã, e não contra Cuxe, de quem descenderiam os africanos. Noé os amaldiçoara: os seus descendentes seriam escravos e negros -- e escravos porque negros.
Foram reforçando-se, um a um, os estereótipos a partir dos quais se construiria toda uma ideologia racista: os pretos eram curtos de inteligência, indolentes, canibais, idólatras e supersticiosos por natureza, só podendo ascender à plena humanidade pelo aprendizado na servidão.
[...]
Esse tecido ideológico vestia a necessidade que tinha a expansão européia de mão-de-obra abundante. Já no começo do Quinhentos, em muitas partes da América, os aborígenes diminuíam rapidamente de número, vítimados pelas guerras e razias, pelo excesso de trabalho e pelas doenças trazidas pelos conquistadores, e se mostravam difíceis de escravizar, ou porque podiam facilmente refugiar-se nas funduras dos sertões e ali resistir pelas armas, ou porque se abrigavam sob a proteção dos jesuítas e de outras ordens da Igreja. As regiões balcânicas e à volta do mar Negro, até então a maior fonte de escravaria para a Europa e o mundo islâmico, tinham sido fechadas aos europeus pelos otomanos, na metade do Quatrocentos.
[...]
Em contraste, as costas da África subsaariana apareciam como uma fonte quase inesgotável de escravos.
*****
Pelo que escreve o autor do livro, não houve falta de gente a fornecer os argumentos necessários para justificar a escravidão. Assim como não faltam, hoje, aqueles que acreditam que basta investir na educação para superar o verdadeiro abismo de renda que existe entre os homens brancos e as mulheres negras na sociedade brasileira.
Quando eles dizem que é um risco "racializar" o debate estão brandindo um argumento falso. Por mais que a gente disfarce a sociedade brasileira é "racializada", com os homens brancos no topo e as mulheres negras na base da pirâmide de renda, de acordo com números do IPEA. Estou entre os que acreditam que o estado brasileiro deve fazer algo a respeito.
Fonte: Vi o Mundo
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O FALSO ARGUMENTO NA QUESTÃO DAS COTAS
por Paulo Henrique Amorim
. A ministra Ellen Gracie do Supremo Tribunal Federal vai para a Organização Mundial do Comércio, a OMC.
. Ela queria mais.
. Tentou ser ministra da Corte Internacional de Haia, mas não passou no exame da Ordem.
. Provavelmente, porque, hoje, se exige dos juízes que saibam deslacrar Discos Rígidos – ingrediente essencial no combate ao crime organizado.
. É indispensável deter um conhecimento mínimo sobre o Windows.
. (O Presidente Supremo Gilmar Mendes, por exemplo, não acredita na internet. Pensa que é coisa de Lúcifer.)
. E, como se sabe, a Ministra se recusou a abrir o Disco Rígido que a Polícia Federal (nos tempos do ínclito delegado Paulo Lacerda) achou no Banco Opportunity, na Operação Chacal.
. A Ministra de feições suaves e lábios diminutos, com a delicadeza que a caracteriza, defendeu tese singular: não podia abrir os discos de Daniel Dantas, porque Daniel Dantas não é Daniel Dantas, mas, sim, Daniel Dantas.
. (No momento, a Polícia Federal que passou a proteger Daniel Dantas e o PT tem 12 HDs encontrados na parede falsa do apartamento de Daniel Dantas; um HD do provedor do Banco Opportunity; e o conteúdo da mochila que estava em cima da mesa da sala de jantar, quando Daniel Dantas se preparava para fugir. E a nova, renovada Polícia Federal do Ministro Abelardo Jurema também não consegue deslacrar os discos rígidos. Uma questão, também, de tecnofobia …)
. A Ministra teve que se contentar com a OMC.
. Vai tratar de suco de laranja, cota de exportação de banana da América Central e amianto (não, desculpe, caro leitor, amianto é com o Supremo Presidente Gilmar Mendes.)
. A carreira de Ministro do Supremo no Brasil transformou-se, com a degradação dos costumes, num pit-stop.
. Francisco Rezek, como Ministro do Supremo, presidiu a eleição de Fernando Collor, que o fez Ministro das Relações Exteriores(?), voltou ao Supremo (?) e, como Ministro do Supremo, saiu a correr para a Corte Internacional de Haia.
. Nelson Jobim, o Ministro serrista que plantou a prova contra Paulo Lacerda, saiu do Supremo a correr para qualquer cargo próximo de um (qualquer) Presidente da República.
. Conseguiu no Governo Lula o cargo de Ministro de Tudo.
. Gilmar Mendes usou a sua máquina de propaganda e o PiG para se tornar o Supremo Presidente, o Grande Inquisidor, Presidente da República, Presidente do Legislativo, Governador de Mato Grosso ou Prefeito de Diamantino.
. (Quem paga a agência de relações públicas, o image builder de Gilmar Mendes e convoca a imprensa sempre que ele vem a São Paulo? Existe uma Agência Especial de Propaganda para servir o Ministro? Se existe, quem paga? Quem paga as ligações? Você, contribuinte?)
. Ellen Gracie quer ser Ministra – fora do Brasil.
. Uma aspiração provinciana que se deve respeitar numa senhora tão suave e de lábios tão diminutos.
. Portanto, Lula vai ter a oportunidade de escolher o oitavo ministro de uma Corte de onze.
. Ele já tem sete em onze e conseguiu construir a Corte mais conservadora do Brasil, desde os anos militares.
. Márcio Thomaz Bastos e Nelson Jobim é que nomearam os ministros de Lula. .
. O PT chegou ao poder sem ministro da Fazenda, presidente do Banco Central, chefe de Polícia, ministro da Justiça ou ministros do Supremo …
. Só podia dar no que deu …
. A Bancada Jobim no Supremo só perde para a de Lula: Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Carlos Alberto Direito.
. Direito também tem uma aspiração pós-Supremo: ser o Chefe da Congregação para a Doutrina da Fé e promulgar o Índex.
. E, quem sabe, suceder Bento XVI.
. Jobim é amigo do ex-cunhado e sócio de Dantas, o “Dr” Carlinhos Rodemburg.
. Jobim chamou o líder da Bancada Dantas no Congresso, o Senador Heráclito Fortes, e pediu a Fortes que avisasse ao “Dr” Carlinhos que os investimentos de Dantas na Amazônia poderiam causar problemas.
. Marcio Fortes participou de um histórico jantar na casa de Fortes – sempre Fortes, em Brasília.
. A Veja, a última flor do Fáscio, publicou reportagem escrita a quatro mãos – duas de Dantas e duas de Marcio Aith – para provar que o Presidente Lula e o ínclito delegado Paulo Lacerda tinham conta secreta no exterior.
. A Veja chegou às bancas de Brasília na segunda.
. Na quarta feira à noite, na casa de Fortes, em torno de pratos da culinária árabe, reuniram-se Fortes, Dantas, os deputados petistas Sigmaringa Seixas e José Eduardo Cardozo.
. E quem mais?
. O então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
. Thomaz Bastos foi lá para ouvir de Dantas que não era o autor da “reportagem” encontrada na vala negra que corta a redação da Veja.
. Depois, a Veja disse que os autores eram ele, sim: ele, Dantas, e Aith.
. É do escritório de Bastos um dos advogados que processa Mino Carta em nome de Dantas.
. Quer dizer, está tudo em casa: Jobim, Dantas e Bastos.
. E Lula.
. Assim sendo, o Conversa Afiada, por sugestão de um caro amigo leitor, resolveu fazer uma lista de insignes juristas que Lula, Bastos e Jobim poderiam escolher para substituir Ellen Grace:
. Nélio Machado;
. Chico Müsnich;
. Sérgio Bermudez;
. Luis Cantidiano;
. O “Gomes”;
. Otavio da Motta Veiga;
. Alberto Zacharias Toron;
. José Dirceu (ou ele, cassado, não pode?);
. Wilson Mirza (esse tem a vantagem de falar direto com Ali Kamel, o homem forte da Globo);
. Arnold Wald;
. e Roberto Teixeira, o amigo do Presidente, “o homem certo no lugar certo na hora certa”, a quem o autor dessas modestas linhas conhece desde os tempos em que trabalhou na TV Bandeirantes (ele e o Presidente Lula sabem por que …).
Fonte: Conversa AfiadaQuem Lula deve escolher para substituir Ellen Gracie?
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
. Um amigo leitor do Conversa Afiada chamou a atenção para uma interessante notícia, que, segundo ele, não mereceu a devida atenção do PiG.
. O projeto de Afif Domingues, ministro do Emprego (?) do Presidente Eleito José Serrágio (de pedágio, os mais altos do Brasil) de acabar com a CLT, por Medida Provisória.
. (Isso me faz lembrar da proposta de outro campeão do PiG, Roberto Campos: na fase mais equivocada da sua vida, quando tentou ser político, pregou num palanque a extinção do 13º. Salário. Depois, se arrependeu e pediu a cabeça do repórter do Jornal do Brasil que cobriu o comício. O Serrágio costuma fazer o mesmo…)
. Conta um ex-deputado federal que, um dia, enquanto esperava um taxi na saída subterrânea da Câmara, viu aproximar-se um taxi vazio.
. Isso, um taxi vazio, que inexplicavelmente se dirigia ao ponto em que ele estava.
. Qual não foi a surpresa desse deputado quando viu sair do taxi vazio, quem?
. O Guilherme Afif.
. Afif é isso.
. Passageiro de um taxi vazio.
. E ser Ministro do Emprego diz muita coisa sobre o Governo do Presidente José Serrágio.
. É como nomear o Daniel Dantas para Ministro da Justiça.
. Ou Marcelo Itagiba para Diretor Geral da Polícia Federal …
. Ou Marcio Fortes (o do Rio) para a Imprensa Nacional …
. Ou Naji Nahas para diretor de câmbio do Banco Central.
. A estratégia de Serrágio para revogar a CLT por Medida Provisória é simples: acabar com a indenização.
. Durante dez meses, o trabalhador que fosse mandado embora seria remunerado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador – esse que, no Governo Lula, pagou o cala-aboca de US$ 1 bilhão a Daniel Dantas.
. Daí a dez meses, outra Medida Provisória manda o trabalhador ir se queixar à Corte Internacional de Haia.
. Por um fim à “Era Vargas” era um dos objetivos explícitos do Farol de Alexandria.
. Era uma das metas explícitas de seu iluminado Governo.
. Como Carlos Menem pretendia acabar com os males do “peronismo”.
. (Provavelmente com a ajuda do dinheiro da Siemens…)
. O presidente que tem medo, o Presidente Lula, fez de tudo para tratar os tucanos de São Paulo com luvas de pelica.
. Mas, revogar a CLT por Medida Provisória era ir longe.
. E isso, pelo menos, ele não topou.
. Agora, o que parece muito interessante também que é um dos paladinos da idéia de revogar a CLT é exatamente o empregado da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, um espécie de quindim de Iaiá do PiG.
. O Agnelli se esquece de que os donos da Vale – ele não é dono, embora, às vezes, se esqueça disso – podem perfeitamente aproveitar a idéia e mandar ele embora sem indenização.
. Afinal, quem mandou o Agnelli atrelar o futuro da Vale a China, mais do que a rede Wal-Mart?
. A Wal-Mart trocou a diretoria…
. Ou o Agnelli já começou a “fazer posição” no Governo Serrágio?
. O Presidente eleito José Serrágio não engana ninguém.
. Ele é um “desenvolvimentista de boca” – clique aqui para ler a entrevista de Maria da Conceição Tavares à Carta Maior
. Porque, de corpo e alma ele é o verdadeira Afif.
. Outro que pensa que vai enterrar Vargas.
. Ou dar um tiro no peito dele…
. Siga o noticiário que tratou da revogação da CLT por José Serrágio:
Empresas sugerem suspensão do contrato de trabalho por 10 meses
Publicada em 17/12/2008 às 22h43m
O Globo, Diário de SP e Agência Brasil
SÃO PAULO, BRASÍLIA e RIO - Empresários e o Governo de São Paulo elaboraram estudo sugerindo a flexibilização de direitos trabalhistas, com mudanças na CLT. A proposta foi apresentada quarta-feira, em reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo de Trabalho (Codefat), que liberaria parcelas extras do seguro-desemprego, e também foi encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é enfrentar a crise em 2009.
Eles defendem a possibilidade de suspensão temporária do contrato de trabalho pelo prazo máximo de dez meses. Após esse período, a empresa recontrataria os trabalhadores temporariamente afastados ou então promoveria a rescisão definitiva. Segundo a proposta, o trabalhador cujo contrato fosse suspenso teria direito a receber o benefício do seguro-desemprego
Na terça-feira, no entanto, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descartou por completo adotar medidas que flexibilizem as leis trabalhistas para enfrentar este momento de crise.
A realidade, porém, é que trabalhadores já abrem mão de direitos para evitar demissões. Conforme mostrou reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal O GLOBO, empresários e trabalhadores começam a fechar os primeiros acordos para flexibilizar direitos trabalhistas, dentro das possibilidades já permitidas por lei, para tentar amenizar os efeitos da crise financeira. Estudo da Fundação Institutos de Pesquisas Econômicas (Fipe), feito a pedido da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo, avalia que o custo da medida seria de R$ 6 bilhões.
A proposta levada ao Codefat foi elaborada pela equipe do secretário do Emprego e Relações do Trabalho do governo paulista, Guilherme Afif Domingos, como medida de emergência “para atenuar o impacto da crise no emprego formal”. A idéia é criar no país a suspensão temporária do contrato de trabalho (medida conhecida como layoff). Para tanto, seria necessária uma alternação na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), por meio de lei ordinária. A equipe sugere o uso de uma medida provisória (MP) para fazer as mudanças.
“A MP estabeleceria entre nós a figura da suspensão temporária do contrato de trabalho. Os trabalhadores seriam então temporariamente afastados, mas seu vínculo de emprego continuaria a existir. Não haveria para a empresa necessidade de desembolso de verbas rescisórias. O trabalhador cujo contrato fosse suspenso seria considerado tecnicamente como desempregado, teria direito a receber o benefício do seguro-desemprego”, diz o texto do documento distribuído pelo governo paulista que detalha a medida.
A proposta sugere que a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho seja instituída em caráter transitório, valendo apenas para o exercício de 2009. “Ao longo do ano, os impactos da criação do novo instituto seriam avaliados e as autoridades poderiam examinar a conveniência da sua manutenção para períodos subseqüentes”, diz o texto.
A proposta prevê também que o trabalhador terá a possibilidade de participar de programas de treinamento específico ou de educação geral, com o objetivo de aprimorar sua qualificação para o trabalho enquanto seu contrato estiver suspenso. O setor público e as instituições privadas ofereceriam os recursos para a disponibilização dos programas de capacitação.
- Durante o prazo, o funcionário receberia o seguro-desemprego e poderia se qualificar profissionalmente com cursos - detalha o secretário Guilherme Afif Domingos.
A mudança na lei trabalhista, segundo o estudo, com a ampliação do lay-off viria por meio de Medida Provisória. Hoje, o sistema existe, mas deve ser negociado entre sindicatos e empresas. Já o treinamento pode ser feito por apenas cinco meses, pelo Bolsa Qualificação.
A empresa que quiser utilizar a nova norma, obrigatoriamente terá de negociar com o sindicato dos trabalhadores. “A suspensão temporária do contrato de trabalho seria então introduzida por meio de um acordo coletivo, específico para a respectiva empresa. Não poderia ser instituída por meio de convenção coletiva”, afirma o texto da proposta.
- A grande idéia é que isso não possa ser feito só pela empresa. Ela tem que chamar o sindicato e combinar com o sindicato. E nessa combinação uma das coisas que se pode exigir da empresa é que ela complemente o seguro-desemprego. A empresa pode ajudar também mantendo os benefícios, por exemplo o seguro-saúde, durante o tempo de afastamento. Pode ajudar dando um complemento de renda e, ainda assim, será um bom negócio para a empresa porque ela não tem que demitir e pagar todas as verbas rescisórias - opina o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Hélio Zilberstein.
Presidente Serra vai revogar a CLT por Medida Provisória
Por Alberto Dines
Antes do Natal costuma-se falar em botas, as botas de Papai Noel carregadas de presentes. Neste ano, as botas foram substituídas por um par de sapatos convertidos em projéteis por um jornalista iraquiano e instantaneamente transformados em objetos de culto em todo o mundo.
Na história mundial da sapataria jamais um calçado ganhou tal notoriedade. É bizantina a discussão sobre o comportamento ético do jornalista da TV Muntadhar al-Zaidi que investiu contra o seu entrevistado, o presidente George W. Bush, numa entrevista coletiva em Bagdá.
Como escreveu na quinta-feira Eugênio Bucci, no Estado de S.Paulo [ver "A liberdade vale um par de sapatos"], aquela não era uma situação normal, a entrevista coletiva era uma farsa, não se pode exigir do jornalista uma postura respeitosa se tudo ali era desrespeitoso.
Preferência pela piada
Por outro lado, é imperioso lembrar que na maioria absoluta dos países islâmicos seus dirigentes não concedem entrevistas coletivas nem a imprensa tem liberdade para o desempenho de suas funções. Se, por um acaso, um jornalista jogasse uma sandália no presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad seria imediatamente enforcado.
Os sapatos de al-Zaidi deram uma grande exposição aos problemas da mídia. E os problemas da mídia de repente ganharam dimensões planetárias, não porque o Chicago Tribune pediu concordata, mas porque um jornalista sentiu-se violentado e protestou publicamente.
O presidente Lula, como sempre, preferiu fazer piada na cúpula da América do Sul e Caribe. Conviria perguntar aos seus assessores quantas entrevistas coletivas concedeu neste ano.
Fonte: Observatório da ImprensaFIM DA ERA BUSH - Sapatadas de fim de ano
A liberdade vale um par de sapatos
A simbologia do sapato
Atirar um sapato em alguém, no mundo muçulmano é uma das maiores ofensas que se pode imaginar. É sabido que para adentrar a uma mesquita todos os seguires do Islã devem tirar seus sapatos na porta da Mesquita. Sapatos são os protetores dos pés contra as impurezas da terra. Boa parte das coisas ruins, várias doenças, adentram em nosso corpo pelos nossos pés. As solas dos sapatos retém grande parte dessas impurezas. Assim, a simbologia não poderia ser melhor. Uma imensa ofensa ao chefe do império. Além do que chamá-lo ainda por cima de “cachorro”, foi duplamente ofensivo.
Esse contexto é toda a simbologia que se poderia ter, de um final mais do que melancólico e dramático do governo mais impopular da história dos Estados Unidos. Que deixa o maior rombo de caixa na maior economia do planeta. Que deixa de legado para todo o planeta o modelo neoliberal, que foi devidamente enterrado com a maior crise da história financeira do mundo. O presidente mais odiado do mundo, que encerra seu mandato em mais 30 dias apenas, mas que ninguém agüenta mais e não se vê a hora de que tudo esteja terminado e que o novo governo tome logo posse, antes que todo o sistema se derreta.
Ainda com toda essa impopularidade, com toda a crise econômica, Bush insiste em manter as tropas de ocupação no Iraque até 2011! A um custo mensal de 10 bilhões de dólares, o maios de todas as guerras feitas pelos americanos desde o final do século 19. Pode-se caracterizar essa simbologia do sapato atirado na cara do presidente americano como o retrato fiel do fim de uma era. Uma era de tristezas, de crises, de dominação e truculência, de financeirização do capital. Uma era de ocaso, de fim do unilateralismo, de fim de humilhações a que os EUA impuseram ao mundo todo, em especial aos árabes.
A simbologia não poderia ser melhor. Mais do que vaias ao final do seu impopular mandato, Bush sai sob sapatadas de um jovem combativo comunista e jornalista iraquiano de consciência elevada. Naquela sapatada desferida contra o chefe do império, Al Zaide representava o mundo inteiro. Representava todos os que lutam contra as injustiças, contra as ocupações, contra os ataques covardes que o exército americano praticou e continua praticando contra o povo do Iraque. Se em 2003 a simbologia era contra Saddam – quem não se lembra da derrubada da sua estátua na praça central de Bagdá e as várias chineladas e sapatadas desferidas contra a sua imagem – agora ela se volta contra aquele que se arvorou em ter derrubado um ditador. Mas pagará para toda a posteridade de sua vida, os imensos erros que a sua gestão deixou para o mundo. O povo árabe que o diga. Podemos nos sentir, como disse Gilles Lapouge (Estadão de 16/1/8), de “alma lavada, aliviados”. Não é qualquer dia que se presencia dois sapatos sendo atirados contra o presidente dos Estados Unidos.
Certo mesmo está Lapouge com sua conclusão de que vencedor da guerra, Bush, se iguala ao vencido Saddam e o dito “vencedor” é agora vencido por uma sapatada de número 42 partindo de um iraquiano, de um árabe. Pode haver maior simbologia do que isso?
A simbologia de um sapato
Que diria Raymundo Faoro?
Eu faço um balanço positivo do ruim programa de entrevistas da TV Cultura na última segunda. Fraco de qualquer ponto de vista que tenha um mínimo de rigor jornalístico, consistindo principalmente, como prevíamos, em “levantadas de bola” para o entrevistado, o programa não foi, no entanto, o que ele teria sido se não tivesse havido a mobilização de blogs como o do Nassif, do PHA, do Mello, deste próprio espaço e de uma legião de outros blogueiros e leitores que entraram em contato com a TV Cultura. Sim, sei que fazer história contra-factual, imaginar o que “teria sido”, é sempre hipotético. É evidente. Mas esta é minha hipótese: não que o programa “tenha repercutido” na internet mas, pelo contrário, a internet repercutiu dentro dele, exercendo influência especialmente na postura da colunista Eliane Cantanhêde -- a quem devemos parabéns -- e também na coordenadora Lilian Witte Fibe. Os outros foram o que esperávamos.
Da colunista da Folha de São Paulo sempre achei que é inteligente e autora de boa frase, mas também sempre me pareceu que ela ganharia muito em credibilidade se explicitasse seus vínculos pessoais e de simpatia com o tucanato. Não há nada de errado em tê-los e os tucanos são uma força política importante e legítima no Brasil. O problema é deixá-los nebulosos e pretender / fingir / supor que fala a partir de uma posição politicamente equânime.
Em todo caso, não há dúvida que a enxurrada de bits que circularam na internet influíram nela. Não me cabe julgar se Cantanhêde – cuja coluna na página 2 da Folha não foi exatamente combativa na época da Satiagraha – estava sendo “sincera” ou “fazendo média” com a maioria do público brasileiro ou se foi mesmo sendo convencida de que há que se interrogar Mendes. O fato é que, dentro de seus limites, tentou fazer jornalismo de verdade. Lilian também não foi mal, apesar do absurdo gesto pedindo contenção a Eliane no momento do bate-boca com Mendes, quando havia sido este que a interrompera.
Confrontado por Eliane com perguntas acerca do grampo fajuto e da quase unanimidade jurídica contra ele na época do segundo habeas corpus a Dantas, Gilmar Mendes foi grosseiro com uma dama que lhe fizera uma pergunta legítima. Falsamente acusou-a de estar querendo ensinar-lhe. Perdeu a compostura de magistrado. Lamentável. Parabéns, Eliane.
Aliás, salvo engano, nenhum comentário sobre o Roda Viva até agora notou o óbvio: as únicas a se comportarem com um mínimo dignidade jornalística na bancada foram as duas mulheres, enquanto um dos marmanjos, Carlos Marchi, se omitia, e os outros dois, Reinaldinho e Márcio Chaer, se esforçavam para levantar bolas, não como Ricardinho, mas como um tosco, desajeitado e afobado levantador que tivesse nas mãos, não nove, mas somente seis ou sete dedos.
Se o portal Consultor Jurídico ainda tinha qualquer credibilidade no meio jurídico, maculou-a severamente na segunda à noite, com a postura indigna do Sr. Chaer, que confundiu jornalismo com puxa-saquismo. Incrivelmente, na mesma noite em que tentava ajudar a coroar Gilmar Mendes como o paladino da liberdade de expressão, o Sr. Chaer sugeriu enquadrar “jornalistas de aluguel” por .... formação de quadrilha! Isso sem citar nomes ou fazer acusação concreta (qual é o problema? É Paulo Henrique Amorim? É Luiz Nassif? Diga o que tem a dizer então e coloque as cartas na mesa).
Reinaldinho, coitado, é aquilo ali. Pelo menos acredita no que diz. Usa o programa para traficar a imputação de terrorismo a quem lutou contra a ditadura. Transforma a bancada em palanque para tentar nos fazer crer que é inverossímil a hipotese de que um senador pefelê, Mendes e a revista de menos credibilidade do Brasil tenham sido pegos na mentira. Corrige, coitado, no post das 18:47 de 16/12, o “Schmidt” do ombudsman só para ir lá e, ele mesmo, escrever que “o sobrenome do Carl não é "Schmidt", mas Schimitt” errado também. A mesma fúria com que seus leitores anônimos defendiam a TV Cultura antes do programa foi dirigida contra ela depois que o ombudsman notou o óbvio (aliás, não sei se Ernesto Rodrigues reparou que implicitamente, depois do programa, ele deu razão à “reação em cadeia” da internet que antes ele criticara. Tínhamos ou não tínhamos razão, meu chapa, em atacar a composição da bancada? Estávamos “pré-julgando” ou simplesmente notando o óbvio?).
A pergunta 8 da lista formulada por mim na segunda-feira foi feita durante o programa: O sr. tem alguma idéia do porquê das mais de 30 ações impetradas contra o seu irmão ao longo dos anos jamais terem chegado sequer à primeira instância? . Faltou-lhe, evidentemente, uma palavrinha: julgamento. Por que não foram a julgamento? Disso se tratava, como saberia qualquer um com um mínimo de contexto e boa fé. A responsabilidade pela formulação imprecisa da pergunta é única e exclusivamente minha, já que a magnífica reportagem de Leandro Fortes, na qual ela se baseava, havia formulado a dúvida certinho.
Favorecido pela falta da palavra que teria tornado a pergunta juridicamente exata, Mendes escapou pela tangente e, desqualificando a indagação, só deixou claro seu desconforto com ela.
A isso, mes amis, o gênio de Oswald de Andrade chamou a contribuição milionária de todos os erros. Havia 24 perguntas formuladas em termos factuais. Aquela que continha uma imprecisão vocabular, uma errata, um piolho nas palavras – como diria Flaubert – foi a que acabou sendo a mais reveladora.
PS: Parabéns, Fernando Meirelles.
PS 2: Aguarde-se, claro, um Roda Viva bem mais duro com o Delegado Protógenes, na próxima segunda.
PS 3: Cobrem-me um post sobre a imensa desonestidade intelectual das menções a Carl Schmitt no programa: uma levantada capenga de Reinaldinho para uma cortada – indigna de um acadêmico – em que Gilmar Mendes tentava enlamear o Juiz Fausto de Sanctis.Gilmar Mendes perde a compostura: Balanço do Roda Viva
Madoff implodiu a SEC. CVM trata Dantas e Nahas com tapete vermelho
A Carta Capital que chega às bancas, na seção Brasiliana, faz uma análise imperdível do comportamento do paladino da democracia brasileira, o loquaz Gilmar Mendes, e sua participação no programa Roda Morta da TV Cultura.
A certa altura, Carta pergunta “por que a extensa agenda em São Paulo, iniciada com uma homenagem na Fiesp, na sexta feira, 12, e concluída no Roda Viva, salpicada de visitas a empresas de comunicação?” Pena que Mendes carregue dentro de si um pequeno déspota.
A Carta se refere especialmente a dois cavalariços que socorreram Mendes. “Na vanguarda, um chapéu de onde, subitamente, começam a sair palavras. Eis a versão brasileira do ‘talentoso Ripley’, sempre insatisfeito com a sua inamovível condição de figurante, sempre tentando ser o que não é.”
Outro defensor de Mendes é dublê, o eterno assessor: “chegou a sugerir ao ministro o enquadramento de colegas de profissão, que não identificou, por formação de quadrilha. O dublê entende desses assuntos: mandar recados e formação de quadrilha”. O título do artigo é “O assessor e o coisseur”. Isso vale mais do que a 57ª entrevista que Mendes concedeu nesta semana, em que se considera responsável pelo esvaziamento da Polícia Federal e ataca os blogueiros.
Nesse mister, Mendes é mais do que um paladino: é o Grande Inquisidor, da ópera Don Carlo, de Verdi, em exibição no Scala de Milão, nesta temporada.
O Grande Inquisidor é quem sufoca Don Carlo, ensina ao rei o que fazer e devolve o Reino à profundeza da treva.
O Grande Inquisidor deve ser contra o e-mail. Veja a 57ª entrevista dele nesta semana.
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Fonte: Conversa AfiadaCarta Capital faz anatomia de um paladino: Gilmar no Roda Morta
por Paulo Henrique Amorim
Sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República acaba de ser encerrada com a informação de que não foi encontrado qualquer indício de grampo feito pela ABIN no decorrer da Operação Satiagraha. Em nota, o gabinete cita laudos do Exército e do Instituto Nacional de Criminalística, da PF, para refutar a tese de que agentes da ABIN tenham feito os grampos. A investigação também não localizou o áudio do suposto grampo que teria monitorado conversa do presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres. Veja mais sobre a nota do GSI no texto publicado pelo portal Terra.
Leia matéria da Carta Capital que demonstra os motivos edificantes que levaram um espião da Abin a fabricar um grampo sem áudio para demitir Paulo Lacerda, que estaria na iminência de demiti-lo.
Saiba também como funciona o intercâmbio tecnológico que existe entre o Gabinete de Gilmar Mendes e os “furos” da revista Veja, a última flor do Fascio. E a Veja, ninguém vai investigar ?
Fonte: Conversa Afiada
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A Abin não fez o grampo: Lula tem que demitir Jobim e readmitir Lacerda
Paulo Barreto Campello é médico, músico, professor e criador do programa "A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola", da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco. Integra um conjunto de médicos do Recife
POR CONCEIÇÃO LEMES, ESPECIAL PARA O VIOMUNDO
Da entrada dos hospitais e clínicas especializadas às alas internas, grafites enfeitam as paredes e dão aulas de saúde. Contêm desde informações sobre prevenção da dengue destinadas às crianças à importância do exercício para proteger o coração de todas as idades. Cordéis ensinam cidadania, como este do gastroenterologista Wilson Freire: “Não deixe que a terra coma/O que ainda de vida têm/ Por isso doe os seus órgãos/Pra que eles vivam em alguém”.
Nas maternidades, gestantes ouvem as suas músicas preferidas antes e durante o parto. Vale o que a futura mamãe escolher: bossa-nova, samba, reggae, forró, frevo, clássico. É a celebração da vida. Ao som de Vivaldi (1678-1741) e Mozart (1756-1791), bebês são acolhidos no berçário. Embalados por composições suaves, dormem melhor e a amamentação é facilitada; os prematuros precisam de menos remédios. É o som da vida.
No castelo de três andares, funciona a escolinha de arte do complexo hospitalar. Aí, crianças e adolescentes com doenças graves, como câncer e problemas cardíacos, fazem toda sorte de reinações artísticas: música, teatro, dança, capoeira, maracatu, pintura, fotografia. Nos leitos, outras escutam contos de fada e criam as próprias histórias. Ao mesmo tempo, médicos-músicos e seus convidados percorrem enfermarias, serviços e corredores, tocando e maravilhando. É uma terra encantada de esperança que se alastra pelas salas de aula. Nelas, futuros profissionais da saúde aprendem que a arte pode -- e deve! -- ser usada como terapêutica e na humanização da medicina.
Conto de fadas? Ficção? Futurologia? Nada disso. É o programa “A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola”, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE). Em 12 anos de funcionamento, já beneficiou cerca de 30 mil pacientes de hospitais universitários e da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de Pernambuco.
Sérgio Lopes Pereira
SÉRGIO E KETYANNE, A VOLTA POR CIMA
Sérgio Lopes Pereira, 27 anos, foi o primeiro paciente-aluno da escolinha desse programa pioneiro no Brasil. Nascido em São Bento do Una, próximo a Garanhuns, no sertão de Pernambuco, Sérgio aos 16 anos descobriu que tinha leucemia. Foi para Recife se tratar. Fez quimioterapia durante quase três anos no hospital da UPE.
“Antes, eu contava os dias para não ir à quimioterapia; era muito duro”, relembra. “Depois que a escolinha passou a existir, eu contava os dias para voltar ao hospital. Aprendi a pintar, tocar bateria.”
Hoje, curado, Sérgio é voluntário do programa que o resgatou para a vida; dá aula de bateria para novos pacientes. “Muitos são do interior, como eu era. Ficam sozinhos no hospital, longe da família, sem receber visitas”, prossegue. “As atividades da escolinha, como música, teclado, capoeira, violão, computação, fotografia, desenho, aliviam o sofrimento e ajudam a não entrar em depressão. Eu sou uma prova disso. Dei a volta por cima.”
Keytanne Barros dos Santos
Ketyanne Barros dos Santos, 23 anos, é outra. Aos 3 meses de vida, perdeu a visão dos dois olhinhos. Teve retinoblastoma bilateral, tumor maligno da retina. Fez cirurgia e quimioterapia. Aos 13 anos, já curada, conheceu a escolinha do programa.
“Anualmente, eu fazia avaliação médica, para saber se havia surgido um novo tumor”, relembra Ketyanne. “Foi numa dessas idas que, enquanto esperava a vez de ser atendida, eu conheci o projeto da Universidade de Pernambuco e comecei a freqüentá-lo. Eu tinha um tecladinho, que tocava em casa. A partir daí, aprendi harmonia, canto, tocar violão, piano. Foi uma preparação para o que faço hoje. Toco, canto, faço poesias, estou na faculdade, curso teologia.”
Kettyane tem um CD de música gospel e um livro de poesias -- Quero ver a vida pela luz dos olhos teus --, publicado pelo projeto.
“O programa é uma bênção para as crianças e adolescentes que têm que passar dias, às vezes meses hospitalizados”, avalia. “O que mais me toca é vê-los se divertindo. Saem mais felizes das atividades da escolinha e tiram o foco da doença e da dor; ainda crescem como ser humano.”
“A ARTE É UM PODEROSO ‘REMÉDIO’”
“Realmente, existem várias experiências bem sucedidas de utilizar as diferentes formas de arte como parte do tratamento de pessoas com diversas doenças”, frisa o médico Mílton de Arruda Martins, professor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP. “Trata-se, inclusive, de uma das práticas utilizadas com muita freqüência pelos profissionais de terapia ocupacional.”
De Belo Horizonte (MG), a psicóloga Otília Rosângela Souza, presidente da União Brasileira das Associações de Arteterapia, observa: “A arte ajuda a pessoa a enxergar a doença e a situação vivida por outro ângulo. Transforma sentimentos, melhora a auto-estima e desenvolve a criatividade”.
O médico e professor Paulo Barreto Campello, criador e responsável pelo programa de arte na medicina da Universidade de Pernambuco e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina e Arte, garante: “A arte é um poderoso ‘remédio’”.
Segundo Campello, estudos têm demonstrado que a arte pode contribuir para promover saúde de várias maneiras:
* Estimula a produção de anticorpos que fortalecem nossas defesas contra ataques de vírus, bactérias e fungos nocivos ao organismo. Contribui, assim, não só para combater as infecções instaladas, como evitar novas.
* Leva o cérebro a estimular a fabricação de substâncias que acalmam, alegram e relaxam.
* Funciona como ponte psicossomática entre nossas emoções e nosso corpo. Revela, assim, as dores físicas e as “dores” da alma.
* Ajuda na recuperação motora de pacientes que tiveram, por exemplo, acidente vascular cerebral, o AVC, mais conhecido como derrame cerebral. Dedilhar um teclado funciona tanto quanto movimentar cem vezes o dedo. Da mesma forma, para quem precisa de fisioterapia respiratória, tocar flauta, gaita ou pífano é tão eficiente como insuflar luvas. A diferença é que o tratamento com instrumentos musicais fica mais prazeroso e alegre. E alegria fortalece o sistema imunológico. Pessoas felizes recuperam-se mais rapidamente e adoecem menos.
“Nosso próximo passo será a implantação, a partir de fevereiro, da arteterapia como disciplina optativa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco”, informa Paulo Campello. “Abriremos algumas vagas para alunos de outras áreas de saúde da faculdade, como odontologia, enfermagem e educação física.”
A meta é fornecer-lhes instrumentos teórico-práticos, para que entendam o mecanismo e a importância da arte na sua área de atuação e a utilizem no dia-a-dia com os pacientes. “Queremos que os profissionais de saúde entrem também no nosso conto de fadas, tornando-o realidade por esse Brasil afora”, ressalta.
PRATIQUE OU APRECIE; A SAÚDE MENTAL LUCRARÁ
Se você duvida dos benefícios enumerados pelos especialistas entrevistados pelo Viomundo, que tal experimentar? Inclua algum tipo de arte no seu cotidiano, mesmo que a sua saúde esteja ótima. Pode ser literatura, poesia, música, canto, dança, escultura, pintura, fotografia ou o que gostar mais. Não importa a sua idade. Depois, se quiser, mande um e-mail para doutor Paulo, contando o que achou da experiência: artenamedicina@fcm.upe.br
Ah, prefere apenas admirar? Tudo bem. A saúde lucrará. Se você tem filhos, estimule-os.
“Saúde hoje tem a ver não apenas com a duração da vida, mas também com a sua qualidade”, justifica o professor Mílton de Arruda Martins. “Atividades criativas, como participar de atividades sociais e artísticas, contribuem muito para a saúde, especialmente a mental.”
“Deixe a arte entrar nas suas veias”, sugere Paulo Campello. “É a minha receita de vida. Prescrevo aos meus pacientes, recomendo à população em geral, inclusive a você.”
A ARTE, UM PODEROSO REMÉDIO
Entrevista com Maria da Conceição Tavares:“O país não pode mais contar com o BC; governo deve investir pesado no gasto social."
Quem conspira contra o habeas corpus?
por Maria Inês Nassif - no Valor Econômico
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ao discursar na Câmara por ocasião dos 40 anos do malfadado Ato Institucional nº5, um instrumento de força que deu ao regime militar poder de vida e morte sobre os brasileiros, falou contra uma suposta articulação em favor da limitação do habeas corpus, garantia constitucional que o regime ditatorial jogou no lixo. "É fundamental que neste dia em que lembramos do AI-5, ressaltemos a necessidade de preservação do habeas corpus, não a sua limitação. O habeas corpus é a garantia dos direitos judiciais", disse o ministro. Em algum lugar da internet, é possível ler, junto com a "denúncia" de Mendes, a informação de que "no Congresso, parlamentares defenderam silenciosamente a limitação na concessão de habeas corpus depois que Mendes autorizou por duas vezes a libertação do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, durante a Operação Satiagraha".
Vai saber o que é uma "defesa silenciosa" - mas, no final das contas, a "denúncia" de Mendes sugere que se entenda, como se verdade fosse, que ele se insurge contra setores antidemocráticos do Congresso que querem limitar o habeas corpus. Não existe nenhum movimento para reduzir as prerrogativas do STF ou os direitos individuais. O que existe é um grande desconforto em relação às suas "denúncias", decisões, ataques indiscriminados a outros poderes ou mesmo a instâncias inferiores da Justiça e à forma de confrontar autoridades.
Mendes libertou duas vezes o empresário Daniel Dantas, preso por ordem expedida por um juiz de primeira instância, e não pelo poder discricionário de um "estado policial". Antes, com igual eficiência, havia libertado presos das operações Anaconda, Hurricane e Navalha. Soltou os cachorros contra a Polícia Federal e contra o juiz Fausto de Sanctis, da 6Vara Federal Criminal de São Paulo, responsáveis pela prisão de Dantas, em defesa do preso - desqualificou, portanto, o trabalho do juiz e da polícia. Ameaçou punir o juiz. Foi alvo de manifestos nacionais em favor de seu impeachment e de outros tantos protestos contra sua decisão. Daí, muitas decisões depois, todo o mal-estar causado por uma aversão explícita a operações da Polícia Federal que resultaram em prisão de gente mais ou menos graúda é transformado num complô contra o instituto do habeas corpus, e o presidente do Supremo se apresenta como se fosse o único defensor de prerrogativas constitucionais.
Para que não paire qualquer confusão, observe-se o seguinte: setores que se envolveram seriamente na luta pela conquista das liberdades democráticas se insurgiram, sim, contra decisões do ministro Gilmar Mendes, mas por mais que se procure em conversas e arquivos não existe registro de qualquer movimento para reduzir o instituto do habeas corpus, como "denunciou" o presidente do STF. A insurgência foi contra atos seus, não contra o instituto. Não existe uma conspiração contra a democracia. E Mendes está longe de ser o bastião das liberdades democráticas.
Aliás, preocupante é o anúncio do ministro, que também preside o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de que o órgão de controle do Judiciário estuda uma "resolução para fazer o acompanhamento de modo a ter uma retificação eventual dos fundamentos da prisão preventiva". Nesses tempos bicudos, isso não significa apenas mais uma forma de controle do presidente do Supremo sobre as prisões decretadas por juízes de instâncias inferiores. Significa que Mendes investe mais uma vez para controlar decisões dos juízes.
Para registro para a posteridade, vai em seguida uma pequena lista das "denúncias" e "protestos" do ministro: contra o "aparelhamento" do funcionalismo público (referência a uma suposta partidarização da PF); contra o "independentismo" da Justiça (não o seu, certamente, mas o dos juízes de primeira instância); contra a invasão da reitoria da UnB, em abril; contra o excesso de prisões preventivas; contra a opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a absolvição do fazendeiro que seria o mandante da morte da missionária Dorothy Stang depunha contra o Brasil; contra a "espetacularização" da PF; contra as investigações sigilosas feitas pelo Ministério Público; contra as trocas de partidos por parlamentares; contra a lentidão da Justiça; contra o excesso de edições de medidas provisórias; contra o fato de o ministro da Justiça, Tarso Genro, não ter aprovado a soltura de Dantas ("Ele não tem competência para opinar sobre o assunto", disse); contra o fato de a ministra Dilma Rousseff ter opinado que crime de tortura é imprescritível ("Terrorismo também é imprescritível", afirmou ele, certamente apontando o dedo para a ministra, que militou, na época da ditadura, em um grupo armado); contra o que chamou de "estado policial", comparando-o à KGB; e contra o MST. De outro lado, considerou dentro da normalidade a intervenção do Judiciário em questões onde não houver consenso entre governo e oposição.
A lista de "competências" para opinar que se delega o presidente do Supremo, bem como a sua agressividade, tem colocado os demais poderes na defensiva. Enquanto Executivo e Judiciário recuam diante do presidente do Supremo, este avança sobre assuntos que não são seus. Confia que ninguém vai pagar para ver uma crise institucional.
Que Papai Noel presenteie o Brasil, em 2009, com uma democracia mais equilibrada. Aliás, com mais democracia. Quando um presidente de um poder se julga com mais poder do que tem, isso é subtração de democracia.
Fonte: Blog do Luis Nassif
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Quem ameaça a democracia?
A crise capitalista em curso no mundo e, por conseguinte, também no Brasil, não deve ser encarada como um episódio isolado. Para ser verdadeiramente dimensionada, precisa ser apreciada e compreendida em sua real dimensão histórica, como resultante de um processo que envolve disputas e conflitos.
Por Divanildo Pereira*
Quem paga a conta?
Em permanente luta pela sobrevivência, o sistema capitalista utilizou-se, sobretudo a partir dos anos 80, de uma nova roupagem. Com ela, procurou revestir velhos conceitos teóricos, perseguindo a mais ampla desregulamentação da economia a fim de liberalizar ao máximo o fluxo de capitais em todo o mundo.
Como complemento ao receituário no qual o Estado tornava-se desnecessário até mesmo como ente regulador, ativos públicos foram transferidos para a iniciativa privada, o trabalho foi precarizado, históricos direitos trabalhistas foram atacados – quando não suprimidos, e a economia foi progressivamente financeirizada.
Finalmente, depois de propagado e encampado por elites econômicas e políticas em todos os continentes, esse modelo de criação de riqueza virtual sucumbiu. E sob os seus escombros, vozes que antes o enalteciam, hoje fazem uma espécie de “mea culpa”, buscando nos cofres do Estado que tanto combateram a saída para a sobrevivência do próprio sistema.
Por outro lado, aqueles que resistiram e combateram tais fundamentos, sobretudo, por sentirem na pele as conseqüências nefastas da implantação do “novo” modelo, não ficarão imunes. Os efeitos da crise, que teve como epicentro o capitalismo financeirizado, em verdade, já se fazem sentir na chamada economia real.
É como disse o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, em recente manifestação: “Quando a economia está em processo de crescimento, os últimos a serem beneficiados são os trabalhadores e trabalhadoras, mas quando ela está em desaceleração, são os primeiros e primeiras a serem chamados para pagar a conta".
O papel da mídia
Diante da crise e de seus possíveis desdobramentos, as forças políticas e sociais tendem a intensificar as disputas no terreno econômico e, principalmente, no plano ideológico. No Brasil, isso fica mais evidente pelo enfoque e dimensão que a chamada grande mídia vem dando ao assunto. Logo ela, destacada porta-voz do pensamento neoliberal.
A serviço das forças conservadoras, esses veículos tratam já de preparar um ambiente mais propício para a grande batalha eleitoral de 2010, para, no momento certo, jogar toda a responsabilidade pelas conseqüências econômicas e sociais da crise na "incapacidade" do governo Lula para enfrentá-la.
Encruzilhada política
Diante das circunstâncias, podemos afirmar que o Governo Lula vive uma encruzilhada política (e não só econômica!): ou decide destravar as amarras que hoje impedem um crescimento econômico capaz de enfrentar o atual cenário, buscando o fortalecimento da economia nacional e dos seus instrumentos indutores (sistema financeiro público e empresas estatais) para fomentar o consumo popular e a atividade produtiva, ou continua com sua híbrida política macroeconômica, de viés contracionista, que tem na manutenção das mais altas taxas de juros do mundo um dos grandes contra-sensos, sobretudo na realidade atual. E essa última opção – claro – põe em risco as conquistas do próprio governo.
A decisão do Copom do Banco Central, em sua última reunião, de manter as taxas de juros atuais, expressa essa dualidade e a força política que a elite brasileira e seus aliados ainda detêm, dando a essa instituição um caráter independente, deslocado de um projeto nacional de desenvolvimento. Não à toa, ele está dirigido por um banqueiro.
A depender da escolha do presidente Lula sobre qual o caminho a trilhar, podem se estabelecer as condições objetivas favoráveis ou não à sua sucessão.
A crise, a Petrobras e o sistema financeiro público
Enquanto empresa de economia mista e tendo o Estado brasileiro poder de decisão sobre ela, a Petrobras, ao longo do Governo Lula se constituiu num dos grandes instrumentos indutores de nossa economia: ampliou seus níveis de investimento; focou em exigências nos índices de nacionalização nas contratações de bens e serviços, propiciando a retomada de várias atividades econômicas, com destaque para a indústria naval e toda a sua cadeia produtiva; descobriu reservas que colocam o Brasil entre os grandes no cenário energético mundial.
O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, passo importante dado pelo Governo Lula no rumo de uma agenda desenvolvimentista, prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões, sendo 34% deste montante oriundo da carteira de projetos do sistema Petrobras. Não à toa, a atividade petrolífera no Brasil representa hoje 10% do PIB.
Realçamos, mais uma vez, esses dados para melhor compreendermos as razões pelas quais a coalizão da direita brasileira, centrada no PSDB/DEM/PPS, realiza uma tática desestabilizadora sobre a gestão dessa empresa. As mesmas atitudes eles patrocinaram quando da aprovação da medida provisória 443 que possibilita o fortalecimento do papel do sistema público financeiro brasileiro (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) e quando da criação do fundo soberano.
Na verdade, a direita sabe que a viabilização e a consecução vitoriosa desses programas e medidas, podem constituir importantes contra-tendências aos efeitos da crise capitalista no país e por isso, a todo custo, lutam para inviabilizá-las. Eles apostam no pior para tentarem chegar em melhores condições políticas no pleito de 2010.
O papel dos movimentos sociais
As conseqüências econômicas e sociais da crise, as medidas que o governo Lula venha a adotar para enfrentá-la, como também as do segmento industrial e de serviços no país, combinadas com a disputa política de 2010, tendem a elevar a temperatura da luta de classes no Brasil. E dentro dessa perspectiva, cresce ainda mais o papel dos movimentos sociais.
O êxito da 5ª Marcha a Brasília, com a presença de 35 mil pessoas, é uma manifestação dessa tendência. Ali, os movimentos sociais, sobretudo, os trabalhadores e trabalhadoras coordenados pelas mais representativas centrais sindicais do Brasil (CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CGTB e Nova Central), deixaram um recado ao executivo, ao parlamento e ao patronato: não admitiremos pagar mais uma vez uma conta que não geramos. Essa Marcha, apesar de muito importante, foi apenas um começo para as necessárias batalhas que ainda haveremos de realizar.
A unidade política é decisiva
Devemos também realçar um fato importante para os movimentos sociais e, em particular, para o movimento sindical: uma das razões – além daquelas de ordem objetiva, para o sucesso do recente ato na capital brasileira, foi o maior amadurecimento político do sindicalismo brasileiro, sem o qual não teria sido possível uma estratégia de unidade na ação política, e nem a elaboração de uma plataforma comum entre as centrais sindicais envolvidas, pautada na defesa da adoção de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho.
Esse patrimônio político acumulado pelo movimento precisa desenvolver-se ainda mais e as amplas e necessárias mobilizações contra a especulação financeira, pelo controle dos fluxos de capitais e do câmbio, pela ratificação das convenções 151 e 158, além da redução da jornada de trabalho sem redução salarial, dentre outras, devem adquirir maior convicção junto a classe trabalhadora brasileira.
Para cumprir esse objetivo, que já está na ordem-do-dia, miremos o exemplo dos trabalhadores e trabalhadoras franceses. Em fevereiro do próximo ano, eles realizarão um grande encontro nacional para formular e unificar ações que sejam capazes de enfrentar os efeitos da crise capitalista atual.
Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil: uni-vos, já!
Não é hora de atomizarmos nossa ação política, mas ao contrário: devemos unir nossas forças, politizar nosso diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras, levando-os a refletir sobre as raízes dos problemas atuais e a encontrar formas de interferir na grande disputa política em curso no país.
Está na hora, portanto, de o movimento sindical brasileiro, a partir das centrais interessadas na defesa da agenda daqueles que vivem do trabalho, bem como, na implementação de transformações estratégicas em nosso país, viabilizar, o quanto antes, as condições para a convocação de uma instância política capaz de unificar nossas ações e, com a força dessa unidade política, proteger o povo, a classe trabalhadora brasileira e seus aliados.
* Divanilton Pereira é diretor-executivo nacional de energia da CTB e da Federação Única dos Petroleiros e membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil.
Fonte: Portal Vermelho
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Artigo: A crise capitalista e a disputa política no Brasil
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
"Material do ENEM é roubado na gráfica da Folha, que filma tudo mas não age; tumultos em trens da Central do Brasil resultaram de sabotagem; PSDB 'vaza'dossiê contra Petrobrás feito por consultoria das petroleiras multinacionais; mídia martela cenas de ação inexplicável do MST no interior de SP; atraso na devolução do IR é noticiado pelo Globo como 'punição' contra classe média"
Caro (a) parceiro (a) do Movimento Nossa São Paulo:
Estamos próximos de conseguir a lei que permitirá a instalação do Conselho de Representantes em cada uma das 31 subprefeituras de São Paulo, mas para que isto realmente aconteça precisamos muito de seu apoio e participação.
É importante que todas as entidades, as organizações sociais e os movimentos populares que defendem a descentralização administrativa e uma maior participação da sociedade civil na definição das prioridades da cidade façam a adesão à Frente Pela Implementação do Conselho de Representantes nas Subprefeituras.
O Conselho de Representantes terá um importante papel para melhorar a gestão de cada distrito, acompanhar o Plano de Metas e debater o Plano Diretor e o orçamento municipal. Também ajudará outros conselhos temáticos a viabilizarem suas propostas.
Para aderir à frente clique aqui ou acesse o site do Movimento Nossa São Paulo (www.nossasaopaulo.org.br).
Aproveitamos para convidá-lo (a) para a próxima reunião da frente, que acontece na terça-feira, dia 13 de outubro, às 19 horas, no Auditório Prestes Maia, no 1º andar da Câmara Municipal de São Paulo.
Segue anexo o projeto de lei que foi debatido e aprovado em reuniões anteriores da frente e que será entregue ao Secretário Especial de Relações Governamentais, Antonio Carlos Rizeque Malufe, na próxima sexta-feira (9/10), como sugestão para que o Conselho de Representante se torne uma realidade em São Paulo.
Outras informações sobre a frente e o movimento pela implantação do Conselho de Representantes poderão ser conferidas no site do Movimento Nossa São Paulo.
Contamos com seu apoio e adesão.
Atenciosamente,
Grupo de Trabalho Democracia Participativa e Grupo de Trabalho Jurídico do
Movimento Nossa São Paulo
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Serra celebra o Rio 2016!
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O ghee é a gordura derivada do leite, após total remoção de suas partes sólidas e da água. É a essência do leite, sua parte mais secreta.
Além de saboroso acompanhamento de pães e biscoitos, o GHEE é um excelente óleo de cozinha, sendo indicado como um substituto saudável da manteiga e dos óleos.
O GHEE apresenta ligações químicas estáveis entre suas moléculas, o que torna difícil a oxidação e a formação de radicais livres. Além disso, é uma das gorduras que apresenta maior smoke point: 252 C, ou seja, pode ser aquecido a temperaturas normais de cozimento sem alterar suas propriedades.
Na índia, o ghee é um produto de uso cotidiano, considerado sagrado e celebrado como símbolo de auspiciosidade, nutrição e cura. É a gordura base da culinária indiana e importante remédio na medicina ayurvédica.
De acordo com a medicina ayurvédica, o GHEE aumenta a inteligência, refina o intelecto e melhora a memória. Produz Ojas, que é a base da imunidade e a essência de todos os tecidos do corpo, atuando na renovação física e mental. Nessa tradição, o GHEE é utilizado em diversas formulações medicinais e como óleo para massagem; equilibra os doshas (biotipos) vata e pitta.
Para os praticantes de yoga é um lubrificante natural, ajudando na flexibilidade para a prática das ásanas.
O GHEE é queimado nos templos e pujas (rituais) por toda a Índia. Diz-se que “a luz de uma chama de ghee afasta toda a negatividade”.
Muitas outras culturas pelo mundo utilizam um produto similar ao ghee. No Brasil, ele pode ser comparado à manteiga de garrafa, um preparado comum no nordeste. Culinária francesa é a Beurre noisette, a manteiga clarificada.
O ghee é essencialmente uma gordura saturada. Mas gordura saturada faz bem á saúde?
Hoje, sabe-se da grande importância de ingerir gorduras de qualidade, pois elas são facilitadoras da absorção de nutrientes pelo nosso organismo além de conter altos teores de vitaminas, ácidos graxos essenciais, elementos minerais e fito esteróis.
Os ácidos graxos ou gorduras podem ser estudadas em duas categorias principais: saturadas e insaturadas - mas é importante ressaltar que não existe na natureza uma gordura 100% saturada ou insaturada. Gorduras saturadas podem ser divididas em ácidos graxos de cadeia longa e ácidos graxos de cadeia curta. Os de cadeia longa - principalmente as gorduras animais, não conseguem ser digeridas e metabolizadas integralmente pelo organismo humano e por esta razão podem causar doenças como o câncer além de formar depósitos na corrente sanguínea. Já os ácidos graxos saturados de cadeia curta são mais facilmente digeridos e metabolizados pelo corpo humano, tornando-se combustível para desempenhar todas funções que precisam de energia. As gorduras insaturadas podem dividias em monoinsaturada e poliinsaturada.
As monoinsaturadas são aquelas gorduras que buscamos ingerir como alimento funcional como o óleo de linhaça, oliva, gergelim, castanha etc. Estas são as gorduras insaturadas saudáveis, geralmente muito sensíveis ao aquecimento e por isso recomenda-se que seja acrescentada aos alimentos após o cozimento (não servem para refogar por exemplo). As gorduras poliinsaturadas são as gorduras que facilmente se oxidam, produzindo radicais livres - moléculas altamente reativas que agridem e danificam as células saudáveis do corpo humano causando morte celular e consequentemente doenças e envelhecimento precoce.
O ghee é essencialmente composto por ácidos graxos de cadeia curta sendo a maioria de suas gorduras saturadas, que são facilmente digeríveis. A taxa de absorção do ghee é de 96%, a mais alta de todos os óleos e gorduras. Embora seja um subproduto da manteiga rico em ácidos graxos, pesquisas indicam que ghee não eleva os níveis de colesterol, mas deve-se usar o bom senso na hora de consumi-lo como se faz com qualquer alimento.
Fonte: Yamunahara
::Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
(A imagem é do livro Apocalipse Motorizado. Ilustrações de André Singer - Ed. Conrad)
A direita vem aí, faminta. Não vai sobrar nem as migalhas
por Luiz Carlos Azenha
Ninguém é "de direita" no Brasil. Ninguém assume ser de direita. Mas ela existe, se esconde sob diversos disfarces e representa uma aliança entre grandes interesses econômicos internacionais e grandes interesses econômicos nacionais subordinados àqueles. O tal pacto de elites. Elas fazem concessões pontuais para preservar o essencial: o controle da terra, do subsolo e dos recursos naturais.
O presidente Lula não representou um rompimento com isso. Ele costurou alianças em direção ao centro para garantir a "governabilidade". Hoje o agronegócio manda na agricultura e no meio ambiente, os banqueiros controlam o Banco Central e os recursos naturais do Brasil estão entregues a interesses privados -- da Vale do Rio Doce aos parceiros estrangeiros da Petrobras.
Num quadro de escassez, expresso na crise econômica internacional, a disputa pelo controle dos recursos -- e de como gastá-los -- deve se acirrar em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Essa disputa passa pelas eleições de 2010.
Lula, no poder, se comportou como um sindicalista pragmático. Preferiu os acordos de bastidores às ruas. Não trabalhou para estimular, organizar ou vitaminar movimentos políticos de sustentação às propostas de seu governo. Não trabalhou para aprofundar a democracia, isto é, para engajar politicamente os que ascenderam economicamente graças às políticas sociais de seu governo. O que explica a vitória de Gilberto Kassab em bolsões de classe média baixa em São Paulo: eleitores beneficiados por programas do governo federal, despolitizados, gravitaram para o candidato com o melhor marketing televisivo.
Já contei aqui sobre o comício final de Marta Suplicy, que teve a presença de Lula: um belíssimo cenário para gravar a propaganda mas nenhuma vibração popular. Vitória completa da forma sobre o conteúdo, do marketing sobre a política.
Agora, às vésperas de 2010, Lula costura de novo para o centro. O governador José Serra faz o mesmo. Serra limou Yeda Crucius de sua coalizão. A Veja já fez duas reportagens seguidas prevendo a hecatombe da tucana gaúcha. O PSDB já deve ter fechado acordo com José Fogaça, do PMDB, para apoiá-lo como candidato a governador em 2012, em troca de apoio no ano que vem.
Os aliados conservadores de Lula são José Sarney e Michel Temer, o que explica o furor midiático em relação à "farra das passagens". Se ambos fossem aliados de Serra o Congresso não estaria "em crise", nem mereceria tamanha cobertura do eixo midiático Veja-Globo-Folha.
A Folha Online anuncia um acordo entre Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pelo qual este seria vice na chapa tucana. Com isso o governador paulista reduz ainda mais a margem de manobra de Lula no PMDB e deixa o presidente da República no colo do trio Sarney-Temer-Renan.
Os acordos acima citados reforçam a posição de Serra no Sul e no Sudeste. Mais ainda se considerarmos que a crise econômica internacional está longe de acabar, que teremos um crescimento interno reduzido este ano e apenas razoável em 2010.
Em entrevista à CartaCapital, Dilma Rousseff disse: "A eleição do Lula, do Evo, da Michelle, da Cristina, do Hugo Chávez, marcam um processo de democratização muito comprometido com os povos dos paises nos quais ocorre".
A diferença é que, no Brasil, o "processo de democratização" foi superficial, não-orgânico e, hoje, depende da sobrevivência política do símbolo dele, Lula. Diante do quadro que descrevi, fiquem de olho: devem aumentar os pedidos para um terceiro mandato ou para que o presidente saia de vice na chapa de Dilma Rousseff.
Quantos bilhões de dólares vale o pré-sal? Quantos bilhões de dólares valem os minérios no subsolo brasileiro? A direita, que nunca chegou a perder o controle da riqueza, vem aí faminta por privatizar cada centavo desses bens públicos, para tomar de volta mesmo as migalhas que Lula distribuiu.
Fonte: Vi o Mundo
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É inacreditável a irresponsabilidade daqueles que receberam de forma legítima, do povo, uma cadeira no Senado Federal. É inacreditável que coloquem seus interesses políticos de curto prazo adiante dos interesses da população e do Brasil.
A Petrobras pode ser investigada? Pode e deve. Não importa que seja uma empresa estratégica, nem que carregue consigo a simbologia do país. A Petrobras pode e deve ser cobrada, sempre, especialmente quando coloca em risco o meio ambiente, quando colabora com a precarização das relações de trabalho -- através da terceirização -- ou quando coloca interesses particulares de seus acionistas adiante dos interesses do Brasil.
Não queremos uma estatal fazendo o papel que a petroleira da Venezuela teve naquele país, de um verdadeiro governo paralelo, que colocava interesses comerciais e estratégicos dos Estados Unidos acima dos interesses nacionais. Ou vocês acham que não foi a intervenção de Chávez na PDVSA o estopim para o golpe contra o presidente da Venezuela?
O problema, portanto, não é se a Petrobras deve ou não ser investigada. É como fazê-lo. Já existem todas as instâncias necessárias à investigação da Petrobras, tanto da parte do governo, quanto da oposição, quanto da sociedade. A empresa pode ser investigada pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas, pela Polícia Federal e nas diversas comissões do Parlamento. Não há dúvida: a Petrobras deve satisfações ao Congresso, pode e deve ser denunciada na tribuna e precisa responder a todos os questionamentos que recebe.
O que não dá para entender, sinceramente, é que se pretenda promover um circo no Congresso às custas da Petrobras, especialmente num momento de crise econômica internacional em que suposições, ilações e acusações infundadas podem afetar a empresa. Que diretor da Petrobras terá coragem de tomar uma decisão estratégica sob o risco de depois ser arrastado e torturado pelo Arthur Virgílio sob as luzes da CPI? Qual será a reação dos parceiros estrangeiros da Petrobras diante dos escândalos artificialmente produzidos no Congresso? Quanto os acionistas da empresa perderão em dinheiro? Que projetos serão adiados ou comprometidos pela inquisição pré-eleitoral?
Em tese, uma CPI não deveria assustar ninguém. Mas não falamos em tese. Falamos no Brasil. E falamos a partir de exemplos concretos: qual foi a utilidade das CPIs recentes, além de gerar uma enxurrada de manchetes, 95% das quais baseadas em fofocas, meias-verdades, distorções e mentiras? Tomemos como exemplo a CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas. Qual foi a serventia, além de torrar dinheiro público com a defesa dos interesses do banqueiro Daniel Dantas?
A CPI dos Amigos de Dantas foi o caso mais concreto e escabroso, até agora, da privatização do Congresso brasileiro. Quem vai ganhar com a CPI da Petrobras? O Brasil? O eleitor? O acionista da empresa? O projeto de exploração do pré-sal?
Ou é aquela mesma turma que pretendia transferir a base de lançamentos de Alcântara para os Estados Unidos, que vendeu a Vale a preço de banana, que planejava vender Furnas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal?
A CPI da Petrobras é mais um passo na privatização do Congresso brasileiro, desta vez em nome de interesses externos conjugados com os de pilantras brasileiros de sempre. Pilantras, diga-se, com mandato popular.
PS: Está sendo lançada nos bastidores da internet uma articulação que tem como objetivo dar uma resposta unificada da blogosfera independente a este absurdo.
Fonte: Vi o Mundo
::Graças à dica do meu amigo Ricardo Melo conheci os documentários Zeitgeist (cuja tradução literal seria Espírito do Tempo). São dois filmes, um de junho de 2007 e outro de outubro de 2008 (chamado "Addendum").
O primeiro destrói com muita propriedade e embasamento os mitos religiosos que muitos ainda seguem cegamente, a farsa dos atentados terroristas de 11/9 ao World Trade Center e ao Pentagono e o corrupto e fraudulento sistema econômico que rege nossas vidas.
Mas se o primeiro já era bom, o segundo filme, o "Zeitgeist Addendum", é realmente excepcional. Ele começa com um aprofundamento das explicações do corrupto e criminoso sistema monetário mundial - essencial para quem, como eu, não entende quase nada de economia.
O segundo ato conta com a participação de John Perkins, ex-agente da CIA que escreveu o ótimo livro "Confissões de um Assassino Econômico", que ajuda a revelar a participação do governo dos EUA em golpes de Estado e assassinatos de políticos, principalmente na América Latina, culminando com o frustrado golpe contra Hugo Chávez, na Venezuela em 2002. Perkins joga luz também sobre o que chama de "Corporatocracia" que é o sistema que realmente manda no mundo, onde um grupo fechado de grandes empresas multinacionais dá as cartas e rege as sociedades de maneira ditatorial e anti-democrática sempre visando o lucro acima de tudo e de todos.Mas é no terceiro ato que o documentário eleva-se acima da mera crítica ao sistema, apontando corajosamente soluções para os problemas mundiais e apresentando um novo tipo de sociedade, proposta pelo movimento "Projeto Vênus", que não seria baseada na perseguição do lucro. Algo totalmente revolucionário e, por incrível que pareça, bastante plausível, mas que exigiria acima de tudo uma mudança no comportamento e na consciência dos seres humanos.
Existem várias formas de ver os dois documentários. Ambos estão no youtube e também podem ser baixados pelos torrents da vida. No próprio site oficial dos filmes também dá para vê-los, com legendas e tudo: Zeitgeist The Movie.
Não deixem de assistir e disseminem para o maior número de pessoas possível!
Fonte: Tudo em Cima
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Leandro Fortes, da Carta Capital, um dos jornalistas que mais vêm honrando a profissão no Brasil, fazendo reportagens genuinamente investigativas, sem medo de desagradar aos poderosos, nos deu um presente este fim de semana. Leandro retomou seu blog Brasília, eu vi. Diz Leandro: "Acho que temos que reforçar essa rede de jornalistas independentes e honestos. Pode, no fim das contas, ser tudo que nos resta."
Vida longa.
Já no terreno da comédia pastelão, tivemos outra sensacional notícia: Soninha Francine descobriu que José Serra é de esquerda. Agora sim, fiquei tranquilo.
Fonte: O Biscoito Fino e a Massa
Links para saber mais sobre as mudanças na Lei Rouanet. Em todos esse sites é possível fazer mais buscas sobre o tema!
A carta aberta que reproduzo a seguir foi escrita por Leandro Fortes, da Carta Capital.
No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado “Comitê de Imprensa”, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e “aterradoras” revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha. Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do “Comitê de Imprensa”, sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa.
Nesta carta, contudo, falo somente por mim.
Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalista, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico – de áudio nunca revelado – envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.
Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.
Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira passada, dia 18 de março, exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros. Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.
Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas), esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites. Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: “Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta”. Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?
Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.
Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender.
Leandro Fortes
Jornalista
A atual demanda por produtos florestais é grande e insustentável. É preciso que a sociedade tome consciência disso e incentive a produção sustentável de madeira, exigindo o certificado de que a extração foi feita de forma legítima. Essa é uma das melhores alternativas existentes hoje para desenvolver economicamente regiões de floresta respeitando-se aspectos sociais e ambientais.
Nós, consumidores, podemos ajudar a proteger a floresta tomando algumas medidas simples, como:
• Comprar apenas produtos de madeira (móveis, material de construção, papel) que tenham o selo FSC de certificação florestal.
• Se você não encontrar produtos com o selo FSC, converse com seu fornecedor sobre a importância do selo para garantir a procedência da madeira e demais produtos florestais.
• De forma geral, antes de comprar um produto de madeira, mostre-se interessado pela procedência do material. Peça garantias de que a extração de madeira não destruiu economias locais, empregou mão-de-obra infantil ou gerou impactos ambientais. Suas perguntas deixarão claro ao fornecedor que os consumidores se preocupam com a extração da madeira.
Fonte: Greenpeace Brasil
Acesse também: Meia Amazônia Não.
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DRÁUZIO VARELLA
EM DEFESA DA LIBERDADE E DO PROGRESSO DO CONHECIMENTO NA INTERNET BRASILEIRA
A Internet ampliou de forma inédita a comunicação humana, permitindo um avanço planetário na maneira de produzir, distribuir e consumir conhecimento, seja ele escrito, imagético ou sonoro. Construída colaborativamente, a rede é uma das maiores expressões da diversidade cultural e da criatividade social do século XX. Descentralizada, a Internet baseia-se na interatividade e na possibilidade de todos tornarem-se produtores e não apenas consumidores de informação, como impera ainda na era das mídias de massa. Na Internet, a liberdade de criação de conteúdos alimenta, e é alimentada, pela liberdade de criação de novos formatos midiáticos, de novos programas, de novas tecnologias, de novas redes sociais. A liberdade é a base da criação do conhecimento. E ela está na base do desenvolvimento e da sobrevivência da Internet.
A Internet é uma rede de redes, sempre em construção e coletiva. Ela é o palco de uma nova cultura humanista que coloca, pela primeira vez, a humanidade perante ela mesma ao oferecer oportunidades reais de comunicação entre os povos. E não falamos do futuro. Estamos falando do presente. Uma realidade com desigualdades regionais, mas planetária em seu crescimento.
O uso dos computadores e das redes são hoje incontornáveis, oferecendo oportunidades de trabalho, de educação e de lazer a milhares de brasileiros. Vejam o impacto das redes sociais, dos software livres, do e-mail, da Web, dos fóruns de discussão, dos telefones celulares cada vez mais integrados à Internet. O que vemos na rede é, efetivamente, troca, colaboração, sociabilidade, produção de informação, ebulição cultural. A Internet requalificou as práticas colaborativas, reunificou as artes e as ciências, superando uma divisão erguida no mundo mecânico da era industrial. A Internet representa, ainda que sempre em potência, a mais nova expressão da liberdade humana.
E nós brasileiros sabemos muito bem disso. A Internet oferece uma oportunidade ímpar a países periféricos e emergentes na nova sociedade da informação. Mesmo com todas as desigualdades sociais, nós, brasileiros, somo usuários criativos e expressivos na rede. Basta ver os números (IBOPE/NetRatikng): somos mais de 22 milhões de usuários, em crescimento a cada mês; somos os usuários que mais ficam on-line no mundo: mais de 22h em média por mês. E notem que as categorias que mais crescem são, justamente, "Educação e Carreira", ou seja, acesso à sites educacionais e profissionais. Devemos assim, estimular o uso e a democratização da Internet no Brasil. Necessitamos fazer crescer a rede, e não travá-la. Precisamos dar acesso a todos os brasileiros e estimulá-los a produzir conhecimento, cultura, e com isso poder melhorar suas condições de existência.
Um projeto de Lei do Senado brasileiro quer bloquear as práticas criativas e atacar a Internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o projeto Substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Dezenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão. Esse projeto é uma séria ameaça à diversidade da rede, às possibilidades recombinantes, além de instaurar o medo e a vigilância.
Se, como diz o projeto de lei, é crime "obter ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular, quando exigida", não podemos mais fazer nada na rede. O simples ato de acessar um site já seria um crime por "cópia sem pedir autorização" na memória "viva" (RAM) temporária do computador. Deveríamos considerar todos os browsers ilegais por criarem caches de páginas sem pedir autorização, e sem mesmo avisar aos mais comum dos usuários que eles estão copiando. Citar um trecho de uma matéria de um jornal ou outra publicação on-line em um blog, também seria crime. O projeto, se aprovado, colocaria a prática do "blogging" na ilegalidade, bem como as máquinas de busca, já que elas copiam trechos de sites e blogs sem pedir autorização de ninguém!
Se formos aplicar uma lei como essa as universidades, teríamos que considerar a ciência como uma atividade criminosa já que ela progride ao "transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado", "sem pedir a autorização dos autores" (citamos, mas não pedimos autorização aos autores para citá-los). Se levarmos o projeto de lei a sério, devemos nos perguntar como poderíamos pensar, criar e difundir conhecimento sem sermos criminosos.
O conhecimento só se dá de forma coletiva e compartilhada. Todo conhecimento se produz coletivamente: estimulado pelos livros que lemos, pelas palestras que assistimos, pelas idéias que nos foram dadas por nossos professores e amigos... Como podemos criar algo que não tenha, de uma forma ou de outra, surgido ou sido transferido por algum "dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização ou em desconformidade à autorização, do legítimo titular"?
Defendemos a liberdade, a inteligência e a troca livre e responsável. Não defendemos o plágio, a cópia indevida ou o roubo de obras. Defendemos a necessidade de garantir a liberdade de troca, o crescimento da criatividade e a expansão do conhecimento no Brasil. Experiências com Software Livres e Creative Commons já demonstraram que isso é possível. Devemos estimular a colaboração e enriquecimento cultural, não o plágio, o roubo e a cópia improdutiva e estagnante. E a Internet é um importante instrumento nesse sentido. Mas esse projeto coloca tudo no mesmo saco. Uso criativo, com respeito ao outro, passa, na Internet, a ser considerado crime. Projetos como esses prestam um desserviço à sociedade e à cultura brasileiras, travam o desenvolvimento humano e colocam o país definitivamente para debaixo do tapete da história da sociedade da informação no século XXI.
Por estas razões nós, abaixo assinados, pesquisadores e professores universitários apelamos aos congressistas brasileiros que rejeitem o projeto Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo ao projeto de Lei da Câmara 89/2003, e Projetos de Lei do Senado n. 137/2000, e n. 76/2000, pois atenta contra a liberdade, a criatividade, a privacidade e a disseminação de conhecimento na Internet brasileira.
André Lemos, Prof. Associado da Faculdade de Comunicação da UFBA, Pesquisador 1 do CNPq.
Sérgio Amadeu da Silveira, Prof. do Mestrado da Faculdade Cásper Líbero, ativista do software livre.
João Carlos Rebello Caribé, Publicitário e Consultor de Negócios em Midias Sociais
PARA ASSINAR O ABAIXO-ASSINADO, CLIQUE AQUI.
Fonte: Vi o Mundo
2005, Editora Record
resenhado por Ernesto friedman
Magnífico! Um livro essencial. Depois de ganhar o prêmio Pulitzer com seu famoso livro ““Armas, Germes e Aço””, Jared Diamond nos traz “Colapso”, antológico trabalho sobre a evolução das sociedades. Ele analisa com detalhe e elegância, porque elas sucumbem e porque são bem sucedidas. O livro é um curso intensivo para nos atualizarmos sobre as dificuldades do relacionamento da humanidade com a natureza. E está na hora de se informar sobre o assunto. O meio-ambiente está na pauta do dia. Diamond fornece a justa dimensão dos problemas do desmatamento, da poluição industrial, do crescimento da população. Não é pouca coisa. Ao longo da existência do homem na Terra, populações inteiras tiveram oportunidade de sobreviver e escolheram o caminho da extinção. Diamond não esquece de nos mostrar casos positivos, em que, apesar de limitações naturais fortes, comunidades conseguem sobreviver.
Diamond aplica seu modelo de análise a grande número de civilizações da história. Mostra-nos com inteligência as trajetórias dessas civilizações até a falência. Ele nos apresenta a fantástica trajetória da Ilha da Páscoa, cujos habitantes originais chegaram até a ilha num barco, vindo da Polinésia. A população se desenvolveu, chegando a 5000 pessoas, e viveu isolada ali por 500 anos. O desleixo com o meio-ambiente e a falta de ações de seus líderes levaram esta sociedade à pura e simples extinção. Quando os navegantes portugueses chegaram à ilha, só havia grandes estátuas de pedra. Erich Von Däniken, um charlatão famoso nos anos 70, explicou de maneira bizarra o desaparecimento dos habitantes da Ilha da Páscoa e os enormes monumentos que eles construíram: seres do espaço teriam vindo à Terra, ensinaram aos habitantes a construir os monumentos e foram embora. Simples, não é? Diamond nos mostra os erros que conduziram ao desaparecimento da gente da ilha. A derrubada das florestas destruiu a capacidade dos habitantes da Ilha da Páscoa de sobreviverem. A história é trágica e passa por um final onde até o canibalismo é usado como meio para sobreviver. Por outro lado, encontramos uma ilha com duas milhas de diâmetro, no Pacífico, em que a população percebe suas dificuldades e desenvolve mecanismos para produzir o sustento e tornar viável a vida na ilha. Ou seja, há salvação.
Colapso é um abrangente curso de história focado nas características dos povos, as vantagens que tinham para sobreviver e os defeitos que os levariam a morte. Maias, vikings, esquimós, japoneses, chineses, australianos e muitos outros têm sua história contada ou seu presente analisado pelo modelo de estudo de Diamond. Você sabia que o Japão, que sempre associamos a uma congestionada Tóquio, tem 78% de seu território reflorestado. Tudo acontece por que a dinastia Tokugawa, no século XVII, percebeu que as florestas da ilha estavam desaparecendo e atuou para resolver o problema. Ao mesmo tempo, o miserável Haiti, onde a população ainda vive de frágil agricultura familiar, só dispõe de 1% de seu território com florestas. Os exemplos se sucedem e os problemas decorrentes são minuciosamente analisados. A abordagem segura de Diamond nos mostra que preocupação com meio-ambiente não é frescura. Não é livro fácil. Para muitos, nestes tempos de simplificações e resumos, será intragável. Para outros, será um divisor de águas, será a descoberta de uma nova maneira de ver o mundo e a história. Pode ser o livro que vai nortear a vida profissional de um leitor.
O estilo de Jared Diamond me lembra Stephen Jay Gould, que escrevia sobre história natural. São escritores que têm o dom de criar uma estrutura de conhecimento que abre novas portas para o leitor que os encontra. A abordagem de Diamond nos traz uma nova visão sobre problemas sociais contemporâneos. Sua análise do extermínio de Tutsis pelos Hutus, na África, é um exemplar magnífico de explicações simples não são boas receitas para tratar a história. A alta densidade demográfica e a escassez de recursos decorrentes da exploração desenfreada do meio-ambiente aparecem como fatores que não podem ser desacreditados na justificativa do extermínio de cerca de 10% de uma população. A visão malthusiana buscada por Diamond, nos traz novas possibilidades de análise de problemas que superficialmente podem ser descritos como decorrentes de baixo índice de educação ou puro racismo. O motivo não foi apenas o ódio dos Hutus pelos Tutsi. Diamond aponta que em certas regiões, onde só havia Hutus, o extermínio chegou a 5% da população. Havia outras causas.
A visão míope do governo americano do presidente Bush se torna mais crítica depois de lermos Colapso. A recusa da rica civilização americana em enfrentar o problema do meio-ambiente pode ser o prenúncio do final da civilização no planeta? A poluição em larga escala da China será o limitante do mega crescimento dessa economia? No quadro mundial, com as queimadas da Amazônia, o Brasil aparece mal na foto. O livro de Diamond nos mostra o quanto críticas são as ações demandadas para tratar esses problemas.
Um pensamento leva a outro. Vendo o que os desequilíbrios podem fazer com as civilizações, pensei aqui com meus botões. Imaginem uma cidade como o Rio de Janeiro. Aqui, as mães ricas (renda maior que 10 salários mínimos) têm em média apenas um filho. Já as mulheres pobres (renda na faixa de 1 salário mínimo) têm mais de 5 filhos. A população cresce com maior número de crianças miseráveis, sem instrução e sem opções na vida. A massa de ignorantes vai crescer se tornando a grande maioria. A população jovem será manipulada por traficantes de drogas, traficantes de deuses (franquias de religiões) e traficantes de cidadania (políticos corruptos manipulando promessas sociais que não serão cumpridas). Por uma bolsa família, os governantes se perpetuarão no poder, agravando os defeitos de uma sociedade que perde a oportunidade de aproveitar seus potenciais. O desequilíbrio criado pode ser o causador de uma guerra civil. Em tempo: a Vila Cruzeiro está sitiada há mais de 40 dias e os traficantes não parecem dispostos a ceder. A guerra civil Carioca vai reduzir a capacidade produtiva da cidade e do estado do Rio. A indústria migrará para outros estados ou paises, aumentando o desemprego. A falta de turistas afugentados pela rotina de crimes diminuirá a oferta de empregos em serviços. A “taxa diária de balas perdidas atingindo pessoas” maior que um caso por dia, não é grande atrativo para chamar um viajante ao Rio. O desemprego contribuirá para o aumento do crime organizado ou não. O ciclo de piora acelerará a decadência da cidade. Este exercício é pura paranóia ou apenas a previsão óbvia de nosso futuro? A falência anunciada do Rio de Janeiro pode ser um bom caso de colapso para ser estudado no futuro pelos discípulos de Diamond.
Associações de Cooperativas Autogestionárias
ANTEAG - Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão e participação acionária - www.anteag.org.br
UNISOL Brasil - União e Solidariedade das Cooperativas Empreendimentos de Economia Social do Brasil - www.unisolbrasil.org.br
Bancos e sistemas de crédito solidários
Ecosol - Cooperativa Central de Crédito e Economia Solidária – www.ecosol.com.br
Banco Palmas - www.bancopalmas.org.br
Sobre o movimento de Economia Solidária e sua organização nacional
FBES - Fórum Brasileiro de Economia Solidária - www.fbes.org.br
Outras incubadoras
ITCP Unicamp - www.itcp.unicamp.br
ITCP-COPPE UFRJ - www.itcp.coppe.ufrj.br
ITCP FGV - www.itcpfgv.org.br
INTECOOP UFI - www.intecoop.unifei.edu.br
INCOOP UFSCar - http://www.ufscar.br/~consusol/incoop.htm
ITCP UFV - http://www.ufv.br/pec/itcp/
Outros links de interesse
NESOL - Núcleo de Economia Solidária USP - http://www.poli.usp.br/p/augusto.neiva/nesol/index.htm
Cultura• VJ Astronauta Mecânico - farofa cibernética mistura de boa música eletrônica com grandes artistas, como Guido Crepax, Keith Haring e Guto Lacaz • Cuba Workshop - site sobre viagens fotográficas a Cuba • Parreira ponto com - Site de crônicas, charges - por Cláudio Parreira | ||
Política• Desaparecidos Políticos - Oferece busca detalhada sobre dossêis de desaparecidos políticos.http://www.desaparecidospoliticos.org.br • Unesco - Informações sobre a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. http://www.unesco.org • CUT - Central Única dos Trabalhadores. http://www.cut.org.br • EZLN - Exército Zapatista de Libertação Nacional. http://www.ezln.org.mx • Memória - Revista mensal de política e cultura. http://www.memoria.com.mx • Site do Instituto de Políticas Públicas Florestan Fernandes. http://www.iff.org.br • Polis - Site do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais. http://www.polis.org.br • Revista de Ciências Políticas - Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná. www.scielo.br/rsocp | ||
Comunicação• Bafafá - Jornal de opinião alternativo. Jornalistas, artistas,arquitetos, escritores, intelectuais, produtores e publicitários assinam artigos, reportagens, entrevistas e colunas. www.bafafa.com.br • Cultura e Mercado - revista eletrônica cultural do Instituto Pensarte que visa articular o setor cultural em torno de políticas culturais mais democráticas. http://www.culturaemercado.com.br • Alainet - Agência Latinoamericana de Informação. http://www.alainet.org • Derechos -Ferramenta para comunicação e informação sobre a violação dos direitos humanos em todo o mundo http://www.derechos.org • Agência AIDS -Site com os principais estudos e notícias. http://www.agenciaaids.com.br • Cocadaboa - Produção independente orgulhosa por ser polêmica. http://www.cocadaboa.com • Página oficial do Fórum Social Mundial. http://www.forumsocialmundial.org.br • Comunique-se - Informações sobre a imprensa brasileira http://www.comunique-se.com.br • Movimento Sindical - Links para alguns dos sites sobre movimento sindical. http://www.sindicato.com.br • Centro de Mídia Independente. - Versões em português, espanhol, inglês e esperanto. http://www.brasil.indymedia.org • ANF -Agência de Notícias da Favela - site com informações dos morros cariocas. http://www.anf.org.br | ||
Educação• Núcleo de Estudo da Violência da Universidade de São Paulo.http://www.nev.prp.usp.br •Associação Nacional de Pós - Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. http://www.anpocs.org.br •Mantém reunido o acervo pessoal e intelectual do escritor Gilberto Freyre. http://www.fundaj.gov.br/fgf/index.html • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/ • Associação Brasileira de Ciência Política. http://www.cienciapolitica.org.br • Movimento Estudantil Popular Revolucionário http://mepr.org.br/ • Associação Vitae - Proporciona bolsas na área de artes, música e desenvolve apoios a museus e bibliotecas - http://www.vitae.org.br • Enecos - para estudantes de Comunicação Social. www.enecos.org.br • Escola Base - site com textos e sinopse do videodocumentário sobre o famoso caso da Escola de Educação Infantil Base que conta e analisa os 10 anos do episódio, considerado marco histórico da irresponsabilidade da imprensa brasileira. http://escola.base.sites.uol.com.br/ | ||
Ongs• Abong - Associação Brasileira de Organizações não Governamentais.http://www.abong.org.br • Travessia - ONG criada para atender crianças e adolescentes que vivem em situação de rua na região central da cidade de São Paulo. http://www.travessia.org.br • Transparência Brasil - ONG que trabalha no combate à corrupção. http://www.transparencia.org.br • Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, ONG de utilidade pública. http://www.ibase.br • Greenpeace - http://www.greenpeace.org.br • Web Zumbi - ONGs da Bahia http://ospiti.peacelink.it/zumbi | ||
Geral• MST - Site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terrahttp://www.mst.org.br • FENAPEF - Federação Nacional dos Policiais Federais http://www.fenapef.org.br • CECAE - Programa de cooperação da USP com micro e pequenas empresas. http://www.cecae.usp.br/atualtec/ • DIEESE - Departamento Intersindical de Estatísticas e estudos Sócio - Econômicos. http://www.dieese.org.br • Cáritas Brasil - Clique e faça uma doação para a construção de cisternas caseiras e outras pequenas obras hídricas em toda a região semi - árida. http://www.cliquesemiarido.org.br • Médicos Sem Fronteiras - Organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a vítimas de catástrofes, conflitos, epidemias e exclusão social. http://www.msf.org.br • DHNET - Movimento Nacional de Direitos Humanos. http://www.dhnet.org.br/mndh • Chega de Confisco - Site com esclarecimentos sobre a arrecadação do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física). http://www.chegadeconfisco.com.br • Cladem - Comitê latino - americano e do Caribe para Defesa dos Direitos da Mulher. http://www.cladem.org • Scielo - Revista Brasileira de Ciências Sociais de periodicidade quadrimestral publicada pela ANPOCS http://www.scielo.br • Centro de Justiça Global - Denúncias e documentação sobre casos de violação dos Direitos Humanos. http://www.global.org.br • Movimientos - Comunidade Web de Direitos Sociais. http://www.movimientos.org • Cimi - Conselho Indigenista Missionário. http://www.cimi.org.br • ANAB - Movimento Brasileiro dos Atingidos por Barragens. http://www.anab.hpg.com.br • Madres - Associação de Mães da Praça de Maio. http://www.madres.org • Viento Sur - Página da revista Viento Sur. Debate de temas como capitalismo, território, movimentos sociais e ecologia. http://www.nodo50.org/viento_sur • Human Rights Internet - Mantém uma rede para troca de informações sobre direitos humanos. http://www.hri.ca • Setor 3 - Informações sobre o Terceiro Setor http://www.setor3.com.br • Cruz Vermelha http://www.cicr.org/por • Care - Trabalho de combate à pobreza http://www.care.org.br • Comissão Pró-Yanomami - Sua atividade é apoiar os índios na defesa do meio-ambiente, da cultura e no uso sustentável das terras que ocupam - http://www.yanomami.com.br/ • Narcóticos Anônimos - Atua em 70 países, uma das maiores e mais antigas do mundo nesta área http://www.na.org.br • OCB - Organização das Cooperativas do Brasil http://www.brasilcooperativo.com.br/ • Projeto Quixote - Apoio a crianças e adolescentes em situação de risco social http://www.projetoquixote.epm.br • Bico de Papagaio - Página sobre a Amazônia com informações sobre entidades populares do campo e da cidade, entidades de pesquisa, artigos, banco de imagens, reportagens http://www.bicopapagaioam.hpg.ig.com.br • Territorial - Instituto de Pesquisa, Informação e Planejamento. www.territorial.org.br |
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Fábula Amoral
"A cada 12 pessoas no mundo, há uma arma. A minha preocupação é: como armar as outras 11?" (Yuri Orlov).
Um dos melhores e mais criativos filmes de 2005, O Senhor das Armas é, desde a sua seqüência inicial, brilhante! Afinal, qual a melhor forma de expor o risco que representa uma arma de fogo a todos nós do que mostrando para que ela foi criada? A diferença é que o relativamente desconhecido diretor, Andrew Niccol (S1m0ne e Gattaca - A Experiência Genética), valendo-se de uma ousadia raramente vista na história do cinema americano contemporâneo, opta por contar, durante os créditos iniciais do longa, uma pequena estória dentro da estória principal. A sua câmera acompanha a trajetória de uma única bala, desde a sua cuidadosa confecção em uma fábrica, seu manuseio, comércio e sucessivos transportes até seu depósito e uso em uma metralhadora numa das constantes guerras civis africanas, quando atinge acidentalmente a cabeça de uma criança que estava próxima e nada tinha a ver com o conflito.
O Senhor das Armas surpreendeu público e crítica no ano passado quando esteve melhor do que nunca contextualizada pelo referendo das armas de fogo no Brasil. Com o seu recente lançamento em DVD, eis a oportunidade que faltava para conferir este filme que é tão chocante e explosivo quanto o assunto do qual trata.
Yuri Orlov (Nicolas Cage) é filho de imigrantes ucranianos e que, ainda criança, vai para os Estados Unidos. Seduzido desde sempre pelo american way of life, ao ambicioso Orlov não resta alternativa senão ascender economicamente à margem da sociedade seguindo uma vocação que lhe parece natural: o contrabando de armas. Sua impressionante carreira como homem de negócios amoral que desconhece princípios e ideais lhe permite ter tudo o que sempre sonhou: a admiração do irmão mais novo (Jared Leto, de Alexandre e Clube da Luta) e o amor da mulher por quem sempre foi apaixonado (a belíssima Bridget Moynahan), mas também a implacável perseguição do agente da Interpol Jack Valentine (Ethan Hawke, de Assalto a 13a. DP e Dia de Treinamento, além de Gattaca).
Orlov é narrador de sua própria história, jamais manifestando remorso ou consciência durante uma transação. Seus comentários são ácidos e ferinos, jamais poupando as instituições políticas e sociais, como se tentasse minimizar a si mesmo e a sua consciência o que faz de errado. Para ele, aliás, nada do que faz é imoral ou errado e, ao falar sobre o porque de não mais negociar com Bin Laden, por exemplo, Orlov dispara: "nunca se deu devido a questões morais; os cheques deles simplesmente retornavam". O cinismo dos seus comentários e o seu caráter um tanto niilista casam perfeitamente com as músicas da trilha sonora escolhida a dedo para ilustrar com ironia as mais diversas passagens de sua carreira e vida pessoal.
Com O Senhor das Armas, Niccol tenciona ser chocante, engajado. Não faltam referencias a recente história contemporânea, quando as armas parecem ter adquirido o estatuto de divindades e são tão comuns em nossas vidas (com os cada vez mais violentos jogos de videogames e filmes, por exemplo) quanto o são para os cada vez mais jovens soldados africanos (muitos deles, crianças que mal tem forças de carregar as metralhadoras que portam).
As suas personagens são porta-vozes do seu discurso, que não economiza críticas a nada, muito menos aos supostos motivos alegados para a realização da desastrosa invasão ao Iraque recentemente. Valentine é incisivo: "Falam de armas de destruição de massa, mas as verdadeiras armas que matam, que mais ceifam vidas, não são mísseis ou bombas de hidrogênio. São as pequenas armas, de fácil manuseio por qualquer pessoa: pistolas e metralhadoras". Mais tarde, Orlov complementa um discurso bem dirigido a administração de George Bush: "Sou um mal necessário. Chamam-me de contrabandista, mas sou apenas um pequeno comerciante perto do maior comerciante de armas do mundo, o exército dos Estados Unidos da América. Em um ano, vendo menos armas do que ele produz em apenas um dia".
Politicamente engajado, embora amoralmente narrado: sobre esta aparente contradição, é que O Senhor das Armas se constrói como um dos mais contundentes discursos contra a administração belicista norte americana e como uma das mais gratas surpresas do seu cinema nos últimos anos. A criatividade de sua montagem só encontra páreo na acidez do seu discurso. Definitivamente, um filme não apenas para quem acredita em um "cinema politizado", mas quem aprecia, acima de tudo, o "bom cinema".
Toda hora chegam às telonas os chamados "feel-good movies", aqueles filmes que fazem com que você se sinta bem, feliz da vida, na saída. Bem mais raros são os longas que ocupam do outro lado do espectro, os "feel-bad movies", que fazem o público olhar seu umbigo e pensar a respeito. Nação Fast Food (Fast Food Nation, 2006) é definitivamente um exemplo do segundo tipo.
O drama do sempre competente e versátil Richard Linklater - de filmes tão bons quanto díspares como Antes do pôr-do-sol, O Homem Duplo e Escola de Rock - se baseia no best-seller de não-ficção de Eric Schlosser, publicado em 2001, sobre a indústria da comida industrializada. O tema é basicamente o mesmo de Super size me - A dieta do palhaço, mas, diferente do documentário de Morgan Spurlock, mira mais alto que o mero valor nutricional dos alimentos servidos nas redes de restaurantes.
Através de várias histórias paralelas, Linklater tenta abraçar toda a, com o perdão do trocadilho, "cadeia alimentar" de uma corporação desse mercado. Mostra o desenvolvimento de um produto, o hamburguer "Grandão", desde o processamento da carne até o marketing para comercializá-lo. Nesse meio conhecemos imigrantes ilegais, empresários, supervisores, balconistas, chapeiros... pequenas engrenagens de uma máquina cujo único objetivo é o maior lucro possível.
O foco é, obviamente, o popularíssimo McDonald´s, com um nome alterado para Mickey´s (nos EUA o apelido da rede é "Mickey D") e a trama começa quando o presidente da companhia destaca Don Anderson (Greg Kinnear), um diretor de marketing de sucesso, para investigar um achado em um dos hamburgueres congelados da empresa... estrume. Ele parte então para Cody, no Colorado, onde toda a carne do "Grandão" é processada.
Linklater critica muito além da indústria alimentícia. Para ele, "fast food" é toda sorte de atendimento/processo que emprega pessoas como robôs. É o balconista de hotel incapaz de ouvir, repetindo exaustivamente as mesmas frases prontas; é a caixa da lanchonete que oferece sempre as mesmas ofertas; mas poderiam ser também as operadoras de telemarketing incapazes de resolver um problema que não esteja listado em sua frente; ou o suporte técnico que te olha como louco quando seu problema real inexiste nas FAQs... mas todas essas pessoas, fora do expediente, são... enfim... pessoas. E Linklater também faz questão de mostrar isso, como um brilhante contraponto às suas identidades corporativas. O diretor preocupa-se em desenvolver cada um de seus protagonistas, dando a eles uma alma, que é devorada dia-a-dia no cotidiano mecânico desses processos, sem recorrer jamais ao melodrama ou buscando polêmicas forçadas.
E o cineasta sequer está preocupado em apontar dedos. Não busca culpados dentro de sua estrutura. Todos são culpados e vítimas, mesmo os que estão no mais alto escalão. Afinal, não foi o presidente da empresa que pediu a investigação? O imigrante ilegal não cruzou a fronteira por livre e espontânea vontade? Não somos nós que consumimos os produtos dessas empresas?
"Feel bad", "feel very bad"...
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Leve sua própria sacola ao fazer compras
Se puder, leve sua própria sacola ao fazer as compras. Assim você deixará de usar (e, posteriormente, descartar) vários sacos plásticos. Se não for possível, procure encher bem os saquinhos para reduzir a quantidade deles que você leva para casa e que irão parar no lixo.
Este tipo de saco, que, em São Paulo, por exemplo, corresponde a 40% das embalagens jogadas no lixo, demora 450 anos para se decompor e ocupa de 15% a 20% do volume de um lixão, embora corresponda a apenas de 4% a 7% de sua massa. Portanto, seu uso deve ser evitado.Evite comprar produtos “superembalados” e, sempre que possível, prefira os bens não-embalados (como, por exemplo, alimentos frescos). Embalagens do tipo “caixinha-dentro-de-um-saquinho-dentro-da-sacola-dentro-do-sacolão” geram uma quantidade enorme de lixo.
Procure comprar produtos em embalagens que tragam quantidades adequadas para sua família. Por exemplo: se a sua família é grande, compre as bebidas nas embalagens maiores; se for pequena, evite as embalagens grandes e, conseqüentemente, o desperdício.
Não compre embalagens descartáveis de refrigerantes ou bebidas quando houver a possibilidade de comprá-las em embalagens retornáveis.
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O primeiro passo para combater o excesso de lixo é combater o excesso de luxo. Evite fazer compras por impulso e não consuma além de suas possibilidades, para não desperdiçar (e não se endividar). Planeje bem antes de ir ao mercado e evite comprar grandes volumes para estoque. Quanto menos você comprar, menos vai jogar fora.
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"A informação que temos não é a que desejamos. A informação que desejamos não é a que precisamos. A informação que precisamos não está disponível”
john peers
(Gilberto Gil)
Sara, sara, sara, sarará
Sara, sara, sara, sarará
Sarará miolo
Sara, sara, sara cura
Dessa doença de branco
Sara, sara, sara cura
Dessa doença de branco
De querer cabelo liso
Já tendo cabelo louro
Cabelo duro é preciso
Que é para ser você, crioulo
No serviço de auto-falante
No morro do pau da bandeira
Quem avisa é o zé do caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Ai Como eu queria que fosse em Mangueira
Que existisse outro zé do caroço ( caroço,caroço)
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz é madeira
Mas é morro do pau da bandeira
De uma vila isabel verdadeira
É o zé do caroço trabalha
É O zé do caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Destroi a gente com a sua novela
É que o zé bota a boca no mundo
E faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Esta nascendo um novo lider
No morro do pau da bandeira
Esta nascendo um novo lider
No morro do pau da bandeira
No morro do pau da bandeira
No morro do pau da bandeira
Lelele, lelelelelelelele
Por que vocês não sabem do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver
Por que você não verá meu lado ocidental?
Não precisa medo não
Não precisa da timidez
Todo dia é dia de viver
Eu sou da América do Sul
Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais
Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.
Bertolt Brecht