domingo, 6 de setembro de 2009

Os petroleiros e o dinheiro do pré-sal

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Petroleiros defendem que lucro do pré-sal deve atender população mais pobre

Trabalhadores também querem que governo federal retome o monopólio do petróleo para a União


Por Lúcia Rodrigues

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antônio de Moraes, defende que o governo federal aplique integralmente os recursos obtidos com a exploração do petróleo em projetos e programas sociais destinados à população de baixa renda. Moraes também quer que a União retome o monopólio estatal do hidrocarboneto. “As propostas do governo são um avanço, mas não contemplam as reivindicações dos trabalhadores”, adverte.

Segundo ele, há estimativas de que os recursos gerados pelas reservas de petróleo e gás do pré-sal brasileiro cheguem a U$ 15 trilhões. O montante é equivalente a 10 vezes o PIB do ano passado. O Produto Interno Bruto é a soma de tudo o que foi produzido no país. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB registrado no período ficou em R$ 2,9 trilhões. “É preciso garantir que a população pobre se beneficie pelo lucro gerado com o pré-sal.”

O sindicalista questiona vários pontos da proposta governamental. Os petroleiros, assim como o Executivo federal, defendem a constituição de um fundo social soberano. A diferença consiste na forma como essa questão será encaminhada na prática.

“O governo quer aplicar os recursos na infraestrutura de projetos rentáveis, aqueles que dão lucro. Além disso, apenas os juros desses empreendimentos é que serão aplicados em saúde, educação, reforma agrária, moradia. O nosso projeto defende que os recursos obtidos com o pré-sal sejam aplicados na integralidade nesses setores”, frisa. A nova legislação também deve valer para o território nacional e plataformas continentais, segundo ele. “O pré-sal não tem risco nenhum.”

Os petroleiros também são contra a constituição de uma nova empresa para administrar o pré-sal. “Queremos transformar a Petrobras em 100% pública”, destaca. De acordo com Moraes, o governo teria um prazo de 12 meses para resolver essa questão. Ele cita o caso da petroleira norteamericana Unocal, em que o congresso dos Estados Unidos interveio diretamente para evitar sua venda para a estatal chinesa.

“O Congresso americano proibiu a venda da Unocal para a China, porque os parlamentares sabem que o petróleo é estratégico.” Ainda segundo o sindicalista, a empresa foi vendida para Chevron, outra petroleira norteamericana, por U$ 2 milhões a menos do que o valor oferecido pela estatal chinesa.

Os leilões de petróleo também estão na mira dos trabalhadores petroleiros. A FUP defende a suspensão dos leilões abertos à participação do capital privado. A entidade quer que o Executivo devolva aos empresários do setor, o valor recebido nesses leilões e o que foi investido por essas empresas. “O governo teria o prazo de um ano para resolver isso”, comenta.

Moraes considera que o papel desempenhado pela Petrobras foi decisivo no enfrentamento da crise econômica mundial e na diminuição de seus impactos no país. “Enquanto a Vale do Rio Doce demitiu cinco mil trabalhadores e reduziu os investimentos, a Petrobras investiu 70% a mais. A Petrobras foi central para o país sair da crise”, ressalta.

Na próxima semana, os movimentos sociais que defendem o monopólio estatal do petróleo e o pré-sal se reúnem para estabelecer uma agenda de atividades para o segundo semestre. “A mobilização popular é fundamental, no Congresso a luta é mais difícil.”

Fonte: Vi o Mundo

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