sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Rede de banda larga não democratiza só informação

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por Luiz Carlos Azenha

Leio no Paulo Henrique Amorim que uma das prioridades do PAC será conectar todo o país à rede em banda larga. Não conheço detalhes do projeto, nem sei se ele existe no papel.

Conheço pessoalmente o sistema japonês, reconhecidamente um dos melhores do mundo. É óbvio que o desafio será muito maior no Brasil, pelas dimensões do país. E a pergunta óbvia é se a iniciativa privada topará levar a banda larga a Tefé ou se investirá apenas no filão das áreas metropolitanas. Quem vai pagar a conta?

De qualquer forma, costumo dizer nas palestras que faço em eventos relativos à comunicação que uma rede nacional em banda larga não contribuirá apenas para democratizar o acesso e a produção de conteúdos audiovisuais.

Democratizará, também, o trabalho.

No Japão, em 2001, vi de perto uma empresa de robótica que me pareceu o modelo do trabalho no futuro. Num galpão, lado a lado, conviviam engenheiros, designers, artistas plásticos e outros profissionais. Cada um em sua mesa atulhada de bugigangas. Todos conectados em rede com os colegas e com o mundo. Quando surgiam desafios, eles se reuniam na mesa de um dos profissionais. Conversavam, distribuíam tarefas e em seguida voltavam às mesas. Comparecer fisicamente ao trabalho era facultativo em alguns dias da semana, desde que o empregado cumprisse as tarefas das quais tinha sido incumbido. Pensem só no impacto que isso pode ter no futuro, tanto na mobilidade nas grandes cidades quanto na redução da poluição ambiental.

Na África, conheci empresários que tocam os seus negócios a partir de um celular. Escritório? Papel timbrado da firma? Clipes? Ao reduzir os custos de uma empresa, a banda larga funciona também como um grande equalizador. Um empreendedor com uma boa idéia depende muito menos de capital para ser bem sucedido, desde que tenha acesso às tecnologias de informação.

Trata-se de um novo paradigma. Que trará à tona questões muito importantes: como será a contagem da "jornada de trabalho"? Vamos bater ponto em casa? Ou ganharemos por tarefa? Como evitar que o trabalho domine completamente nossa vida pessoal? Como é que os sindicatos devem se comportar diante dessas mudanças? Tempos interessantes, esses.

Fonte: Vi o Mundo

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