De acordo com a Telesur, no momento da ação a energia elétrica foi interrompida em Tegucigalpa e o sinal do canal de televisão 36, cortado. A agência de notícias France Presse informa que os soldados e policiais hondurenhos, muitos com os rostos cobertos com gorros, chegaram ao local às 6h (9h no horário de Brasília). Eles lançaram bombas de gás lacrimogêneo e agrediram com cassetetes os quase 4 mil simpatizantes de Zelaya.
Em conversa com seu correspondente na capital hondurenha, a Telesur comunicou que duas pessoas morreram, mas tal informação ainda não teria sido confirmada. Depois de desalojar os manifestantes, os militares instalaram equipamentos de som direcionados à embaixada brasileira e começaram a tocar em alto volume o hino nacional de Honduras. "Os militares colocaram sons estridentes para tentar enlouquecer as pessoas que estão dentro da embaixada", informou o próprio Zelaya.
Ele disse ainda que está "em perigo" e que a embaixada do Brasil em Tegucigalpa encontra-se "praticamente militarizada". "Sabemos que estamos em perigo, cercaram a embaixada (...), jogaram bombas de gás lacrimogêneo em cima da embaixada, dispersaram pessoas a tiros", declarou à Rádio Caracol.
A chancelaria brasileira já foi avisada do ocorrido, segundo Zelaya. O porta-voz do Departamento de Segurança, Orlin Cerrato, afirmou à agência Associated Press que a área ao redor da embaixada está agora sob controle das autoridades. “Estão atacando a embaixada do Brasil. Não é possível que estejamos sendo atacados por tentar defender os pobres do país”, afirmou o presidente deposto a jornalistas.
Ele solicitou que as forças armadas parem a repressão e não apontem seus fusis contra o povo. Ele afirmou que ainda está em tempo de se chegar a uma solução pacífica para a crise política em Honduras.
Segundo a Ansa, Zelaya pediu a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA) para questionar a perseguição que seus seguidores estão sofrendo. "Eles as autoridades do governo de facto têm as armas, as bombas, os canhões, os tanques, o povo está indefeso, pedimos que apliquem a Carta Democrática da OEA", disse, afirmando também que a embaixada está "rodeada de franco atiradores".
O porta-voz da polícia, Orlin Cerrato, informou aos jornalistas que os agentes tiveram que recorrer "aos níveis de força adequados" para dissipar os manifestantes, que "continuam nos arredores" da representação diplomática brasileira.
Zelaya retornou de surpresa ao seu país nesta segunda-feira (21), a fim de iniciar um diálogo que encerre a crise intalada após o golpe. No dia 28 de junho, ele foi obrigado por militares a deixar o país, ainda de pijamas, e sob a mira de uma arma.
Vigília
Centenas de seguidores de Manuel Zelaya permaneceram na madrugada desta terça-feira em vigília em frente à embaixada do Brasil em Tegucigalpa, desafiando o toque de recolher imposto pelo governo em exercício. O governo de Honduras estendeu o toque de recolher no país até o fim da tarde desta terça-feira, 18h na hora local (21h de Brasília), informou o presidente em exercício, Roberto Micheletti.
Em princípio, o regime de Micheletti indicou que o toque de recolher finalizaria na manhã de terça-feira. A mudança foi anunciada enquanto centenas de seguidores de Zelaya permaneciam em vigília em frente à embaixada.
Aeropostos fechados
A repressão se soma ao fechamento dos quatro aeroportos internacionais que existem em Honduras, com a finalidade de que o secretário Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, não chegue ao país. Diante do fato, o chefe desse organismo teve que suspender sua viagem, que serviria para mediar um diálogo em Tegucigalpa.
"Restituição ou morte"
Zelaya disse na madrugada desta terça-feira que ninguém voltará a expulsá-lo de seu país e que seu lema a partir de agora será "pátria, restituição ou morte". "Ninguém mais vai me agarrar dormindo e minha posição é a pátria, a restituição ou a morte", disse Zelaya na embaixada do Brasil, ao lembrar o golpe militar que o tirou do poder, no dia 28 de junho passado.
"Acreditaram que iam me deter na fronteira, mas estou aqui, vivo, e coberto com a energia deste povo. Não se deram conta de que temos mais estratégia, capacidade e organização", disse, cobrando uma ação mais contundente da comunidade internacional.
Zelaya também fez um apelo às forças armadas, para que não se somem às investidas do presidente de fato, Roberto Micheletti.
Com agências
Fonte: Vermelho
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