quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O golpe de Uribe e a nossa doce mídia

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por Renato Rovai

A Câmara da Colômbia aprovou, com 85 votos a favor e cinco contra, a proposta que permite a Uribe iniciar o caminho para se re-recandidatar à sua sucessão. Eram necessários 84 votos.

O mais escroto (perdão, não tenho palavra mais precisa) desse processo todo é que dos 165 deputados colombianos, 92 estavam impedidos de votar devido a um processo na Suprema Corte de Justiça.

Entre outras coisas os processos são por evidências de que venderam seus votos para o governo em importantes decisões na Câmara.

É incrível como a indignação da nossa doce mídia é seletiva. Uribe continua sendo tratado como um good boy, o presidente que derrotou os narcotraficantes e os terroristas no seu país. Enquanto isso, Hugo Chávez é a personificação do demônio.

Sinto-me bem à vontade para tratar disso, porque quando o presidente da Venezuela colocou em plebiscito a reeleição indefinida, escrevi aqui que era contrário a proposta (as vezes ser coerente é ser ingênuo). Fiz o mesmo em relação as especulações de um novo mandato para Lula.

Aliás, sempre disse que isso era um bode na sala colocado pela mídia. E que entre os líderes mais importantes do PT e os mais influentes governistas essa tese era refutada. E que Lula nunca a levou em consideração.

Aliás, outra coisa que nossa doce mídia esquece é que FHC foi um dos precursores desse golpismo institucional. Ou seja, de mudar a legislação eleitoral em próprio benefício no curso do mandato. Quando tratam da questão, dizem que isso passou a ocorrer após a iniciativa de Cháves.

O nome disso é reinvenção da história.

Só que hoje eles não falam sozinhos. Temos uma blogosfera ativa e veículos de comunicação que contam uma outra versão, muito menos intoxicada por interesses econômicos.

Quem faz jornalismo não é mais a nossa doce mídia. Eles fazem publicidade e propaganda para os interesses conservadores e neoliberais.

Fonte: Revista Fórum - Blog do Renato Rovai - editor

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