terça-feira, 3 de junho de 2008

Rio de Janeiro, a Capital Mundial do Crime Organizado.

por Wálter Fanganiello Maierovitch

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Nem Palermo, terra da máfia, consegue, no momento, ombrear-se com o Rio de Janeiro.

Para começar, 47% dos deputados do Rio têm pendências com a Justiça, conforme informou o jornal O Globo de ontem. Dos 70 deputados estaduais, 33 deles estão pendurados na Justiça, no Ministério Público e, até, no Tribunal de Contas. Um deles é suspeito em crime de homicídio.

E na Assembléia legislativa do Rio foi vergonhosa e ilegítima a soltura do deputado Álvaro Lins, ex-chefe da polícia do estado, no governo Rosinha Garotinho.

Lins foi preso em regular situação de flagrante. Ou seja, em estado de flagrância. Isto por lavagem de dinheiro, na modalidade de ocultar patrimônio por meio de uso de laranjas.

A Constituição da República apenas garante à Assembléia relaxar, revogar, uma prisão ilegal. E como todo mundo sabe, prisão ilegal é a realizada na desconformidade com a lei, ao seu arrepio. Por exemplo, um deputado ser preso em flagrante por se recusar a pagar dívida de jogo de azar. Como isso não é crime, a prisão seria ilegal.

No caso da prisão do deputado Álvaro Lins, ele era legal. Portanto, não podia a Assembléia Legislativa conceder liberdade por entender desnecessária a manutenção da prisão e por estar a investigação terminada.

Esse tipo de juízo sobre a necessidade de manutenção da custódia só cabe à Justiça.

Por outro lado, não dá para acreditar que a nada ingênua famiglia Garotinho nunca tenha percebido nada a respeito da atuação do então chefe de polícia, Álvaro Lins.

O seu patrimônio vultoso, o seu patrimônio sem causa, e a proteção que Lins dava aos bicheiros herdeiros de Castor de Andrade, deixam Anthony Garotinho e a esposa em situação difícil.

Agora, Garotinho vai amargar uma pesada acusação de chefiar uma organização criminosa armado, em especial por coonestar com um chefe de polícia, Álvaro Lins, acusado de ter mudado de lado.

Quanto a ex-governadora Rosinha Matheus, deu bingo. Ela está acusada de receber, para sua campanha eleitoral, dinheiro do crime organizado, que explora a jogatina eletrônica e o bicho.

Uma coisa é certa. Esse cenário de descalabro, conivências e impunidade, favorece o crime organizado, que se torna cada vez mais ousado. Foi o clima sentido pelas milícias controladoras de favelas e morros, a ponto de se sentirem livres para seqüestrar e torturar, por mais de sete horas, três jornalistas do jornal “O Dia”.

Hoje, no Rio, mais de 70 favelas são controladas por milícias, formadas por policiais, do serviço ativo e aposentados. E nos seus territórios controlados, vale a lei da milícia.

Pior é que o M.da Justiça viu no seqüestro e na tortura dos jornalistas do O Dia apenas uma grave violação à liberdade de expressão. Não enxergou que existe secessão territorial, ou seja, espaços físicos fora de controle do Estado.
Mais ainda, o número de homicídios continua a crescer no Rio de Janeiro, com o governador a optar por ações pirotécnicas, com risco de morte à população pobre das favelas, ao invés de fornecer segurança pública e tranqüilidade social.


CRIME ORGANIZADO: infiltração.


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Para quem ainda duvida do poder corruptor da criminalidade organizada, pode, se não quiser ficar só nos casos do Rio de Janeiro, dar uma verificada no que aconteceu ontem em Sydney, na Austrália.

A Autrália, para contrastar o tráfico internacional de drogas, criou uma “Comissão contra o Crime” e celebrou termos de cooperação com a Holanda e a Thailândia, dois países que lhe enviam ilegalmente grandes quantidades de drogas sintéticas, em especial anfetaminas do tipo “ice” e metanfetaminas.

O vice-presidente da denominada Comissão contra o Crime, até ontem, era o oficial da polícia federal Mark Stanten. Ele ocupava o cargo na condição de segundo na hierarquia da polícia federal australiana.

Ontem, Mark Stanten, de 51 anos de idade, foi preso e é acusado de ter executado um plano que permitiu o encaminhamento ao seu país e a venda ilegal de grandes partidas da anfetamina “ice”.

As investigações que levaram a prisão de Stanten foram realizadas num arco de 18 meses, com a cooperação de autoridades da Holanda e da Tahailândia. Para trazer o “ice” ou a efedrina (princípio ativo do ice), o grupo de Stanten desembolsou 72 milhões de euros. O tráfico posterior, na Austrália, rendeu dez vezes mais.

Nunca, na história da Austrália, teve disponível no mercado tamanha quantidade de “ice”.

No final do ano passado, uma viagem de Stanten a Dubai foi monitorada. Lá, ele se encontrou com um britânico, traficante internacional, e acertou a importação de 600 kg de efedrina, enviada por via marítma e apreendida misturada em sacos de arroz

A polícia chegou a ter informações de que o grupo criminoso de Stanten iria receber, por navio saído de Singapura e que aportaria em Sydney em 16 de abril, outros 600 kg de efedrina. Nada no navio foi encontrado e a polícia suspeita de vazamento da informação, com a carga tendo sido jogada ao mar.

Com Stanten foi preso o australiano Bakhos Jalalati, cuja mulher trabalhava na polícia federal.

Fonte: Blog do Wálter Fanganiello Maierovitch
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