quinta-feira, 19 de junho de 2008

Notícias do Rio de Janeiro


por Marcelo Salles


CPI das Milícias


Vale a leitura do artigo do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI das Milícias, instalada hoje na Alerj com duas medidas aprovadas: 1) Criação do Disque-Milícia e 2) Conceituação do termo "milícia". Reparem na última frase do primeiro parágrafo, que pode ser entendida como uma crítica indireta aos meios de comunicação de massa. Enquanto nós da mídia popular e alternativa nos esgoelávamos para denunciar esse abusos, os bandos armados de direita sempre foram vistos como um mal menor pelas "autoridades" e pela outra imprensa. E há outros, amigos, muitos outros temas sobre os quais escrevemos e que são deixados em segundo plano pelas "autoridades" e pelas corporações de mídia (ou, por que não dizer, nesse caso, "milídias").

ESTADO PARALELO (*)

Rio - O debate sobre as milícias finalmente está colocado na pauta da cidade. Infelizmente, foi preciso que uma equipe de O DIA fosse torturada para que muitos revissem seus olhares. Enquanto a violência e o terror recaíam sobre os moradores das favelas, o que vimos foi silêncio e conivência.

A ação desses grupos passa por três eixos: controle de território exercido por agentes públicos vinculados à área de segurança, extorsão direta dos moradores através do controle de serviços e, finalmente, a formação de braços políticos com parlamentares, frutos da construção dos redutos eleitorais nesses espaços. É preciso deixar claro que não são justiceiros. O que desejam é lucro — obtido por meio de atividades ilícitas ocorridas no vácuo do poder público.

A mais inadequada defesa ideológica que se faz sobre milícias é a de que representam um mal menor e que, diante da falta de policiamento e da precariedade da segurança pública, seriam“melhor”que o tráfico de drogas. Esse foi o grande equívoco do poder público e a principal razão de seu crescimento por dentro do Estado, com cada vez mais força política nos parlamentos. É um debate sobre soberania! Não podemos abrir mão do Estado democrático de direito. É inaceitável que grande parcela da população viva sobre o terror imposto por traficantes ou por grupos paramilitares.

Segurança pública não se resolve com polícia, mas com política. Precisamos de uma polícia bem preparada e formada na cultura de defesa dos direitos, bem remunerada, controlada por uma ouvidoria independente e com autonomia. Nas favelas, é urgente um novo conceito de segurança, que inclua a escola pública de qualidade, o atendimento digno nos postos de saúde, o primeiro emprego e acesso à cultura.

(*) Artigo publicado no jornal O DIA, 19 de junho de 2008.

Os demais integrantes da CPI das Milícias são Gilberto Palmares (PT), relator, Paulo Ramos (PDT), eleito vice-presidente, Paulo Melo (PMDB), João Pedro (DEM) e André Corrêa (PPS).

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As vaias sumiram!

Maurício Campos, da Rede Contra a Violência, esteve no Morro da Providência ontem, durante a visita do ministro da Defesa, o tucano Nelson Jobim. Ao contrário do que foi divulgado pelas corporações de mídia, Jobim não foi bem recebido pelos moradores. Saiu debaixo de vaias. Segundo Maurício, o Exército também foi muito vaiado. Os moradores exigiram a retirada imediata da tropa. Mas quem se informou exclusivamente pela mídia grande não teve essa impressão. Ficou parecendo que Jobim foi muito bem recebido, sobretudo pela exploração da imagem em que ele abraça a mãe de um dos garotos entregue à morte por militares. Como disse, com muita propriedade, o leitor Diego Bevilacqua, a imprensa capitalista não está sincronizada com a realidade.

Fonte: Fazendo Media
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