domingo, 29 de junho de 2008

Documentário imprescindível a quem quer entender como funciona o cérebro dos americanos!





PETER DAVIS, CORAÇÃO E MENTE DE DOCUMENTARISTA

A história dos documentários políticos nunca mais foi a mesma depois de Corações e mentes. Lançado em 1975, quando a Guerra do Vietnã ainda era uma ferida grande demais na história norte-americana, o filme de Peter Davis tornou-se um dos mais contundentes argumentos no processo de transformação da opinião pública em relação ao conflito.

Combinando informação e emoção, Corações e mentes trouxe à tona as devastadoras conseqüências humanas desta guerra, que durou mais de dez anos e deixou um rastro de centenas de milhares de mortos. Pela primeira vez, apresentava-se não só o ponto de vista do soldado norte-americano, mas também o sofrimento do “outro”, daqueles que, antes deste documentário, permaneciam “fora do quadro”. O título é retirado da famosa frase do presidente Lyndon B. Johnson: “A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã.” A montagem de um farto material de arquivo e de depoimentos colhidos nos anos de 1972 e 1973 revelou o sofrimento e a resistência do povo vietnamita, a dor das vítimas e, também, a corrupção que levou à perpetuação quase infinita de um conflito condenado ao fracasso.

Antes de Corações e mentes, Davis já havia provocado polêmica com três filmes feitos para a televisão: Hunger in America e The Heritage of Slavery, ambos de 1968, e The Selling of the Pentagon, de 1971 – todos dedicados a assuntos praticamente ignorados pelo cinema e pelos meios de comunicação da época, mas que nem por isso eram menos reais. Sem medo da controvérsia e disposto a apontar aspectos da América que permaneciam camuflados, Davis firmou-se como a voz dissonante fundamental para a compreensão de questões mal-resolvidas da política norte-americana, tanto interna como externamente. Esses quatro filmes se somam ao mais recente Jack, realizado em parceria com o filho Nick, em 1993 – para apresentar ao público do Festival do Rio o trabalho coerente e afiado de Peter Davis, cineasta que nasceu em 1937 e gerou uma obra de rara atualidade.

A importância de se assistir aos documentários de Peter Davis neste ano de 2004 não é apenas pelo valor histórico que eles ganharam, nem apenas pela imensa força que o gênero voltou a apresentar junto ao público. Trata-se, sobretudo, de uma (re)visão fundamental neste momento em que a história se repete como farsa, e os Estados Unidos, parecendo ter oportunamente esquecido as lições do Vietnã, voltam a exercer a beligerância intolerante em interesse próprio.



Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: