segunda-feira, 23 de junho de 2008

Tática de Obama debilita McCain entre indecisos


por Pablo Calvi
De Nova York

Na guerra dos números, cuja largada na campanha presidencial foi dada no último sábado com a divulgação da primeira pesquisa não partidária de alcance nacional, o candidato democrata Barack Obama leva uma comida vantagem de 15 pontos sobre seu par republicano, John McCain. Segundo a sondagem encomendada pela revista Newsweek, realizada através de ligações telefônicas entre os dias 18 e 19 de junho, o senador do Illinois leva uma ampla vantagem e abocanha 51% das intenções de voto, frente a 36% de John McCain. Os resultados representam quase três vezes a diferença que algumas pesquisas de ambos partidos mostraram entre um e outro no decorrer da semana passada.

Embora a pesquisa seja uma das primeiras da temporada de eleições, sem dúvida ela já apresenta vários aspectos fundamentais. Primeiro, o de que os simpatizantes da senadora e pré-candidata democrata Hillary Clinton não inclinaram-se a favor do republicano McCain após a queda de sua preferida na campanha.

O segundo dado, que é fundamental, diz respeito aos resultados que Obama está obtendo nesta etapa da campanha, os quais são muito mais positivos que aqueles de seus predecessores democratas na luta presidencial, John Kerry e Al Gore.

Um terceiro dado curioso levantado pela pesquisa da Newsweek é que o grupo que mais se inclina a favor do senador negro é justamente aquele que o democrata herdou a contragosto de sua rival nas primárias. As mulheres norte-americanas preferem Obama a McCain por uma margem de 21 pontos, 54% para o democrata e apenas 21% para o republicano.

Porém, estes não são os únicos números que favorecem hoje o candidato afro-americano. Após a renuncia de Obama na semana passada aos fundos públicos de campanha, o Estado já não pode limitar os gastos publicitários do democrata. Diferente de seu rival, John McCain, quem, este sim, fará uso dos fundos públicos e, por conseguinte, deverá limitar seu orçamento a US$ 84,1 milhões, Obama disporá da totalidade das doações que recebe para financiar a corrida presidencial. Estas doações já superam os US$ 300 milhões.

A auspiciosa situação financeira de Obama permitirá que ele abra novas frentes de batalha. Sobretudo em estados que anteriormente haviam sido deixados em mãos republicanas. O resultado destes novos esforços será - conforme o esperado nos quartéis democratas - debilitar ainda mais as possibilidades de McCain de fazer campanha nos estados indecisos.

O extraordinário nível que atingiu os fundos de campanha de Obama deve-se em grande medida à base de mais de 1,5 milhões de pequenos contribuintes (a "grassroots campaign" à qual o senador refere-se em seus discursos), os quais continuam enviando suas doações mês a mês. "Ter obtido semelhante quantidade de recursos nos abriu uma enorme quantidade de opções estratégicas", disse Tad Devine, um dos estrategistas mais importantes da equipe de Obama ao New York Times, no último domingo. "Se John Kerry tivesse disposto dessa quantidade de recursos e tivesse se mantido de fora do financiamento público, acho que ele seria o presidente hoje".

A conta bancária lá em cima lhe permitirá cumprir uma promessa: abrir delegações e centros de campanha em cada um dos 50 estados até o final de junho, algo que nunca aconteceu numa eleição presidencial. Segundo a estratégia do boca a boca implementada por Karl Rove, mentor das vitórias de George w. Bush frente a Kerry e Gore, o cérebro da campanha democrata e assessor do partido, Howard Dean, propôs, além disso, levar a mensagem de Obama até certas audiências restritas a um nicho específico, como os públicos jovens de MTV, VH1 e BET (Black Enterntainement Television).

"A única forma que nós, democratas, podemos perder essa eleição é prendermos ao debate interno do partido", dissera Dean durante a disputa pré-eleitoral entre Obama e Clinton. Hoje, os democratas parecem já estar bem mais distantes daquele cenário de confusão.

Fonte: Terra Magazine


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