Apesar do silêncio e muitas vezes da parcialidade da mídia conservadora, vários fatos estão ocorrendo nesta América Latina que mereceriam no mínimo algum destaque nas páginas internacionais.
É o caso, por exemplo, do Chile, onde o Colégio de Jornalistas, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) daquelas bandas, está pedindo desculpas aos familiares de vítimas da ditadura Pinochet pela participação "culposa e antiprofissional" que tiveram os responsáveis pelos principais jornais e televisões na edição de notícias sobre falsos enfrentamentos entre integrantes de um grupo de esquerda, que resultaram na morte de mais de 100 opositores.
As investigações feitas pela Comissão de Ética do Colégio de Jornalistas confirmaram a culpa dos profissionais de imprensa Roberto Araya Silva, expulso da entidade, e de Julio López Blanco, Vicente Pérez Zurita, Manfredo Mayol, todos eles na época do Canal 7, e Claudio Sánchez, do Canal 13. Estes quatro jornalistas foram suspensos e criticados publicamente pela conduta antiética que tiveram nos casos da Operação Colombo e Rinconada de Maipú.
Também foram suspensos e repreendidos publicamente Fernando Díaz Palma (então diretor do jornal As Últimas Notícias), Alberto Guerrero Espinoza (diretor do La Tercera) e Beatriz Undurraga Gómez, do El Mercúrio, jornal que na época do golpe que derrubou o presidente constitucional Salvador Allende recebeu mais de um milhão e meio de dólares da CIA.
O serviço de inteligência da ditadura de Pinochet, então sob a responsabilidade do general assassino Manuel Contreras, pagou a edição de publicações na Argentina e no Brasil para a divulgação de falsas notícias sobre os enfrentamentos entre militantes esquerdistas. Com base nesta “informação”, os jornalistas punidos divulgaram a noticia como se fosse verdade, exatamente para retirar a culpa da própria ditadura. Os proprietários dos veículos de comunicação, claro, estavam acumpliciados com a ditadura.
Enquanto isso, na Bolívia, dirigentes “autonomistas” da “Meia Lua” - Departamentos (Estados) de Beni, Pando, Santa Cruz e Tarija – em uma medida decididamente golpista, decidiram não se submeter ao referendo de 10 de agosto próximo, aprovado pelo Congresso para confirmar ou revogar o mandato do Presidente Evo Morales. Os governos destes departamentos realizaram plebiscitos, considerados ilegais, que apoiaram a “autonomia”, embora com as abstenções dos eleitores os números favoráveis às autonomias se reduziram, o que não foi quase divulgado.
O Conselho Nacional Democrático - que reúne os dirigentes mencionados, além de empresários, e de democrático só tem mesmo o nome - quer que sejam realizadas eleições presidenciais. Na verdade, os democratas desde criancinha, herdeiros de tradicionais grupos que historicamente sempre abominaram a democracia e até mesmo davam proteção a notórios criminosos de guerra nazistas, entre os quais o matador Klaus Barbie, querem mesmo derrubar Evo Morales. Como estão sem condições de realizar a empreitada golpista como faziam no passado, ou seja, acionando as Forças Armadas, adotaram uma outra estratégia, contando com o apoio incondicional da Embaixada estadunidense na Bolívia.
Em outros países da América Latina ocorrem fatos, quase não divulgados, que confirmam as transformações porque passa o continente considerado por europeus progressistas, entre os quais o cientista político alemão Thomas Mitschein, o jornalista e cientista político alemão Ingo Niebel e o espanhol Ignácio Ramonet, diretor do Le Monde Diplomatique, como o “continente da esperança”, porque por aqui se confirma na prática que um outro mundo é possível.
Os referidos participaram recentemente, em Belém do Pará, do seminário Futuro da Democracia na América Latina – movimentos social e político, importante evento que faz parte do calendário que precede o Fórum Social Mundial a ser realizado no próximo mês de janeiro na mesma Belém.
Não é à toa que o governo estadunidense resolveu reativar a IV Frota, desativada desde 1950. Ou será que alguém ainda tem dúvida a respeito? |
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