O Ministério da Saúde está em uma luta insana para obter R$ 20 bilhões adicionais, que garantiriam a universalização do acesso a medicamentos no pais.
Do ano passado a maio deste ano, a mesa de operações do Banco Central, com apenas uma operação – o “swap reverso”, operação no mercado de derivativos -- deu um prejuízo de R$ 10 bilhões ao Tesouro, e um lucro correspondente ao sistema bancário.
Não há caso de Banco Central no mundo que opere no mercado de derivativos – mercado altamente volátil onde é ampla a possibilidade de atos discricionários por parte das autoridades monetárias.
***
Essa operação se dá em torno de apostas sobre o desempenho futuro do DI (Certificado de Depósito Interbancário, taxa que regula o custo de transações entre bancos) e a variação cambial. O BC compra contrato futuros de câmbio e vende contratos futuros de juros.
Quando os juros aumentam, o BC perde nas duas pontas: nos contratos de câmbio que vende e nos contratos de juros que compra. Por isso mesmo, vender “swap reverso” em um período de elevação de juros é crime contra o patrimônio público.
***
Em 2002, o então presidente do Banco Central Armínio Fraga instituiu o swap simples. Nele, o BC vendia contratos futuros de câmbio. A explicação é que, através dos “swaps” o BC poderia atender à demanda de dólares por parte das instituições sem colocar a mão nas reservas cambiais. Na prática, induziu todo o mercado a apostar na desvalorização cambial – quanto maior a desvalorização, maior o ganho de quem comprou os “swaps” do BC.
***
Quando o câmbio se equilibrou e voltou a se apreciar, o BC acabou com a operação de “swap” e passou a estimular o “swap reverso”.
No mercado de derivativos, compara-se a valorização do real com a taxa DI. A cada dia comparam-se DI e câmbio. Se o DI é maior que a desvalorização cambial, o BC é obrigado a depositar a diferença na conta dos bancos. E vice-versa.
***
O abuso é que o BC controla a taxa Selic – que é a principal influenciadora do DI. E controla também o câmbio – que é influenciado pelos movimentos da Selic. Também tem acesso à situação de todos os bancos. Por isso mesmo, esse prejuízo é injustificável.
Tudo bem que papel da política monetária não é dar lucro ao Banco Central, mas alcançar objetivos maiores – como os de deter a queda do dólar. Concretamente, o efeito tem sido nulo. O pais perdeu R$ 10 bilhões, jogados pela janela, e o dólar não deixou de cair.
***
Suponha-se a situação inversa: uma crise cambial que provocasse uma enorme desvalorização do real. Pelas quantias envolvidas no “swap cambial” haveria o risco concreto de uma crise sistêmica, obrigando o BC a intervir no mercado para salvar as instituições. O BC está agente de criação de futuros riscos sistêmicos.
É bom que os operadores do BC se dêem conta. Estão atuando contra o Estado brasileiro, queimando dinheiro público. Essa operação tem contornos que permitem desde a abertura de uma CPI até de um inquérito por parte do Ministério Público.
Quando o tiroteio começar, dança quem deu as ordens; dança quem cumpriu,
Fonte: Blog do Luis Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário