Por Daniel Hessel | 02/09/2009 - 16:11
Uma das grandes vencedoras do festival de Cannes desse ano, a DM9 enfrenta um sério problema de imagem. Uma peça de campanha recusada por um cliente caiu na rede e está provocando uma enorme polêmica nos Estados Unidos, a ponto de ser destaque do boletim online do jornalAdvertising Age de hoje (veja aqui). Trata-se de um cartaz produzido para a respeitadíssima organização não-governamental WWF que mostra a ilha de Manhattan ainda com as duas torres do World Trade Center sofrendo uma espécie de raid de jatos de passageiros. No alto, junto à imagem do simpático panda da ONG os dizeres: O tsunami matou 100 vezes mais pessoas que o 11 de setembro. O planeta é brutalmente poderoso. Respeite-o. Preserve-o. Enfurecidos, os representantes do WWF emitiram uma nota desqualificando a peça dizendo que ela havia sido recusada e devolvida à agência. A DM9 por sua vez pediu desculpas e argumentou que não tinha nada a ver com a divulgação da peça e as pessoas que produziram o anúncio em dezembro do ano passado não trabalham mais na agência. (Atualização 3/9 - Ontem à tarde, a DM9 e WWF reconheceram que o anúncio foi aprovado e publicado em um jornal de São Paulo. Diz o comunicado à imprensa: Este anúncio não expressa o pensamento nem do cliente nem da sua agência de propaganda. Ele foi criado e aprovado no final de 2008, equivocadamente. Fruto somente da inexperiência de alguns profissionais envolvidos em ambas as partes. E não de má fé ou desrespeito ao sofrimento americano.).
Sejam quais forem as justificativas de cada um, esse episódio levanta uma questão séria em campanhas engajadas, voltadas principalmente para jovens. Ações radicais e mistificadoras como as da Peta e do Greenpeace acabam difundido a idéia de que para se falar do futuro do planeta ou defender os animais é preciso ser agressivo, chocar as pessoas. Ontem, o blog Huffington Post colocou no ar um vídeo produzido por uma entidade que defende os animais (e o vegetarianismo radical) que mostra pintinhos recusados em um processo de seleção sendo jogados em um triturador em uma granja (quem tiver coragem pode ver aqui). Os animais precisam ser poupados de tratamentos cruéis, a depredação da natureza precisa ser combatida com rigor, mas precisamos chegar a esse ponto? A confusão entre DM9 e WWF e o vídeo da carnificina na granja só prova que esse tipo de abordagem já passou dos limites.
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A confusão entre WWF e DM9 não só continua, como fica cada vez pior. Ontem o escritório brasileiro finalmente reconheceu que de fato aprovou o anúncio da agência (veja atualização no post abaixo) e em um comunicado conjunto com a agência, declarou que toda a história foi fruto da inexperiência dos profissionais envolvidos - ou seja, jogaram a bomba nos juniores, aqueles coitados recém-saídos do programa de trainee que ficam no staff intermediário e que teriam feito toda a besteira à revelia do comando das duas organizações. Bonito isso.
Além do anúncio impresso que veio à tona no dia 1º, a campanha teve também um filme (veja aqui). Para tentar controlar o estrago, a DM9 e o WWF tentam desesperadamente retirar tanto o comercial quanto o anúncio da internet - uma tarefa digna de Hércules.
Assista o vídeo aqui:
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