quarta-feira, 2 de setembro de 2009

De volta à política

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por Luiz Antônio Magalhães

Vanusa e Belchior à parte, o fato do dia (domingo) foi a filiação de Marina Silva ao Partido Verde. Arisca, a senadora deixou a definição sobre a candidatura presidencial para 2010, mas é evidente que ela vai disputar a eleição no próximo ano, do contrário não faria o menor sentido a mudança de partido. Este blog já analisou detidamente a candidatura de Marina, de maneira que o comentário de hoje versa sobre a reação dos demais candidatos ao novo fato político criado com bastante competência, diga-se de passagem, pela senadora.

Aparentemente, o tucanato comemora a entrada de Marina no jogo porque calcula que ela tira votos de Dilma Rousseff. Pode ser um grande tiro no pé, porém. O professor Marcus Figueiredo percebeu bem esta questão: segundo ele, quem está pendendo para votar em Marina jamais votaria no PT, porque é justamente a parcela do eleitorado que já perdeu a confiança no partido de Lula. Os mesmos que em 2006 votaram em Heloísa Helena, Cristóvam Buarque e até anularam ou votaram em branco. Segundo Figueiredo, este eleitorado é muito barulhento, mas não tem densidade, é um grupo restrito. Tem mais: o cientista político que dirige o Iuperj vê possibilidades de José Serra perder votos, especialmente no Rio de Janeiro, por causa justamente da entrada de Marina no jogo. É que Serra contava com o apoio de Fernando Gabeira, candidato ao governo, e não terá mais - a menos que Gabeira aceite subir em dois palanques, o que de qualquer forma não ajuda muito, pois o eleitorado vai fazer a vinculação entre as candidaturas de Marina e Gabeira com muito mais facilidade.

O raciocínio de Figueiredo parece correto e será testado nas eleições. Do lado petista, até agora a estratégia tem sido um pouco defensiva demais para o atual momento, com Dilma Rousseff poupada dos holofotes um além do que seria necessário. Sim, Dilma se desgastou um pouco com o espisódio da acusação de Lina Vieira, mas, a menos que esteja com algum problema de estafa ou saúde, não há razão alguma para ela deixar o palco justamente no momento em que mais precisa dele, a fim de consolidar a sua candidatura. Qualquer ausência é tida justamente como "prova" de que algo não vai bem, e começam as especulações de um "plano B" no PT - Antonio Palocci seria "o cara" para substituir Dilma.

Os próximos meses, portanto, serão muito importantes para a definição das candidaturas e do potencial eleitoral dos principais contendores. Se Marina crescer nas pesquisas, Serra cair um pouco e Dilma estagnar, o quadro será um; caso a candidata verde permaneça no patamar de "nanica", a história é bem outra. E há também a variável Ciro Gomes, que deve definir se concorre em São Paulo ou sai mesmo candidato a presidente. Este blog aposta que Marina empurrou Ciro para o jogo. E é bom não desprezar as chances do deputado cearense, que tem lábia e carisma para conquistar, ele sim, uma parcela expressiva do voto "lulista". O perigo para Dilma é muito menos Marina e muito mais Ciro Gomes. O jogo está só começando...

Fonte: Blog Entrelinhas

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