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por Waldemar Rossi
Os trabalhadores brasileiros organizam seu 15º Grito dos Excluídos. É o momento certo para dizer um sonoro "Basta!" aos desmandos econômicos, políticos e éticos que são praticados no país.
Nascido das Semanas Sociais Brasileiras, organizadas pelos setores pastorais da CNBB, contando com a participação de inúmeros movimentos sociais, o Grito dos Excluídos vai se tornando uma realidade nacional e sul-americana. De início, restringiu-se à cidade de Aparecida, no estado de São Paulo, em conjunto com a Romaria dos Trabalhadores, e mais algumas cidades espalhadas pelo Brasil. Já no ano seguinte, o Grito se espalhou e hoje se realiza na maioria das cidades grandes e médias do país. Seus temas são sempre os que estão relacionados com a população mais marginalizada, daqueles que não conseguem ser ouvidos pelos poderosos que governam a nação. São os gritos dos sem terra, dos sem moradia, dos moradores de rua, dos menores abandonados, dos sem trabalho, dos sem serviços de saúde e educação públicas, dos discriminados por serem negros ou mulheres.
Enfim, têm sido os gritos dos marginalizados por essa sociedade hipócrita, exploradora, concentradora das riquezas socialmente produzidas, discriminadora, corrompida e corruptora em todos os seus "Poderes".
Entre os temas mais constantes dos Gritos está o despertar da consciência para a importância da organização e da ação popular como força transformadora da nação. Outro tema central tem sido a Defesa da Vida como dom maior de toda a Humanidade e não um privilégio de uma minoria sem escrúpulos.
Neste ano os temas vão também na direção de "A vida em primeiro lugar" e "A força da transformação está na organização popular".
O primeiro tema quer nos fazer compreender que os interesses do capital não podem continuar a se sobrepor ao direito à vida. Direito à vida em todas as suas dimensões: física, cultural, de saúde, de moradia decente, trabalho bem remunerado, lazer sadio, assistência social plena, enfim, de vida que traga felicidade. Neste sentido clama por trabalho para todos, por justa distribuição de rendas, por políticas públicas voltadas para atender às básicas necessidades do povo todo. Aos governantes compete pôr em prática políticas que incluam a todos e todas, e não as que só satisfazem à avidez dos gananciosos. Defender a vida, portanto, deve ser o centro permanente de nossas ações políticas.
O segundo chama a atenção para a importância da organização popular, porque sem organização não haverá ação coletiva e sem ação coletiva não haverá transformação da sociedade. O Grito procura mostrar que historicamente as mudanças só aconteceram quando povos despertaram para a dura realidade de exploração e dominação a que estiveram submetidos; quando descobriram que sua força estava na organização e na ação coletiva.
Assim também aconteceu no Brasil, quando a consciência popular despertou para a compreensão de que a ditadura militar, apesar de todo o poderio das armas, poderia ser derrotada pela pressão do conjunto do povo. A soma das mobilizações populares foi tamanha e tão perseverante que não mais seria possível continuar a reprimi-las. Foram os movimentos nascidos nas comunidades da periferia lutando contra o alto custo de vida; foram os universitários ocupando as ruas das cidades clamando pelo seu fim; foram os intelectuais condenando o regime e exigindo a volta da legalidade; foi a constante condenação das igrejas às violências e à falta de liberdade e ao próprio regime de exceção e, somando-se a tudo o mais, foram os trabalhadores da cidade e do campo com suas greves e movimentos de ocupação que precipitaram o fim do regime de exceção.
Portanto, todos os trabalhadores do Brasil devem se sentir os responsáveis pelo êxito e pela força do Grito dos Excluídos, porque é a classe trabalhadora – incluídas suas famílias, é claro – que vem pagando pelos crimes cometidos pelos que ocuparam os poderes, por aqueles que deveriam governar obedecendo à norma constitucional de que "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".
"A vida em primeiro lugar" deve ser nosso brado retumbante e "A força da transformação está na organização popular" deve ser o leme a guiar nossos objetivos imediatos e de longo alcance. Trabalhador consciente, não importa qual seja sua profissão ou ocupação, não pode ficar de fora: participe, FORTALEÇA e faça seu o GRITO DOS EXCLUIDOS!
*Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
Fonte: Correio da Cidadania
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De acordo com Luiz Bassegio, membro da secretaria do Grito dos Excluídos Continental, neste ano, os grupos já estão se organizando e trabalhando em torno da temática. Segundo ele, a mobilização será centrada em torno da questão da crise econômica mundial. "Os trabalhadores não vão pagar a conta dessa crise", afirma. Dessa forma, no Dia da Independência do Brasil, o Grito soma-se às várias manifestações e jornadas de lutas que trabalhadores e trabalhadoras vêm promovendo ao longo do ano. Para Bassegio, a ideia é que as mudanças no país sejam realizadas pela própria população brasileira. "O projeto de país deve vir da base. O povo é que deve dizer [que país quer], comenta. Segundo ele, o projeto de um novo País deve ser popular, alternativo, antiimperialista e sustentável. Na 15ª edição, o Grito dos Excluídos já conseguiu grandes avanços, pois dá visibilidade à população que vive à margem da sociedade. Prova disso é que a mobilização vem aumentando a cada ano. De acordo com Bassegio, em 2008, o Grito brasileiro aconteceu em aproximadamente mil lugares diferentes. Segundo ele, essa é a única mobilização do mundo que acontece em vários lugares ao mesmo tempo e com as mesmas reivindicações. Para o secretário, o que fez a mobilização dar certo foi o fato de ela ter começado na base da sociedade. "Quem fala no Grito são os próprios excluídos", destaca. Na ocasião, o que vale é simbolismo, pois, além das palavras ditas, há um Grito simbólico e silencioso dos participantes que, na maioria das vezes, não são escutados. Grito Continental O crescimento do Grito dos Excluídos no Brasil foi tanto que, em 1999, ele se estendeu a outros países do continente. Bassegio comenta que, hoje, a mobilização ocorre em mais de 20 países. Neste ano, o Grito dos Excluídos Continental, que acontece no dia12 de outubro, tem como lema "Trabalho, justiça e vida". O Grito dos Excluídos Continental, além de combater o sistema capitalista e as formas de exclusão, luta pela redistribuição das riquezas, pela defesa ambiental e pela integração dos povos latino-americanos. Ademais, nesta 11ª edição, a mobilização soma-se à "Jornada Mundial em defesa da Mãe Terra, contra o neocolonialismo e a mercantilização da Vida", convocada durante o Fórum Social Mundial 2009 para acontecer também no 12 de outubro.
por Karol Assunção
"A força da transformação está na organização popular". É com este lema que milhares de pessoas em todo o território brasileiro irão às ruas, no próximo dia 7 de setembro, para gritar por um mundo melhor e mais igualitário. O Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos desde 1995, tornou-se o símbolo da luta dos povos contra o sistema capitalista e as formas de exclusão e exploração social.
Fonte: Adital
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