terça-feira, 7 de abril de 2009

Israel: novo ministro ultradireitista responde por corrupção e cria confusão internacional

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por Wálter Fanganiello Maierovitch

O novo premier de Israel, o direitista Benjamin Natanyahu do Likud, começa, em menos de uma semana, a ter problemas com Avigdor Lieberman, ministro de relações exteriores.

Lieberman, apelidado de Yvette, é do partido Israel Beitenu (Israel nossa casa) que detém 10% das cadeiras do Parlamento (Knesset).

Yvette virou ministro por força de composição. Ou seja, porque Natanyahu, para conseguir maioria e formar o gabinete, precisou do seu apoio, junto com o dos ortodoxos do Shas e dos trabalhistas.

No final de semana, Lieberman passou sete horas sendo interrogado pelo departamento de polícia. Ele é suspeito de corrupção e de reciclagem de dinheiro, em campanha política. São acusados, também, o seu filho e o seu advogado.

O premier Netanyahu já sabe que Lieberman será processado criminalmente e a Justiça de Israel não faz jogo político: o presidente que antecedeu Simon Perez foi processado por assédio sexual, o filho de Ariel Sharon, de nome Omri, foi condenado e descontou pena de 5 meses de prisão por financiamento ilícito. Quando a Ehud Olmert, ex-premier que acaba de deixar o governo, está a responder a processos por recebimento ilegal de verbas, ainda quando era prefeito de Jerusalém.

Como lembra o historiador israelense Benny Morris, muito respeitado no Ocidente e ouvido no sábado por vários jornais europeus, a permanência de Liebeman no governo depende da polícia e da Justiça. Uma vez iniciado o processo criminal, terá de se demitir, destacou Morris. E frisou, ainda: “Para nós a Justiça é coisa séria e golpeia Lieberman, Olmert, Katsav, sem distinções”.

Por outro lado, o Egito, –já ofendido por manifestações pré-eleitorais de Lieberman–, informou de que só tratará com o ministro da defesa Ehud Barack e jamais com o de relações exteriores.

A secretária Hillary Clinton pediu um encontro urgente de Barack Obama com Netanyahu, pois Lieberman só cria confusões e aumenta as tensões. Por exemplo, já como chanceler, Libmerman avisou que as colinas de Golan não serão restituídas à Síria, a qual Israel pode oferecer apenas a paz. A reação do presidente sírio Bashar Assad foi imediata: - “Golan voltará à Síria com a paz ou com a guerra".

O encontro de Netanyahu com Obama foi antecipado para o próximo mês de maio. Enquanto isso, espera-se que Lieberman, depois da sete horas de interrogatório, seja logo processado criminalmente para ter de deixar o governo.

A sua última inconseqüência foi reprovar o Road Map e deixar claro que não negociará com o representante da Autoridade Palestina, Abu Mazen, enquanto não for desmilitarizado o Hamas.

PANO RÁPIDO. Como anunciado nesta coluna, em inúmeros posts, o premier Netanyahu vestiu uma camisa de sete-varas ao se juntar a Liberman e ao Shas, que é um partido religioso, ultra-ortodoxo, cujo líder é Eli Ishai.

Fonte: Blog Sem Fronteiras – Wálter Fanganiello Maierovitch

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