terça-feira, 14 de abril de 2009

Indústria bélica de Israel é alvo de protestos em feira no Rio

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Organizações de defesa dos direitos humanos e de apoio ao povo palestino protestam contra a participação de diversas empresas israelenses na maior feira de armas do continente, que acontece no Rio de Janeiro. Comitê Nacional Palestino denuncia a presença de empresas que atuaram no recente massacre na Faixa de Gaza.

RIO DE JANEIRO – Uma das imagens recorrentes durante o massacre promovido recentemente por Israel contra os palestinos da Faixa de Gaza foi a escavadeira. Muitas vezes utilizada para derrubar as casas palestinas - ou o que restava delas - a máquina foi um instrumento importante para que os militares israelenses atingissem rapidamente seu objetivo. Fabricante das poderosas chapas blindadas utilizadas nas escavadeiras, a empresa estatal Israel Military Industries (IMI) será uma das estrelas de uma grande feira de armas que começa nesta terça-feira (14) no Rio de Janeiro e promete atrair os protestos de diversas organizações defensoras dos direitos humanos.

Considerada a maior feira de novidades da indústria bélica realizada no continente, a Latin America Aero & Defense (LAAD) acontece a cada dois anos. Segundo a organização do evento, a LAAD 2009 reunirá no Riocentro cerca de 50 delegações oficiais, além de empresas brasileiras e estrangeiras especializadas no fornecimento de equipamentos e serviços para o Exército, a Marinha e a Aeronáutica e também para agências governamentais, forças especiais e empresas privadas de segurança.

Este ano, a grande atração da LAAD é mesmo Israel. Além da já citada IMI, confirmaram presença no Rio de Janeiro outras empresas de peso na indústria bélica israelense, como o Rafael Group, a Israel Weapon Industries (IWI) e a Elbit Systems Group. Em nota pública, o Comitê Nacional Palestino de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BNC) declarou seu repúdio à presença dessas empresas: “A feira irá receber e promover os mais renomados comerciantes e produtores de guerra, repressão, tortura e massacres de todo o mundo, com destaque para os criminosos de guerra israelenses”.

Segundo a nota, a IWI é a empresa responsável pela produção e fornecimento da maior parte das armas leves utilizadas pela infantaria israelense na recente ocupação da Faixa de Gaza, que resultou em 1.450 palestinos mortos, a maioria civis. O Rafael Group, por sua vez, é o principal produtor e fornecedor de tecnologia para mísseis, tanques e sistemas de mira utilizada por Israel. Completando o time, a empresa privada Elbit Systems, que é uma das responsáveis pela construção do muro que cerca a Cisjordânia, também produz os temíveis veículos aéreos não-tripulados utilizados pelo exército israelense, conhecidos como “drones”.

“Os drones fornecidos por esta empresa estiveram diretamente envolvidos no assassinato de aproximadamente cem pessoas nos últimos ataques. Para citar apenas uma das atrocidades cometidas em Gaza, no dia 3 de janeiro um drone lançou um míssil contra palestinos que oravam na mesquita Martyr Ibrahim Al-Magadma, matando 15 pessoas e ferindo outras 30”, diz a nota divulgada pelo BNC. Os palestinos e seus simpatizantes fazem um apelo para que o governo brasileiro não aceite a participação dos israelenses: “Receber essas empresas e o Ministério da Guerra de Israel torna-se ainda mais ultrajante após os massacres ocorridos em Gaza, ocasião em que esses atores dirigiram e apoiaram o esforço de guerra”.

Defesa e logística

A expectativa é que centenas de pessoas visitem a LAAD 2009, que se estenderá até o dia 17 de abril. Além dos stands com armas e equipamentos, a feira oferecerá dois eventos paralelos. O primeiro deles é a segunda edição do Seminário de Defesa que, segundo seus organizadores, será “um espaço de discussão empresarial e acadêmico de temas atuais e relevantes para o projeto, planejamento, equipamento, treinamento, gestão e avaliação das forças armadas e de segurança”.

O segundo evento paralelo é a quarta edição do Simpósio Internacional de Logística Militar que, entre outras coisas, pretende discutir “a complexidade tecnológica dos processos de desenvolvimento e produção, a importância das compras governamentais, a dependência de exportação no caso de produtos com baixa demanda pelas Forças Armadas e setores de segurança, a necessidade da independência das importações no que concerne a componentes críticos ou sensíveis e a confidencialidade das características técnicas e operacionais”.

Fonte: Carta Maior

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